1.10.08

Deitado eternamente em berço esplêndido


Brasil, o gigante adormecido, deitado eternamente em berço esplêndido.

Um país de palhaços idiotas, que ficam rindo à toa dos espertos que estão no poder, na direção e na situação.

Votaram, com 58 milhões de votos, num homem cheio de suspeitas, para ser novamente o presidente que ficou rico com seus amigos, e nos revelou a genialidade empresarial de seu primogênito legitimo que depois do pai presidente se tornou o multimilionário mais jovem do país.

Agora o melhor da palhaçada: os representantes do povo, os membros do congresso.

Como pode uma turminha, ou quadrilhinha, de apenas 694 pessoas, gastar para não fazer quase nada, um orçamento de 5.7 bilhões!?

Sabe quanto dá este gasto por pessoa? Não fizeram a conta?

Eu fiz esta conta. Cada representante de uma nação, onde o salário mínimo ainda é R$ 350,00 por mês, gasta a merreca de R$ 684.438,00 todos os meses, ou seja, 1956 salários de R$ 350,00!!

Esses são os representantes do povo.

Nós somos “o povo", e pagamos estes espertalhões este salário fabuloso.

Somos realmente uns idiotas e palhaços e é por isso que Hugo Chavez goza o Brasil o tempo todo e Moralez sempre leva vantagens contra o Brasil, e sai rindo daqui.

A China morre de rir.

O Chile que agora começa a montar carros chineses e vai entupir o mercado, morre de rir.

A União Européia, que com seus subsídios agrícolas toma o mercado brasileiro, vive rindo.

E os EEUU também com seus subsídios agrícolas e suas cotas industriais vivem rindo de nós.

A lógica deles é a seguinte:

Se estes bobos, vão às urnas e elegem estes espertos para serem seus representantes e pagam à eles para não fazerem nada, um salário de 1956 vezes o que ganham para trabalhar, temos mais é que aproveitar e ganhar a maior vantagem possível sobre eles.

O pior de tudo é que eles estão certos.

Uma das coisas mais fáceis nesse país, em especial no nordeste, é elogiar políticos. Como gostam! E fazem isso se pautando na democracia, quando deveria ser o contrário. Mas a questão que está em jogo não é a democracia. E muito menos se se deve ter ou não político. O que se discute ou se deve discutir, penso eu, é a quantidade de políticos e mais ainda, a qualidade da nossa classe política. E o que temos é uma quantidade enorme de políticos sem necessidade alguma, e pior, uma classe política de péssima qualidade.

Mas vou citar alguns exemplos para mostrar que a quantidade é algo monstruoso, alarmante nesse país. Fiquemos no chamado Congresso nacional. Esse ano, só esse ano, a Câmara federal irá gastar 3 bilhões de reais, e o senado 2 bilhões e 700 milhões de reais. Isso para muita gente não tem importância alguma. Dá mesma forma que a morte de uma criança barbaramente assassinada também não. Mas deveria ter. E pense bem: como 694 pessoas, que representam a quantidade de deputados federais mais a quantidade de senadores, gastam em um ano, um total de 5 bilhões e 700 milhões reais, mais do que um orçamento (o que se arrecada) de um Estado como o do Rio Grande do Norte que tem mais de 2 milhões de habitantes? Alguém me explica? Se isso não for um verdadeiro absurdo, o que seria então? Mas não nesse país, aqui, aqui tudo é normal. Rouba-se e ninguém vai preso. Mata-se e fica tudo por isso mesmo.

Vou oferecer outro dado. O sujeito que trabalha a sol e pino 35 anos de sua existência para ter direito a uma aposentadoria de 350 reais. E, no entanto, um senador da república se aposenta após um único mandato. Um deputado após três mandatos e um governador após um dia de trabalho, ou seja, após o dia da posse. Pode isso? É um escárnio para com o país. E são eles que fazem as leis. Como então defender isso? Como defender 694 pessoas e ficar contra uma sociedade inteira?

Logicamente que não há explicação. As explicações são as mais escusas. Mas tudo bem. E um país serio, é possível se dizer que existe corrupção sim, como querem dizer os defensores da insanidade, só que a lei se faz presente e põe na cadeia. Essa é a diferença. E aqui? Alguém poderia dizer talvez num gesto mais apressado: mais o povo não entende, não tem conhecimento nem cultura... Pois que tenha! No mínimo essas coisas têm que ser debatidas; afinal, numa sociedade em que as explicações vêm todas prontas, onde as normas são aceitas sem discussão, a tendência é, no mínimo, estagnar. Já onde existe o questionamento crítico, existe um principio interno de transformação. Pelo menos em tese.

Mas no fundo eu acho que não queremos entender, porque vivemos das migalhas dos políticos. Outros, nem tanto de migalhas e sim de muito dinheiro. Mas quem padece é a população. E lendo o romance do prêmio Nobel de literatura de 2006, o turco Orhan Panuk, “Neve", encontrei uma frase que cai como uma luva para a nossa condição, embora eu ache difícil com esse tipo de mentalidade que se mude nossa condição:

“Uma pessoa pode lastimar a sorte de um homem que passa por dificuldades, mas quando toda uma nação é pobre, o resto do mundo imagina que todo seu povo deve ser desmiolado, preguiçoso, sujo, e um bando de imbecis grosseiro. Em vez de inspirar piedade, esse povo provoca gargalhadas. Tudo passa a ser uma piada: sua cultura, seus costumes, seus usos...".

Nos bastaria pensar um pouco, de vez em quando.



Baseado em artigo do blog de Roberto Leite.

29.6.08

Um novo olhar sobre o gato

Da revista "Galileu" - por Paola Bello

Com seu ar enigmático, ele já foi associado a deuses e demônios ao longo da história. Hoje, após milênios de convivência com o homem, o bichano é o animal de estimação mais adaptado à vida moderna e um aliado considerável na hora de cuidarmos da nossa saúde.

Dona Luiza, 65 anos, ficou viúva neste ano. Para piorar, não podia contar com o apoio dos filhos, que viviam distantes dela, física e afetivamente. Por conta disso, além de tremores nas mãos, passou a ter problemas estomacais, enxaquecas e dores musculares. Mesmo nesse estado, ela teve disposição para recolher um gato que fora atropelado na rua onde mora. O que era apenas um ato de solidariedade acabou virando uma estratégia que, em vez de uma vida, pode estar salvando duas.

Entre as idas e vindas ao veterinário, ela e o gatinho vira-lata começaram a participar de sessões de zooterapia. Nelas, percebeu que, ao assumir a responsabilidade de manter o animal vivo e bem cuidado, dona Luiza exigia saúde e bem-estar de si mesma. Em conseqüência, conseguiu purgar a perda do marido e resgatou o relacionamento com os filhos.

Casos como esse entram para a contabilidade que está ajudando os felinos a atenuar o estigma de interesseiros e anti-sociais. Com isso, ganham mais espaço nos lares. No Brasil, eles são um para cada 12 habitantes - há um cachorro para cada 6 brasileiros. Entretanto, veterinários, zooterapeutas e o mercado de alimentos para animais apostam na tendência de o gato se tornar o animal do futuro. Pudera, as famílias estão se tornando menos numerosas, os lares estão cada vez menores, e as pessoas estão passando muito menos tempo em casa. Se há um bicho que consegue se adaptar bem a esse quadro, é o gato, que vem dividindo o ambiente com os humanos há muito tempo.

Apesar do temperamento de caçador solitário, o gato aprecia a proximidade com os humanos. Quando o homem começou a procurar um local para chamar de lar, lá estava o gato. Logo que desenvolveu a agricultura - entre 10.000 e 12.000 a.C. -, deixou de ser nômade e começou a estreitar os laços de amizade com os felinos. E tudo teve início como uma troca de favores: o homem passou a armazenar alimento; com a estocagem de grãos, vieram os roedores, que, por sua vez, atraíram os gatos. O mais antigo fóssil que comprova essa amizade é de 9.500 a.C. Descoberta em 2004, a ossada de um gato selvagem dividia a tumba com a de um humano. O achado derruba a tese de que os egípcios teriam sido os pioneiros na domesticação dos felinos, em aproximadamente 2000 a.C., já que o fóssil foi encontrado na ilha mediterrânea de Chipre.

