2.8.06

Música! Música! Música!


7 de Maio de 1824, Teatro Karthnerthor, Corte Imperial de Viena. Doze anos após a estréia da “Oitava Sinfonia” e nove depois da sua última aparição nos palcos, afastado por doenças várias, Ludwig van Beethoven não só compareceu, como virou as páginas da partitura e indicou o tempo durante a primeira apresentação ao Mundo da sua “Nona Sinfonia, em Ré menor”, conhecida posteriormente como “Coral”. A estréia deu-se perante um público composto por nobres e aristocaratas. Ninguém quis perder a apresentação desta obra, naquela que foi a última aparição pública do compositor. Nesta ocasião particular, o maestro subiu ao estrado de costas para o público. Quando a sinfonia chegou ao fim, o teatro explodiu em aplausos. Mas o gênio não se apercebia. Foi preciso que uma das solistas levantasse o braço e o fizesse virar-se para a audiência, que lhe prestou homenagem de pé. Uma imagem profundamente comovente, testemunhada por todos os presentes. Aos 54 anos de idade e completamente surdo, Beethoven conseguira criar a sua obra mais grandiosa.


Letra traduzida do coro principal: “Hino à Alegria” de Schiller

Alegria, bela centelha divina,
Filha de Eliseu,
Entramos, embriagados pelo fogo
De seu santuário sagrado.

A sua magia une novamente
O que os costumes distanciaram.
Todos os homens se tornam irmãos
Com o toque das suas gentis asas.
O que tem a sorte
De ser amigo de um amigo,
O que conquistou uma boa esposa,
Que junte com o nosso o seu júbilo.

Sim, mesmo aqueles que possuem uma só alma
Para chamar sua.
E aquele que não tiver nenhuma, que se afaste,
Em pranto, da nossa companhia.
Todas as criaturas bebem a alegria
Do seio da Natureza
Pois cada ser, bondoso ou mal,
Segue o seu trilho.

A alegria beija-nos e dá-nos o vinho,
É uma amiga fiel até o fim.
Até mesmo o pior verme cai em êxtase
E o querubim se apresenta a Deus.
Enquanto o sol atravessa
O seu magnífico caminho celestial,
Corram radiantes, irmãos, ao seu encontro,
Alegremente, como heróis vitoriosos.

Deixem-me abraçá-los, milhões!
Este beijo é para o mundo inteiro.
Irmãos, no firmamento estrelado
Habita com ceteza um Pai carinhoso.
Ajoelhai-vos, ó milhões?
Reconheces o teu Criador, mundo?
Porcurem por ele no céu estrelado,
Pois Ele vive por cima das estrelas.


Véspera do Natal de 1989, em Berlim. Mais de cem milhões de espectadores em mais de vinte países assistiram, via satélite, à comemoração da recém-unificada Alemanha e, especificamente, à celebração da queda do Muro de Berlim. Leonard Bernstein, à frente de solistas de renome internacional e de uma orquestra constituída por músicos de todo o mundo, dirigiu o concerto (um dos seus últimos) e tomou a liberdade – na certeza de que Bethoven o teria aprovado – de substituir, no último andamento, a palavra “Alegria” (“Freude”, em alemão), por Liberdade (“Freiheit”). Nesta ocasião não se ouviu o “Hino à Alegria”, mas o “Hino à Liberdade”.

Não deixe de assistir ao filme "Minha Amada Imortal", de Dan Rae.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sempre tive curiosidade pra saber o que diz a letra do coral da nona sinfonia! Vlw!!!!!