Quem garante que ao escovar os dentes eu não esteja escovando a alma?
Não sinto o sabor de menta ou de clorofila.
Muito menos o hexaclorofeno.
Na boca, apenas, o gosto dos sonhos da noite insone.
Uma mão lava a outra e as duas (em concha) lavam o desgosto.
O pincel, o creme, a espuma a se espalhar na face descoberta.
O gesto ritual de retirar das têmporas a espuma.
A lâmina afiada a deslizar em meu disfarce oculto.
O pente põe bem comportados os fantasmas negros e brancos do pesadelo
de ontem.
Até que a noite volte a confundi-los.
3 comentários:
Um texto poético e denso.... frágil como as almas costumam ser,e delicado com a grandeza do "ser". Abraços Fraternos
Estamos poéticas, hein? ;-)
Limpo e direto...
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