Pelo tamanho da ossada, o primeiro amigo felino não devia ter mais de 8 meses de vida, o que indica que teria sido morto para acompanhar a dona após a morte. Porém, o indício mais forte da amizade consiste no fato de que, nenhum gato, de espécie alguma, é nativo da ilha de Chipre. Para a existência desse fóssil, a hipótese mais provável é a de que os próprios moradores da ilha viajaram cerca de 70 quilômetros, até a Turquia, onde adquiriram o animal e o levaram para a vila.

"Pesquisando os componentes genéticos de gatos selvagens da Europa, da Ásia, da África e do Oriente Médio, concluímos que realmente a domesticação começou na ilha de Chipre, com gatos provenientes do Crescente Fértil [região entre os rios Nilo, Tigre e Eufrates, onde iniciou a agricultura]", afirma Stephen O'Brien, chefe do laboratório de diversidade genômica no Instituto Nacional do Câncer, em Maryland, EUA.


De deuses a demônios

Séculos de convivência - e o ar enigmático dos felinos - fizeram com que, além de aliados, os gatos passassem a ser considerados um canal para diálogos com o divino. "No Antigo Egito, acreditava-se que eles tinham propriedades espirituais e que eram capazes de se comunicar com divindades", diz Elaine Evans, professora da Universidade do Tennessee e curadora do museu McClung (no campus da universidade, em Knoxville), que desde 2001 abriga uma exposição de gatos mumificados.

No início, os egípcios cultuavam os leões. O gato selvagem, que mais parecia um leão em miniatura, começou a ser introduzido na mitologia. Assim, os deuses passaram a ganhar atributos e temperamentos ainda ligados aos leões, mas adaptados ao comportamento dos bichanos. "O gato representa a civilização, relação feita a partir da agricultura. Também representa o Sol, por ficar bastante tempo deitado na areia se bronzeando. Essas características foram atribuídas ao deus-sol Rê, metade homem, metade gato", afirma Antonio Brancaglion Jr., egiptólogo e professor no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Quem mandou? A Inquisição condenou os gatos à morte. A Europa pagou caro por isso, pois, proliferando à vontade, os ratos disseminaram a "peste negra"
Com a popularização dos rituais fúnebres envolvendo a mumificação, os gatos passaram a acompanhar seus donos até a eternidade. A mais antiga múmia de gato conhecida data de 1.500 a.C. Apenas na cidade de Beni-Hassan, na margem leste do rio Nilo, mais de 300 mil múmias felinas foram encontradas. Também há registros de cemitérios gigantescos nos arredores do Cairo, com mais de 4 milhões de gatos mumificados.

Essa aura de adoração não ficou enterrada nas tumbas egípcias. Séculos depois, nas comunidades gregas e romanas, eram comuns imagens e cultos às deusas Háthor e Bastet. Baseados nessas duas divindades, os gregos também transferiram ao gato alguns atributos de Afrodite, a deusa do amor e do prazer sexual, e associaram a agilidade e a rapidez dos bichanos para a fuga a Ártemis, a deusa da caça. Da mesma forma, os romanos associaram a feminilidade felina à deusa Diana, da caça e da fecundidade, e relacionavam o bichano à deusa Vênus, da sensualidade e das emoções maternas.

Já na era cristã, a Inquisição veio para pôr um fim na paz entre humanos, gatos e divindades. "O bichano só começou a ser visto de forma negativa a partir do cristianismo, na Idade Média. Essa ligação maligna foi feita justamente porque era um animal atribuído aos deuses pagãos. Com a Inquisição, tudo que não era da religião católica era do mal e deveria ser queimado na fogueira", afirma Brancaglion. Profissões que tinham qualquer ligação com o gato também foram condenadas. As parteiras, por exemplo, usavam a deusa Bastet como símbolo e, por isso, foram tachadas de bruxas. No século 13, a perseguição foi ainda maior. Com a promulgação de bulas nas quais condenava os gatos, especialmente os de cor preta, associado ao satanismo, o papa Gregório IX determinou a exterminação de centenas de felinos.

A humanidade pagou caro por esse destempero da Inquisição. Com a redução da população felina, os ratos tomaram conta do pedaço. Falta de saneamento, condições precárias de higiene e tráfego de navios infestados de roedores ajudaram a deixar o século 14 marcado na Europa pela pandemia da peste bubônica. Transmitida através da picada de pulgas infectadas por ratos doentes, a "peste negra" dizimou cerca de um terço da população européia.

Se sob o catolicismo os gatos conheciam dias de cão, na cultura islâmica há relatos de que a vida de Maomé teria sido salva por seu felino de estimação. "Conta-se que o profeta estava em casa, e, sem que ele percebesse, uma cobra se aproximou para atacá-lo. Seu gato conseguiu matá-la antes do bote. Também fala-se que o profeta o teria acariciado na cabeça e o abençoado, e que, por isso, a partir daquele dia, os gatos começaram a cair sempre em pé", diz Brancaglion.

A amizade felina também influenciou a cultura nipônica. No Japão, o gato Maneki-Neko (aquele das boas-vindas, com uma das patinhas levantada) é símbolo de boa sorte. Reza a lenda que, há muitos anos, esse gato estava parado na frente do templo de Gotoku-ji. Ao ver um senhor feudal, teria acenado e atraído o homem para dentro, livrando-o de um raio que cairia logo depois. A partir desse dia, Maneki-Neko passou a ser considerado a encarnação da deusa da misericórdia.

O SWING DO BICHANO
Linguagem corporal dá dica do que se passa no coração e na mente do animal:

1>>>Balançar a cauda - Ao fazer isso, um gato não está demonstrando alegria. Muito pelo contrário. Significa que está incomodado com alguma coisa ou pronto para o ataque

2>>>Massagear - O gato pressiona superfícies e movimenta as patas. Em geral, demonstra satisfação e contentamento. Filhotes fazem isso enquanto mamam

3>>>Rolar - Indica tanto que o gato não tem a intenção de atacar quanto que está submisso, embora a submissão felina indique mais afeição que obediência

4>>>Esfregar-se - Expressa afeição e demarcação de território. O contato quase direto com a pele faz com que o cheiro do bichano fique impregnado onde quer que ele se esfregue

5>>>Movimentar orelhas - A posição dos órgãos indica a vontade de participar das situações. Altas e viradas na direção do que está acontecendo, indicam interesse. Baixas e viradas para o lado oposto do movimento ou som demonstram indiferença

6>>>Miar - Há dezenas de miados. Variam de acordo com a situação e a intenção. Os mais longos e crescentes costumam indicar felicidade, os mais agudos e estridentes podem ser sinal de uma briga com outro gato

7>>>Ronronar - Quando afagados, os gatos ronronam para demonstrar deleite e reciprocidade

8>>>Morder ou mordiscar - Serve para demonstrar afeto, agredir ou brincar. A que indica afeto costuma ser a mais delicada e ocorre enquanto o gato recebe carinho ou sente prazer com a companhia


Os mutantes

Os gatos não contam apenas com aspectos etéreos como justificativa para terem virado um dos animais de estimação mais comuns no mundo. A ciência também tem seu papel. As mutações genéticas favoreceram o aumento na aceitação do bichano. Por meio de reproduções monitoradas, novas raças são desenvolvidas. "Há gatos como os da raça sphynx, que não possuem pêlos. Essa mutação foi mantida intencionalmente e virou uma opção para pessoas alérgicas", diz a médica veterinária Maria de Fátima Martins, professora na USP e especialista em zooterapia.

As mutações têm se mostrado eficazes na hora de mudar a forma, mas ficam devendo quanto ao conteúdo. Para Nicholas Dodman, especialista em comportamento animal e autor do livro "The Cat Who Cried for Help" ("O Gato que Gritou por Socorro", ainda sem tradução para o português), apesar de todo o histórico de convívio, nenhuma raça foi totalmente domesticada. "A razão pela qual os gatos nos toleram é que eles são criados por humanos desde pequenos. O período crítico de socialização é entre duas e sete semanas, fase na qual são moldados por nós. Gatos que viveram esse período sem contato com humanos nunca se sentirão confortáveis na presença de pessoas."

Já para a professora primária Kathy Hoopmann, autora de uma série de livros sobre comportamento infantil, a amizade com os gatos é possível, mas exige cuidados. Em seu livro "All Cats Have Asperger Syndrome" ("Todos os Gatos Têm Síndrome de Asperger", sem tradução para o português), ela compara os bichos a portadores da síndrome, caracterizada pela dificuldade no convívio social, mas sem afetar a parte cognitiva. "Pessoas com Asperger têm problemas em quatro áreas principais: comunicação, interação social e emocional, sentidos sensoriais e adaptação a mudanças. Os gatos dividem os mesmos traços. Não são animais sociáveis, tendem a escolher 'amigos' com cuidado."

MÁQUINA MORTÍFERA
Visão, audição e olfato aguçam o instinto fatal dos bichanos: trucidar presas:

Orelhas>>>As orelhas dos gatos são instrumentos de audição e de equilíbrio. Enquanto humanos possuem seis músculos auriculares, os gatos têm 30, o que permite que movam as orelhas de forma independente. Isso facilita a identificação das fontes sonoras

Órgão de Jacobson>>>Como outros mamíferos e a maioria dos anfíbios, os gatos possuem órgão vomeronasal, ou de Jacobson. Ele auxilia na percepção de odores e feromônios. Como o órgão fica no céu da boca, o gato contrai nariz e lábios para aspirar com mais intensidade

Olhos>>>Adeptos de hábitos noturnos, os felinos possuem visão privilegiada. Não enxergam em escuridão total, mas vêem perfeitamente em ambientes com até um sexto da luz necessária para a visão humana. Isso se deve a uma membrana localizada atrás da retina. Ela age como um espelho e aumenta a reflexão da luz dentro do olho, ampliando a capacidade de visão

Cauda>>>Cerca de 10% dos ossos dos gatos estão nela. Observa-se em alguns felinos, como o guepardo, que a posição da cauda favorece movimentos durante as caçadas. Tanto para ganhar velocidade (quando alinhada ao corpo, diminuindo a resistência do ar), quanto no equilíbrio (esticada para o lado oposto ao de uma curva), a cauda favorece a manutenção do equilíbrio sem perda de velocidade

Nariz>>>Enquanto humanos têm cerca de cinco milhões de células receptoras, os gatos contam com 19 milhões. Associado à visão e à audição, o olfato é uma importante arma para identificar presas e inimigos a distâncias consideráveis

Boca>>>Carnívoros, os gatos possuem dentes desenvolvidos para matar e comer as presas. Os caninos são bem maiores que os demais, e os molares são pontiagudos, para destroçar a carne em pedaços fáceis de engolir. Na fase adulta, o gato possui 30 dentes permanentes. A língua é bem mais áspera e menos úmida que a de um cão. Essa característica ajuda a desprender com mais facilidade a carne dos ossos das presas

Bigodes>>>Gatos possuem alguns pêlos diferenciados, mais longos e espessos, chamados de vibrissae ou pêlos táteis. Esses "bigodes" estão localizados na face, nas sobrancelhas e atrás das patas dianteiras. São compostos por material inerte e não contêm nervos, mas possuem células receptoras associadas a eles. São diferenciados dos outros pêlos do animal principalmente por possuírem cápsulas sangüíneas ligadas aos folículos, próximos à base de nascimento. Por serem extremamente sensíveis, esses pêlos auxiliam tanto na identificação de alguma presa quanto na percepção de espaço e direção

Unhas>>>Para eles, a principal utilidade das unhas é a defesa. Além de utilizá-las para um ataque ou caçada, os felinos desenvolveram, ao longo da evolução, a capacidade de retraí-las. Essa característica evita que se desgastem com o caminhar e ajuda a mantê-las sempre afiadas

Mesmo com essas peculiaridades, a amizade entre humanos e felinos é totalmente possível. Quando feita gradativamente, respeitando os limites dados pelo animal, a aproximação pode fazer dos gatos bichos dóceis e sociáveis. Uma forma fácil de interação é a observação da linguagem corporal. "Esfregar a cabeça, por exemplo, é um sinal de afeto, do mesmo modo que o piscar enquanto olha para alguém. Miados mais curtos são sons de felicidade, enquanto que pupilas dilatadas indicam medo. Se um gato estiver com os pêlos arrepiados e com a cauda ereta, indica medo e potencial agressão", diz Dodman.

Segundo Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal e autor de livros com dicas de comportamento e adestramento, é importante lembrar que gatos são bichos de comportamento peculiar. "Há pessoas que levam um gato pra casa e esperam que ele se comporte como um cachorro, que não suba nos lugares e que obedeça a todas as ordens", afirma. No livro "Os Segregos dos Gatos" (recém-lançado pela Editora Globo), Rossi decifra algumas características específicas dos felinos. "O gato não obedece a uma ordem simplesmente por obedecer. Ele precisa confiar na pessoa e ter uma recompensa pela obediência. Enquanto os cães possuem predisposição natural para receber ordens, já que evoluíram de bandos em que a hierarquia era fundamental, gatos sempre foram caçadores solitários, nunca dependeram do grupo para sobreviver." Rossi também reforça a importância da educação do animal sem violência. "Cachorros são capazes de tolerar a agressão enquanto são adestrados e ainda assim continuam amando seus donos. Gatos, não."

A paciência com os hábitos felinos podem trazer recompensas para o dono. A primeira delas seria para a saúde. Segundo Dodman, os gatos ajudam a aliviar alterações negativas de humor em um nível equiparado apenas à companhia humana. Também auxiliam a diminuir a pressão arterial e o colesterol.

"ELES NÃO SÃO ANTIPÁTICOS, MAS INSTINTIVOS"

Para Alexandre Rossi, autor de "Os Segredos dos Gatos", obsessão pelo controle do território faz com que muitos pensem que os bichanos são egoístas e que se importam mais com a casa do que com os donos

De um lado, os gatos são considerados auto-suficientes a ponto de ignorar seus donos. Por outro, há quem defenda que eles são carinhosos como os cães. Para mostrar quem tem razão nessa história, Alexandre Rossi está lançando o livro "Os Segredos dos Gatos" (Editora Globo). Especialista em psicologia animal e autor de best sellers sobre cães, ele escreveu uma obra que, além de assuntos como características físicas e comportamentais e cuidados com alimentação e higiene, traz dicas sobre adestramento.

Galileu: O perfil do dono de animal de estimação vem mudando. Como os gatos têm acompanhado isso?

Alexandre Rossi: O gato é considerado o animal do futuro. Ele é capaz de se adaptar com muito mais facilidade à vida moderna. Hoje temos famílias pequenas, casas e apartamentos menores, e passamos grande parte do tempo fora do nosso lar. O cachorro sente muito a solidão; o felino, não. A pessoa pode trabalhar o dia todo, viajar no fim de semana, e o gato não sente tanto. Geralmente as pessoas que gostam mais de bichanos são as que querem um animal mais independente, que não seja tão grudado como o cachorro. Além disso, ele inspira mais liberdade, mais elegância e mais naturalidade justamente por não ser um animal tão domesticado.

Galileu: Há quem diga que os gatos só se aproximam das pessoas por interesse.

Rossi: Eu discordo. Há pessoas que acham que o gato se importa muito mais com a casa onde ele vive do que com os donos. Isso ocorre porque ele é obcecado por ter controle do território e, enquanto isso não acontece, ele fica incapaz de demonstrar afeição e carinho. Não há nada de antipatia, mas de instinto. No ambiente natural, o gato é predador, mas também é presa. Mesmo em casa, ele tem de saber pra onde ele pode fugir se acontecer algum problema e quais são as ameaças ao redor. Enquanto ele não domina o território, qualquer um que tentar impedi-lo de alguma ação poderá ter uma resposta agressiva.

Galileu: O que uma pessoa precisa saber antes de levar um gato para casa?

Rossi: Primeiro, que o gato é um animal que explora os ambientes tridimensionalmente. Ele sempre vai subir na pia, na geladeira, no microondas, e é importante que ele tenha esse acesso. Não adianta ter um gato e querer limitá-lo ao chão, como se fosse um cachorro. Muitos também pulam janelas, o que obriga o dono a colocar telas. Também é importante lembrar que alguns são bastante barulhentos durante o cio. A gata siamesa é a que mia mais alto nesse período. E é necessário também saber se a pessoa que pretende ter o gato não tem alguma reação alérgica à proteína que existe na saliva dele.

Galileu: Como no caso dos cães, há diferenças de comportamento entre as raças?

Rossi: O comportamento e a estrutura do gato não são tão variados quanto os dos cães. O siamês, por exemplo, costuma ser mais agitado e barulhento, enquanto o persa é mais tranqüilo e silencioso. Geralmente, os mais ativos acabam, por tentativa e erro, descobrindo e aprendendo mais coisas. Por isso, são considerados mais inteligentes.

Galileu: Quais são os principais desafios na hora de educar um gato?

Rossi: O gato é mais difícil de ser treinado, acima de tudo, porque ele deve ser educado em um ambiente que conheça. Você não pode pegar um gato e levar pra um lugar onde haja um treinador. Enquanto ele não estiver adaptado ao ambiente, não vai prestar atenção nas pessoas. Também é difícil porque carinhos e brinquedos não costumam ser boas recompensas para o gato; o petisco é mais usado, mas ele demora mais para comer, o que não permite tantas repetições de exercícios de treinamentos quanto com cachorros.

O gato não consegue ser educado com reforços negativos. Com cachorros, há reforços como colocar um enforcador e apertar o traseiro pra ele sentar. Se isso for feito com o gato, ele vai passar a não gostar da pessoa que o treina. Por outro lado, por meio do reforço positivo, o gato vai se aproximando, se tornando cada vez mais sociável. O cachorro ainda tolera a agressão porque depende muito do ser humano e é capaz de, mesmo assim, continuar amando o dono. O gato, não.


Na alegria e na tristeza

Introduzida no Brasil entre o final da década de 1940 e início da década de 1950 no tratamento de pacientes com esquizofrenia, a zooterapia, ou terapia assistida por animais, teve como seu primeiro colaborador o gato. Hoje, vários outros animais foram incluídos na prática. "O gato é mais sutil, mais reservado. De uma maneira geral, ele mede mais as conseqüências e respeita mais os limites dados pela pessoa. E isso influencia muito nas terapias", afirma psicóloga e veterinária Hannelore Fuchs.

Trabalhando com zooterapia há 15 anos, em São Paulo, ela coleciona casos bem-sucedidos. Uma vez por mês, Hannelore e a gata Frida visitam uma escola de educação especial em São Paulo. Com crianças, o foco do trabalho e dos estudos está ligado à cognição, à conduta e ao desenvolvimento físico e motor. Há casos de crianças com dificuldade em abrir as mãos que desenvolveram ou retomaram esse controle devido ao esforço feito para poder acariciar um gato.
Desde 1999, a professora Maria de Fátima estuda a interação entre homem e animais. "Com a zooterapia, observamos que essa interação melhora o ambiente social, a qualidade de vida do ser humano e, conseqüentemente, do animal." Segundo ela, o gato na zooterapia funciona como uma ponte entre paciente e terapeuta. No consultório de Hannelore, os animais ficam soltos e transitam entre uma consulta e outra. "Dependendo da afeição do paciente pelo gato, ele começa a fazer parte da consulta", diz a psicóloga

Assim, casos como o de dona Luiza, a mulher do começo desta reportagem, estão se tornando cada vez mais comuns em asilos e entre idosos abandonados. "Para eles, o gato vira um desafio positivo", afirma Hannelore. "Gerenciam a rotina do animal, sentem-se responsáveis pela vida do bicho. Isso faz com que o idoso deixe um pouco o papel de ser cuidado e passe a ser o 'cuidador'. Por meio do convívio com o gato, a vida do idoso passa a ter uma motivação maior."

VÁ FUNDO
Para ler


•"All Cats Have Asperger Syndrome", Kathy Hoopmann. Jessica Kingsley Publishers. 2006

•"The Cat Bible: Everything Your Cat Expects You to Know", Tracie Hotchner. Gotham Books. 2007

•"Entenda o Seu Gato", Bruce Fogle. Editora Globo. 2007

•"Gatos: a Emoção de Lidar", Nise da Silveira. Léo Christiano Editorial. 1998

•"Os Segredos dos Gatos", Alexandre Rossi e Paula Itikawa. Editora Globo. 2008

5.6.08

10% dos brasileiros concentram 75% da riqueza


10% dos brasileiros concentram 75% da riqueza, diz Ipea - Segundo estudo, má distribuição de renda permanece no mesmo patamar do período de regime militar

De acordo com levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 75% da riqueza do país está concentrada em 10% da população.

O estudo também mostra como a riqueza está distribuída em três capitais brasileiras. Em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos é de 73,4%, em Salvador, é de 67% e, no Rio, de 62,9%.

Segundo o Instituto, a deficiência do sistema tributário brasileiro contribui para desigualdade social. "O país precisa de um sistema tributário mais justo que seja progressivo e não regressivo como é hoje", diz o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

Atualmente, os 10% mais pobres do país comprometem 33% de seus rendimentos em impostos, enquanto que os 10% mais ricos pagam 23% em impostos, revela a pesquisa.

Isso significa que três quartos da riqueza existente no Brasil está concentrada nas mãos de apenas 10% da população.

E de acordo com o estudo, o índice de Gini, que mede a desigualdade social de uma população, foi de 0,56 no Brasil em 2006 - o índice varia de 0 a 1, sendo 0 a perfeita igualdade e 1 a completa desigualdade.

Segundo Pochmann, isso significa que a desigualdade social diminuiu no Brasil em 2006, mas ainda está no patamar do período militar e em nível pior do que antes do golpe de 1964.

Carga tributária aprofunda pobreza - Para Pochmann, “é evidente que o sistema tributário que temos aprofunda a desigualdade”. Ele destacou que no grupo dos 10% mais pobres, a tributação representa 32,8% da renda. Já nos 10% mais ricos, a tributação total é referente a 22,7% da renda. “Quem é pobre no Brasil está condenado a pagar mais impostos”, afirmou.

O presidente do Ipea mostrou que desde 1995 tem havido aumento na carga tributária, determinado basicamente pelo governo federal. Ressaltou, porém, que há uma grande desigualdade na arrecadação entre os Estados brasileiros. Ele mostrou que houve um aumento na participação da carga tributária brasileira nos impostos sobre renda, propriedade e patrimônio, no período de 1995 até 2007, que passaram de 21,1% para 29%.

Pochmann defendeu ainda que o Imposto de Renda para a pessoa física tenha mais alíquotas de tributação e assim avance na questão da redução da desigualdade social. Para Pochmann, o sistema atual com duas alíquotas reduz o potencial do imposto de renda como fator de redução da desigualdade.

Ele avalia que o imposto de renda deveria ter faixas iniciais com alíquotas menores que 15% e ao mesmo tempo faixas finais, com alíquotas maiores que 27,5%. Para ele isso independe da questão de aumento ou redução da carga tributária.

Via Agência Estado

5.5.08

Milhares de Isabellas


A opinião pública encontra-se estarrecida com o monstruoso fato ocorrido no dia 29 de março último: uma menininha de apenas cinco anos foi estrangulada e depois atirada do 6º andar de um prédio; seu corpo ficou espatifado no solo.

Nestes últimos dias, jornais, revistas, rádios, TVs e sites estiveram abarrotados de reportagens sobre esse sinistro acontecimento na capital paulista. Estamos sendo bombardeados até exaustão com notícias que nos trazem todos os detalhes sobre o horrendo crime. E realmente todos qualificam tal crime como monstruoso e se perguntam: Quem matou Isabella Nardoni? Quem praticou tamanha crueldade? Por quê? E se foram os pais (pai e madrasta), tanto mais terrível este crime!

Tremenda insensatez – inexplicável incoerência

Nesse caso, seria clamoroso não denunciar uma atitude de flagrante incoerência da mídia e de incontáveis pessoas em nosso país nos dias atuais. - Refiro-me àquelas que, com toda razão, estão chocadíssimas com o assassinato da menina, mas que não ficam chocadas com o não menos brutal assassinato de crianças ainda no ventre materno!! É incompreensível que muitas pessoas, horrorizadas com a morte de Isabella, sejam favoráveis ao aborto, portanto à eliminação de pequenas e inocentes “Isabellas”, que nem sequer tiveram a oportunidade de ver a luz do dia!

Quantas “Isabellas” são diariamente assassinadas do modo mais desumano que se possa imaginar! Extirpar uma vida humana será sempre gravíssimo crime, não importando a idade da vítima: 5, 25 ou 50 anos; ou 5 meses, 5 semanas ou 5 dias de vida!

Ah, se um dia os jornais, revistas, rádios, TVs e sites popularess estiverem repletos de comentários contra assassinatos de bebês indefesos no útero materno... Isto sim seria um acontecimento memorável! Seria sem dúvida um evento muito importante para a restauração da civilização, neste mundo neobárbaro e neopagão em que vivemos.

Oxalá, proximamente, o Brasil inteiro — que se encontra horrorizado com o caso Isabella — viesse a se comover profundamente também com as incontáveis vítimas do aborto... Assim como se deseja a condenação dos responsáveis pela morte dessa criança, que também se exigisse a condenação dos responsáveis pela matança de crianças ainda no ventre de suas mães.

Ambos são crimes hediondos. Ambos devem ser lamentados profundamente, e não podem ficar impunes.


“Estão se queixando do cheiro de carne humana queimada”

Recente artigo de Carlos Heitor Cony (Jornal 'Folha de S. Paulo', 11-4-08), muito apropriadamente intitulado "Uma história repugnante", relata a pesquisa realizada por dois jornalistas ingleses, Michel Litchfield e Susan Kentish, sobre a indústria do aborto em Londres. Eles investigaram o que se passava nas clínicas abortivas, após a legalização do aborto na Inglaterra (com o 'Abortion Act' de 1967), e gravavam as conversas com os médicos. Com base na pesquisa, escreveram a clássica obra “Babies for Burning” (Bebês para queimar), editado pela Serpentine Press, de Londres.

Aqueles que desejarem adquirir tal obra em português, a encontrarão publicada pelas Edições Paulinas (São Paulo, 1985), com o título: Bebês para Queimar: a Indústria do Aborto na Inglaterra.

O referido artigo pode ser lido na íntegra aqui.

Transcrevo apenas alguns trechos:

“Os autores souberam, por meio de informações esparsas, que a indústria do aborto, como qualquer indústria moderna, tinha toda uma linha de subprodutos: a venda de fetos humanos para as fábricas de cosméticos. [...]

Contam os jornalistas: Quando nos encontramos em seu consultório, o ginecologista pediu à sua secretária que saísse da sala. Sentou-se ao lado de Litchfield, o que melhorou a gravação, pois o microfone estava dentro da sua maleta. O médico mostrou uma carta:

— 'Este é um aviso do Ministério da Saúde' - disse, com cara de enfado. - 'As autoridades obrigam a incineração dos fetos... não devemos vendê-los para nada... nem mesmo para a pesquisa científica... Este é o problema...'.

— 'Mas eu sei que o senhor vende fetos para uma fábrica de cosméticos e... e estou interessado em fazer uma oferta... também quero comprá-los para a minha indústria...'.

— 'Eu quero colaborar com o senhor, mas há problemas... Temos de observar a lei... As pessoas que moram nas vizinhanças estão se queixando do cheiro de carne humana queimada que sai do nosso incinerador. Dizem que cheira como um campo de extermínio nazista durante a guerra'.

E continuou: 'Oficialmente, não sei o que se passa com os fetos. Eles são preparados para serem incinerados, e depois desaparecem. Não sei o que acontece com eles. Desaparecem. É tudo'.

— 'Por quanto o senhor está vendendo?'

— 'Bem, tenho bebês muito grandes. É uma pena jogá-los no incinerador. Há uso melhor para eles. Fazemos muitos abortos tardios, somos especialistas nisso. Faço abortos que outros médicos não fazem. Fetos de sete meses. A lei estipula que o aborto pode ser feito quando o feto tem até 28 semanas. É o limite legal. Se a mãe está pronta para correr o risco, eu estou pronto para fazer a curetagem (método utilizado para se desmembrar um nascituro). Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados, e até vivem um pouco antes de serem mortos. Houve uma manhã em que havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Era uma pena jogá-los no incinerador, porque tinham muita gordura que poderia ser comercializada. Se tivessem sido colocados numa incubadeira, poderiam sobreviver, mas isso aqui não é berçário. Não sou uma pessoa cruel, mas realista. Sou pago para livrar uma mulher de um bebê indesejado, e não estaria desempenhando meu ofício se deixasse um bebê viver (é um médico falando). E eles vivem, apesar disso. Tenho tido problemas com as enfermeiras, algumas desmaiam nos primeiros dias”.

Repugnante? Repugnante é pouco. Mas é a realidade das inúmeras clínicas abortivas nos países onde o aborto é legal: nascituros são desmembrados, têm seus membros arrancados de seus corpinhos, outros são extirpados do ventre materno ainda intactos e então incinerados ou simplesmente jogados na lata de lixo. Ou “comercializados”.

Mesmo assim, milhares de pessoas que estão escandalizadas com o "caso Isabella", entre eles muitos políticos e profissionais de mídia extremamente influentes, são favoráveis ao aborto! Até mesmo o líder de uma grande seita dita cristã, a quem chamam "bispo" Edir Macedo, se manifesta favoravelmente ao aborto. Isabella foi morta, sim, mas não incinerada ou jogada numa lata de lixo. Ela ao menos teve a chance de viver, ser feliz, e ao menos teve um enterro digno, graça de que são privados os bebês assassinados por mãos abortistas.

Encerro com uma oração não só pelas vítimas dos assassinos de todas as “Isabellas” da vida como também por todos os nascituros cruelmente destroçados por cruéis carrascos de branco, por ordem de suas próprias mães, como se fossem baratas : “Perdoai-os, Pai da Vida, eles não sabem o que fazem".


Baseado em um artigo de Paulo Roberto Campos.

2.4.08

A mullher que ousa dizer "Não" ao fundamentalismo

Ayaan Hirsi Ali

Escritora somali lançou a autobiografia "Infiel" e diz que o Islã não é compatível com a modernidade ocidental, além de criar uma cultura que provoca atraso a cada geração

Por Antonio Gonçalves Filho, de O Estado de São Paulo.


No primeiro parágrafo do livro "Infiel" (Companhia das Letras, 500 págs. - R$ 49), a escritora somali Ayaan Hirsi Ali, de 38 anos, conta que nasceu num país dilacerado pela guerra e foi criada num continente “mais conhecido pelo que dá errado do que pelo que dá certo”. Para os padrões da Somália, ela deveria, se ainda fosse religiosa, erguer as mãos ao céu por ainda estar viva e sã. E conta a razão: aos 5 anos, foi torturada pela avó até decorar os nomes de todos os ancestrais, como todos os filhos de nômades do deserto, sob o risco de ir para o inferno; ainda criança, foi “purificada” mediante a ablação da genitália (a chamada 'castração feminina'); finalmente, já adulta, começou a refletir sobre a condição feminina nos países muçulmanos e, obrigada a casar contra a sua vontade, deu um jeito de pedir asilo político ao desembarcar em solo holandês a caminho do Canadá. Foi na Holanda que conheceu há quatro anos o cineasta Theo Van Gogh, com quem colaborou no roteiro do filme "Submissão", definido por ela como um curta sobre os muitos tipos de sofrimento causados às mulheres pela sujeição ao Islã.

O filme acabou decretando a morte do cineasta por um muçulmano marroquino, em 2004. Van Gogh não deu a mínima quando a esposa o alertou sobre as mensagens divulgadas pela internet que exortavam os fiéis de Alá a dar um fim em ambos. - O cineasta acabou degolado na rua pelo fanático islâmico, que ainda fincou uma faca em seu peito com uma carta destinada à escritora. Nela, o assassino condenava os “atos criminosos” cometidos pela autora somali contra o Islã. - Desde então, Ayaan vive sob proteção policial, primeiro na Holanda, onde chegou a conquistar uma cadeira no Parlamento, e agora nos EUA. De lá ela concedeu uma entrevista ao jornal "Estado de São Paulo", em que define o islamismo como “incompatível com os direitos humanos e os valores liberais”.

Estado: Você diz que a mensagem de seu livro é que o Ocidente faz mal em prolongar a dor da transição do Islã para a modernidade, alçando culturas farisaicas à estatura de um estilo de vida alternativo. O Islã é, segundo seu ponto de vista, uma ameaça ao pensamento liberal?

Ayaan: Sim. (...) O mínimo que posso dizer é que a transição do Islã para a modernidade será muito difícil, porque o fundamentalismo religioso é incompatível com os valores democráticos. Ao ameaçar quem não crê na infalibilidade do Alcorão ou do profeta Maomé, os fundamentalistas criam uma cultura que provoca retrocessos a cada geração. O inferno começa quando alguém lembra que o Alcorão foi escrito num contexto e época diferentes e os radicais o acusam de infiel, por refutar as palavras de Deus. Temos de nos livrar dessa idéia de um deus ditador, como já fizeram várias religiões, entre elas o cristianismo.

Estado: A imprensa internacional costuma dizer que você e Theo van Gogh foram longe em sua crítica ao Islã. (...) Você acha que sua defesa da igualdade feminina e a condenação do islamismo não podem atiçar um sentimento racista contra os muçulmanos?

Ayaan: Não, ao contrário. Não defendo a abolição do Islã, nem que os muçulmanos sejam expulsos dos países ocidentais, mas, neste exato momento, milhões de mulheres muçulmanas estão trancadas em casa sem o poder de escolha que eu tenho. Quando alguém me diz que a cultura islâmica está calcada em tolerância, compaixão e liberdade, penso nessas mulheres muçulmanas e como elas farão para viver num mundo moderno. O mundo islâmico está preparado para uma revolução como a do cristianismo na era moderna? Não quando a teologia islâmica proíbe qualquer discussão sobre o Alcorão. Ao admitir que o profeta é infalível, os muçulmanos instituíram uma tirania permanente, renunciando à liberdade.

Estado: No momento em que desembarcou na Holanda, você tomou contato com um sistema moral alternativo, como admite em seu livro, notando que a história filosófica e religiosa ocidentais revelam que o Ocidente progrediu depois de questionar a literabilidade da Bíblia.

Ayaan: Entendo que há a necessidade de um estado laico, distante da ingerência religiosa. (...) Pode-se imaginar outro caminho para a evolução além de dogmas religiosos. A história da humanidade, claro, não é feita apenas de progresso. Avança-se às vezes para retroceder em outras ocasiões. O Islã nos faz retroceder. Eu, pessoalmente, recuso-me a voltar ao sétimo século e sei que muitas outras pessoas nascidas em países muçulmanos dividem a mesma posição.

Estado; Alguns jornalistas americanos gostam de provocá-la dizendo que você comprou a ideologia neoconservadora do American Enterprise Institute. Há mesmo quem diga que você estaria na mesma rota de David Frum, que cunhou a expressão “eixo do mal”, depois usada por Bush. Você acredita num “eixo do mal”?

Ayaan: Primeiro, é preciso dizer que nem todos são conservadores no American Enterprise Institute. Há democratas também. Depois, é preciso lembrar que o instituto nasceu com o propósito de pensar a questão do mercado e influenciar governos, não o de ditar suas políticas externas. Se eu acredito em eixo do mal? Acredito, sim. É só analisar a ameaça das bombas atômicas no caso iraniano, prestes a ser fabricada, ou o caso da Coréia do Norte.

Estado: Você se arrepende de ter feito o filme "Submissão" com Theo van Gogh quando pensa em sua morte ou nas ameaças que você recebeu?

Ayaan: Não. Theo tampouco deu atenção às ameaças, porque preferia morrer a ver seu país transformado pelo medo. Ele dizia: “Ayaan, este é meu país, este é meu filme. Se eu não fizer 'Submissão', estarei morando num país de bárbaros, e não mais na Holanda.”

Estado: Salman Rushdie escreveu um texto que a define como a primeira refugiada da Europa desde o Holocausto, um testemunho único da fraqueza e, ao mesmo tempo, da fortaleza do Ocidente. Como você vê seu futuro e o do mundo?

Ayaan: O Islã foi fundado nos desertos árabes, dentro de uma realidade tribal que nada mais tem a ver com o mundo moderno. É duro ser uma exilada, mas não quero ser uma bandeira ou lutar contra ninguém. Digo apenas que devemos desbloquear nossas mentes. Esta é a minha contribuição para as gerações futuras.


Um trecho do livro:

“O filme que Theo e eu fizemos, “Submissão: Primeira Parte”, fala sobretudo da relação do indivíduo com Alá. No Islã, ao contrário do cristianismo ou do judaísmo, a relação do indivíduo com Deus é de submissão total, de escravo para com o senhor. Para os muçulmanos, adorar adeus significa obediência total às normas de Maomé e abstinência total de pensamentos e atos que ele declarasse proibidos pelo Alcorão. Para modernizar o Islã e adaptá-lo aos ideais contemporâneos, seria necessário dialogar com Deus e até divergir de algumas regras maometanas. Mas no Islã tal como foi concebido, discordar do profeta é uma insolência. (...) Quando comecei a escrever o roteiro do filme, decidi usar o formato de oração para criar uma espécie de diálogo com Alá. Imaginei uma mulher postada...”

21.2.08

"Igreja" Universal orquestra ações contra jornais e repórter

Por Chico Otavio e Cláudia Lamego do jornal "O Globo" e Rodrigo Vizeu de "O Globo Online"


RIO - A "'Igreja' Universal do Reino de Deus" (IURD) tenta intimidar jornalistas através de ações orquestradas na Justiça. Fiéis e pastores da seita ajuizaram cerca de 50 ações de danos morais contra o jornal "Folha de S.Paulo" e a jornalista Elvira Lobato, após publicação de reportagens, em 15 de dezembro passado, sobre o império de comunicação montado pelos "bispos" que controlam a Universal. Também contra o jornal "Extra" e seu diretor de Redação, Bruno Thys, cinco pastores da seita, de diferentes cidades do Estado do Rio, entraram com ações pedindo indenização por danos morais. Todos alegam se sentir ofendidos com reportagem sobre um fiel da Universal que danificou uma imagem de São Benedito, na Bahia.

Nos processos contra a "Folha" e Elvira, pedindo indenizações de R$ 1 mil a R$ 10 mil, os pastores e fiéis alegam que sofreram prejuízos morais com a reportagem. Como as ações foram propostas em lugares distantes - todos a mais de 200 quilômetros da capital de diferentes o estado - e apresentam até trechos iguais, Elvira desconfia de uma tentativa orquestrada de intimidação.

Segundo a reportagem de Elvira Lobato - "Universal chega aos 30 anos com império empresarial" - publicada em 15 de dezembro, a seita tem 23 emissoras de TV e 40 de rádio, além de outras 19 empresas registradas em nome de 32 integrantes da Iurd. Entre elas, há dois jornais diários, duas gráficas, quatro empresas de participações, uma agência de turismo, uma imobiliária, uma empresa de seguro de saúde e uma de táxi aéreo, a Alliance Jet.

A reportagem da "Folha de S.Paulo" diz ainda que as empresas estão registradas em nome de "bispos" ligados a Edir Macedo, fundador da seita, e muitas funcionam em endereços da Universal. Alguns "bispos" deixaram as empresas após desentendimentos com a seita ou por terem sido denunciados em escândalos.

Segundo a "Folha", a Universal é a maior proprietária de concessões de TV do país: são 23 emissoras de TV e 40 emissoras de rádio registradas em nome de pastores. A seita arrenda 36 rádios, que integram a Rede Aleluia. Segundo pesquisa feita pelo jornal, Macedo é dono de 99% das ações da TV Capital, geradora da Rede Record em Brasília; de 50% da TV Sociedade, de Belo Horizonte; de 48% da TV Record do Rio; e de 30% da Record de São José do Rio Preto (SP). O valor atual estimado da Rede Record é de R$ 2 bilhões.

"A Elvira Lobato não escreveu nada errado. O que estão fazendo com ela é uma violência, não é só uma censura, é intimidação"

A série de ações judiciais de pastores e fiéis da Universal contra a "Folha de S.Paulo" e a repórter Elvira Lobato - por causa de uma reportagem publicada em 15 de dezembro que mostrava o crescimento empresarial da seita - foi classificada por entidades e especialistas como tentativa de intimidação contra o jornal e a jornalista. Para Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, as ações representam uma violência contra a liberdade de expressão e são uma tentativa de censura prévia:

- A Elvira Lobato cobre essa área de comunicação e telecomunicação há pelo menos há dez anos. Ela não faria nada que não fosse bem feito. Ela contou aquilo que todo mundo sabe, e não escreveu nada errado. O que estão fazendo com ela é uma violência, não é só uma censura, é intimidação. A intimidação também é crime, e é pior que censura. O que importa é condenar o fato de as pessoas da igreja serem acionadas, numa ação orquestrada. Ainda bem que esse tipo de processo já está sendo desqualificado pela Justiça - afirmou Dines.


O maior dos falsos profetas brasileiros ensina...




...E os seus discípulos demonstram que aprendem rápido:



Apesar dos escorregões no português, o autor destes vídeos disse tudo aí no final do segundo filme...

31.1.08

Espasmo obscurantista

Por Carlos Alberto Di Franco - A universidade européia sofreu um espasmo obscurantista. O papa Bento XVI, um intelectual reconhecidamente brilhante, cancelou a conferência que daria na abertura do ano letivo da Universidade La Sapienza, em Roma. Em carta encaminhada ao reitor Renato Guarini, autor do convite ao papa, 67 professores, entre os mais de 4.500 docentes daquela instituição, incitaram uma centena de alunos a se manifestarem contra a presença do papa. Bento XVI representaria um ataque ao vanguardismo e à modernidade.

Para evitar presumíveis explorações o papa adiou a sua visita à universidade, fundada pelo papa Bonifácio VIII, em 1303. O texto preparado por Bento XVI, uma fascinante viagem da filosofia em sua busca da verdade, foi lido na sua ausência e longamente aplaudido pelos presentes ao ato acadêmico.

A censura ao papa repercutiu intensamente. Políticos, intelectuais, professores, estudantes e acadêmicos, independentemente de credos e posturas ideológicas, formaram uma imensa corrente em defesa da liberdade. Cerca de 200 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro manifestaram sua solidariedade ao pontífice. "Nenhuma voz deveria ser silenciada em nosso país, ainda mais quando se trata do papa", disse o primeiro-ministro italiano, Romano Prodi.

O fato angariou aliados incomuns para o pontífice. Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura e contumaz crítico da Igreja Católica, defendeu o direito do papa de falar. "Sou contra qualquer forma de censura porque o direito à liberdade de expressão é sagrado", disse ele ao jornal La Repubblica. Para a jornalista Souad Sbai, presidente de uma associação de mulheres muçulmanas na Itália, Roma viveu "uma jornada de tristeza e vergonha porque se celebrou a afirmação de uma ideologia facciosa e arrogante".

Na verdade, o que se viu foi a apoteose da burrice, do laicismo intolerante e da mediocridade. O laicismo fundamentalista pós-moderno não é apenas uma opinião, um conjunto de idéias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras
opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática. Trata-se, infelizmente, de uma "ideologia", ou seja, uma cosmovisão - um conjunto global de idéias, fechado em si mesmo -, que pretende ser a "única verdade" racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, na educação, etc.

A ditadura laicista não se identifica com a "laicidade", que é algo positivo e justo e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e moralidade pública.

Por outras palavras, o laicismo pós-moderno é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua "verdade única", comparável - sem exagero - às demais ideologias totalitárias, como o nazismo e o comunismo. Tal como as políticas nascidas dessas ideologias das sombras, o laicismo execra - sem dar audiência ao adversário nem manter respeito por ele - os pensamentos que divergem dos seus "dogmas" e não hesita em mobilizar a "Inquisição" de setores acadêmicos para censurar - sem o menor respeito pelo diálogo - as idéias ou posições que se opõem ao seu dogmatismo.

O laicismo militante pratica o terrorismo ideológico, pelo sistema de atacar os que, no exercício do seu direito democrático, pensam e opinam de modo diferente do deles, acusando-os de serem - só por opinarem de outra maneira - intransigentes, tirânicos e reacionários (três características das quais o laicismo, na realidade, parece querer a exclusividade).

Fazem pensar no leito de Procusto, a figura mitológica grega que, em sua estalagem numa encruzilhada, obrigava os viajantes a se deitarem numa cama de ferro de determinadas dimensões: se o tamanho do hóspede fosse menor que leito, Procusto torturava-o, esticando-o até que tivesse (depois de morrer) o comprimento do leito; caso se tratasse de alguém de respeitável estatura e dimensões maiores que as do leito, reduzia-o também ao tamanho da cama (símbolo da ideologia) pelo sistema de matá-lo, decepando-lhe a cabeça ou as pernas, que sobravam.

O papa, ao contrário de Procusto e de seus atuais seguidores, disse que jamais quis impor sua fé. Declarou-se profundamente unido ao ambiente acadêmico na "busca da verdade e no diálogo franco e respeitoso". Sobra ao pontífice o que falta à minoria arrogante que esbofeteou a liberdade de expressão no coração da universidade romana.

O genuíno fenômeno ético e religioso só pode prosperar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas idéias. Por isso, a sua convicção não a move a impor, mas a estimula a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de serem compartilhados.

É preciso, com urgência, desenvolver o senso crítico contra os desvios da intolerância e do fanatismo. A censura ao papa foi um golpe aos valores mais caros da civilização e da democracia.

Os 67 "mestres" da La Sapienza são a antítese da racionalidade e do espírito científico. São, de fato, paladinos de uma nova Inquisição.


Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia E-mail: difranco@ceu.org.br

22.1.08

Juiz suspende sistema de cotas na Universidade Federal de Santa Catarina

“A ciência contemporânea aponta de forma unânime que o ser humano não está dividido em 'raças', não havendo critério preciso para identificar alguém como negro ou branco.” - Juiz Federal Gustavo Dias de Barcellos.

Assim o bravo juiz conseguiu suspender, por liminar, as cotas para negros e egressos de escolas públicas na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

A decisão foi fundamentada no Artigo 5º da Constituição, que determina que “todos são iguais perante a lei” e no fato de que "é impossível, no Brasil, uma identificação precisa de etnia”.

De acordo com a decisão, a reserva de cotas para negros em vestibulares é de competência privativa da União, uma vez que é a única que pode legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Como as cotas na UFSC são estabelecidas por resolução interna, o juiz considerou que houve “vício de legitimidade” e que a autonomia administrativa da universidade está restrita ao próprio funcionamento, e que “não pode estabelecer direitos ou impor vedações de forma discriminatória”.

Barcellos considerou, ainda, que a ação de reservar cotas a candidatos baseada na cor da pele é chamada de positiva para os candidatos beneficiados, mas que é extremamente negativa aos demais. E questionou: “Como serão classificados aqueles filhos de negros que apresentam traços europeus ou pele clara, herança de algum antepassado distante?”...

Ele também citou o conhecido episódio em que irmãos gêmeos idênticos foram classificados um como branco e outro como negro, na Universidade de Brasília. “Sequer uma lei ordinária lograria dar validade ao sistema de cotas adotado pela UFSC, dada sua evidente inconstitucionalidade”, completou.

Quanto aos candidatos egressos de escolas públicas, ele afirma que “ainda que se reconheça um grau de objetividade bem mais elevado do que o critério étnico, tenho que tal iniciativa deveria estar amparada em lei, conforme já exposto”.

No site da UFSC, consta a informação de que a instituição irá recorrer da decisão.


(Fonte: Agência Brasil)


O meu aplauso para esse juiz. Não é que ainda tem gente que pensa, neste nosso Brasil das incoerências??

18.1.08

"Católicas pelo Direito de Decidir" ?!?!?

Quem são elas, o que fazem e onde estão

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz - Presidente do Pró-Vida de Anápolis

Em 1970, o Estado de Nova Iorque aprovou uma lei que permitia o aborto por simples solicitação da gestante ("abortion on demand") até o quinto mês da gravidez, não se exigindo sequer o domicílio em território estadual. Isso produziu uma avalanche surpreendente de gestantes provenientes de vários outros Estados americanos, principalmente dos da costa leste, à procura dos "serviços" de aborto de Nova Iorque, as quais retornavam logo em seguida para os seus Estados de origem. Essa lei foi um marco decisivo para que, em 1973, a Suprema Corte dos EUA, na célebre decisão Roe versus Wade, declarasse que o nascituro não é pessoa e que não tem direitos, impondo assim a legalidade do aborto a todo o território estadunidense.

Como a Igreja Católica se opusesse à lei abortista de Nova Iorque, três membros do grupo pró-aborto NOW ("National Organization for Women" - Organização Nacional para as Mulheres) fundaram em 1970 a organização CFFC ("Catholics For a Free Choice" - Católicas pelo Direito de Decidir). Seu primeiro ato público foi o de ridicularizar a Igreja Católica, coroando uma feminista, na escadaria da Catedral de São Patrício em Nova Iorque , com o título de papisa Joana I. A primeira sede das CFFC localizou-se em Nova Iorque , nas dependências da "Planned Parenthood Federation of América" (PPFA), a filial estadunidense da IPPF[1], e atualmente a proprietária da maior cadeia de clínicas de aborto da América do Norte.

Embora CFFC seja uma organização anticatólica, o nome "católica" é estratégico para confundir o público. O objetivo é infiltrar-se nas paróquias, nas dioceses, nas universidades católicas, nos meios de comunicação, nas casas legislativas a fim de dar a entender que é possível, ao mesmo tempo, ser católico e defender o direito ao aborto. Além do aborto, tais "católicas" defendem o uso de anticoncepcionais, o divórcio, as relações sexuais pré-matrimoniais, os atos homossexuais, o matrimônio de pessoas do mesmo sexo e todas as formas de reprodução artificial.

Quanto à liturgia, as CFFC assumem uma série de rituais e práticas da Nova Era: são devotas do ídolo feminista Sofia (a deusa Sabedoria) e compõem poesias em honra de Lúcifer. O aborto é tratado como um ato sagrado. São recitadas orações a "Deus Pai e Mãe" enquanto a mulher que está abortando é abençoada, abraçada e encorajada a salpicar pétalas de rosas. A ex-freira Diann Neu elaborou uma cerimônia pós-aborto, em que a mulher abre uma cova no jardim e deposita os restos mortais de seu bebê, dizendo: "Mãe Terra, em teu seio depositamos esse espírito".

"Ainda bem que a minha mamãe não pertence a essa organização..."


O maior obstáculo que os promotores do aborto têm encontrado no seio das Nações Unidas é a presença da Santa Sé, que é reconhecida como Observador Permanente. Em 1999, CFFC lançou a campanha See change ("mudança de sé"). O objetivo, até agora não atingido, é pressionar a ONU a fim de rebaixar o status da Santa Sé ao de simples organização não-governamental (ONG), como a própria CFFC.

Por que atacar justamente a Igreja Católica?

Francis Kissling, que foi presidente da CFFC durante anos desde 1982, explica, em uma entrevista de setembro de 2002, porque a Igreja Católica é o alvo chave: "A perspectiva católica é um bom lugar para começar, tanto em termos filosóficos, sociológicos como teológicos, porque a posição católica é a mais desenvolvida. Assim, se você puder refutar a posição católica, você refutou todas as demais. OK. Nenhum dos outros grupos religiosos realmente tem declarações tão bem definidas sobre a personalidade, quando começa a vida, fetos etc. Assim, se você derrubar a posição católica, você ganha".[2]

Financiamento

CFFC recebe vultosas doações de fundações de controle demográfico, entre elas: Fundação Ford, Fundação Sunnen, Fundação Mc Arthur e Fundação Playboy. Hoje a maior parte dos investimentos é destinada à promoção dos "direitos reprodutivos" na América Latina, ou seja, do direito ao aborto, à esterilização e à anticoncepção.

Em 1987, CFFC criou uma filial latino-americana em Montevidéu, Uruguai, com
o nome de "Católicas pelo Derecho a Decidir". Em língua espanhola foi publicado um livro sarcástico intitulado "Y Maria fue consultada para ser madre di Dios", que apresenta Nossa Senhora como símbolo do "direito de decidir" sobre a prática do aborto. Em 1993 foi criada em São Paulo a filial brasileira, com o nome "Católicas pelo Direito de Decidir" (CDD). Onde elas estão?

Recentemente, as Católicas pelo Direito de Decidir (CDD) transferiram-se para a Rua Sebastião Soares de Faria, n.º 56, 6º andar, São Paulo, isto é no mesmo prédio da sede do Regional Sul 1 da CNBB, que ocupa o 5º andar. O fato tem gerado perplexidade, uma vez que, além de usarem o nome de "católicas", elas agora compartilham o mesmo edifício usado pelos Bispos. Na verdade, o prédio não pertence à CNBB, mas à Ordem Carmelita (Província de Santo Elias). Mas a perplexidade permanece: como uma Ordem de frades católicos pode alugar um imóvel para uma organização abortista?

As CDD e a Campanha da Fraternidade 2008

Na segunda quinzena de dezembro de 2007, as livrarias católicas puseram à venda um DVD produzido pela Verbo Filmes, trazendo na capa o cartaz da Campanha da Fraternidade 2008, com o lema "Escolhe, pois, a vida", o tema "Fraternidade e defesa da vida" e o logotipo da CNBB. O que deixou os militantes pró-vida estupefatos foi a participação da Sra. Dulce Xavier, membro das CDD, no bloco IV do vídeo ("Em defesa da vida: pontos de vista"), com uma fala de cinco minutos, criticando a Igreja Católica por não aceitar a anticoncepção, e defendendo a realização do aborto pela rede hospitalar pública para preservar "a vida das mulheres". A inserção das "católicas" no vídeo tinha sido feita sem a autorização da CNBB, que, quando soube da notícia, exigiu o recolhimento dos DVDs. A Verbo Filmes fez então uma outra edição, desta vez sem a fala das CDD. No entanto, até a data da edição deste jornal, podia-se encontrar no sítio da Verbo Filmes (www.verbofilmes.org.br) a descrição do conteúdo do DVD, ainda com a participação das Católicas pelo Direito de Decidir.

É mais do que urgente que a CNBB emita uma nota oficial sobre as CDD, à semelhança do que fez a Conferência Episcopal dos Estados Unidos, conforme transcrevemos a seguir.

DECLARAÇÃO DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS CATÓLICOS DOS ESTADOS UNIDOS (NCCB), de 10/05/2000

Por muitos anos, um grupo autodenominado "Católicas pelo Direito de Decidir"
(Catholics for a Free Choice - CFFC), tem publicamente defendido o aborto ao mesmo tempo em que diz estar falando como uma autêntica voz católica. Esta
declaração é falsa. De fato, a atividade do grupo é direcionada para rejeitar e distorcer o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devida à defesa da vida humana do nascituro indefeso.

Em algumas ocasiões a Conferência Nacional dos Bispos Católicos (NCCB) declarou publicamente que a CFFC não é uma organização católica, não fala pela Igreja Católica, e de fato promove posições contrárias ao magistério da Igreja conforme pronunciado pela Santa Sé e pela NCCB. CFFC é, praticamente falando, um braço do "lobby" do aborto nos Estados Unidos e através do mundo. É um grupo de pressão dedicado a apoiar o aborto. É financiado por algumas poderosas e ricas fundações privadas, principalmente americanas, para promover o aborto como um método de controle de população. Esta posição é contrária à política existente nas Nações Unidas e às leis e políticas da maioria das nações do mundo.

Em sua última campanha, CFFC assumiu um esforço concentrado de opinião pública para acabar com a presença oficial e silenciar a voz moral da Santa Sé nas Nações Unidas como um Observador Permanente. A campanha de opinião pública tem ridicularizado a Santa Sé com uma linguagem que lembra outros episódios de fanatismo anticatólico que a Igreja Católica sofreu no passado.

Como os Bispos Católicos dos Estados Unidos têm afirmado por muitos anos, o uso do nome "Católica" como uma plataforma de apoio à supressão da vida humana inocente e de ridicularização da Igreja é ofensivo não somente aos católicos, mas a todos que esperam honestidade e franqueza em um discurso público. Declaramos outra vez com a mais forte veemência: "Por causa de sua oposição aos direitos humanos de alguns dos mais indefesos membros da raça humana, e porque seus propósitos e atividades contradizem os ensinamentos essenciais da fé católica,... Católicas pelo Direito de Decidir não merece o reconhecimento nem o apoio como uma organização católica" (Comitê Administrativo, Conferência Nacional dos Bispos, 1993).[3]

Bibliografia consultada:
CLOWES, Brian. Mulheres católicas pelo direito de decidir. In: PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A FAMÍLIA. Lexicon: termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas. São Paulo: Escolas Profissionais Salesianas, 2007. p. 659-668.
HUMAN LIFE INTERNATIONAL. "Católicas pelo direito de decidir" sem máscaras: idéias sórdidas, dinheiro sujo. Tradução de Teresa Maria Freixinho.
Brasília: Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, 2000.
SCALA, Jorge. IPPF: a multinacional da morte. Anápolis: Múltipla Gráfica, 2004. p. 227-228


Roma, 4 de janeiro de 2008.

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz - Presidente do Pró-Vida de Anápolis - Telefax: 55+62+3321-0900 - Caixa Postal 456 - 75024-970 Anápolis GO



[1] IPPF - International Planned Pareenthood Federation (Federação Internacional de Planejamento Familiar), conhecida como "a multinacional da morte", com sede em Londres e filiais em 180 países.
[2] Kissling , Frances . Interview by Rebecca Sharpless. Audio recording, September 13- 14, 2002. Population and Reproductive Health Oral History Project, Sophia Smith Collection.
[3] Original inglês.