17.12.07

Homer Simpson, espectador padrão do Jornal Nacional

Por Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP.


DE BONNER PARA HOMER - O editor-chefe considera o obtuso pai dos Simpsons como o espectador padrão do Jornal Nacional.

Perplexidade no ar. Um grupo de professores da USP está reunido em torno da mesa onde o apresentador de tevê William Bonner realiza a reunião de pauta matutina do Jornal Nacional, na quarta-feira, 23 de novembro. Alguns custam a acreditar no que vêem e ouvem. A escolha dos principais assuntos a serem transmitidos para milhões de pessoas em todo o Brasil, dali a algumas horas, é feita superficialmente, quase sem discussão.

Os professores estão lá a convite da Rede Globo para conhecer um pouco do funcionamento do Jornal Nacional e algumas das instalações da empresa no Rio de Janeiro. São nove, de diferentes faculdades e foram convidados por terem dado palestras num curso de telejornalismo promovido pela emissora juntamente com a Escola de Comunicações e Artes da USP. Chegaram ao Rio no meio da manhã, e, do aeroporto Santos Dumont, uma van os levou ao Jardim Botânico.

A conversa com o apresentador, que é também editor-chefe do jornal, começa um pouco antes da reunião de pauta, ainda de pé numa ante-sala bem suprida de doces, salgados, sucos e café. E sua primeira informação viria a se tornar referência para todas as conversas seguintes. Depois de um simpático “bom-dia”, Bonner informa sobre uma pesquisa realizada pela Globo que identificou o perfil do telespectador médio do Jornal Nacional. Constatou-se que ele tem muita dificuldade para entender notícias complexas e pouca familiaridade com siglas como "BNDES", por exemplo. Na redação do Jornal Nacional, foi apelidado de "Homer Simpson". Você, claro, conhece o obtuso personagem que adora ficar no sofá comendo rosquinhas e bebendo cerveja, preguiçoso e de raciocínio extremamente lento.

A explicação inicial seria mais do que necessária. Daí para a frente o nome mais citado pelo editor-chefe do Jornal Nacional é o do senhor Simpson: “Essa o Homer não vai entender”, diz Bonner, com convicção, antes de rifar uma reportagem que, segundo ele, "o telespectador brasileiro médio não compreenderia".

Mal-estar entre alguns professores. Dada a linha condutora dos trabalhos – "atender ao Homer" –, passa-se à reunião para discutir a pauta do dia. Na cabeceira, o editor-chefe; nas laterais, alguns jornalistas responsáveis por determinados editorias e pela produção do jornal; e na tela instalada numa das paredes, imagens das redações de Nova York, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, com os seus representantes. Outras cidades também suprem o JN de notícias (Pequim, Porto Alegre, Roma), mas elas não entram nessa conversa eletrônica. E, num círculo maior ainda, ao redor da mesa, os professores convidados. É a teleconferência diária, acompanhada de perto pelos visitantes.

Todos recebem, por escrito, uma breve descrição dos temas oferecidos pelas
“praças” (cidades onde se produzem reportagens para o jornal) que são analisados pelo editor-chefe. Esse resumo é transmitido logo cedo para o Rio de Janeiro, e, depois, na reunião, cada editor tenta explicar e defender as ofertas, mas eles não vão muito além do que está no papel. Ninguém contraria o chefe.

A primeira reportagem oferecida pela “praça” de Nova York trata da venda de óleo para calefação a baixo custo feita por uma empresa de petróleo da Venezuela para famílias pobres do estado de Massachusetts. O resumo da “oferta” jornalística informa que a empresa venezuelana, “que tem 14 mil postos de gasolina nos Estados Unidos, separou 45 milhões de litros de combustível” para serem “vendidos em parcerias com ONGs locais a preços 40% mais baixos do que os praticados no mercado americano”. Sem dúvida uma notícia de impacto social e político. Mas o editor-chefe do Jornal Nacional apenas pergunta se os jornalistas têm a posição do governo dos Estados Unidos antes de, rapidamente, dizer que considera a notícia "imprópria" para o jornal. E segue em frente...

Na seqüência, uma imitação do presidente Lula e da fala de um argentino, passa a defender com grande empolgação uma matéria oferecida pela “praça” de Belo Horizonte: em Contagem, um juiz estava determinando a soltura de presos por falta de condições carcerárias. A argumentação do editor-chefe é sobre o perigo de criminosos voltarem às ruas. “Esse juiz é um louco”, chega a dizer, indignado. Nenhuma palavra sobre os motivos que levaram o magistrado a tomar essa medida e, muito menos, sobre a situação dos presídios no Brasil! A defesa da matéria é em cima do medo, sentimento que se espalha pelo País e rende preciosos pontos de audiência. Sobre a greve dos peritos do INSS, que completava um mês – matéria oferecida por São Paulo – o comentário gira em torno dos prejuízos causados ao órgão. “Quantos segurados já poderiam ter voltado ao trabalho e, sem perícia, continuam onerando o INSS”, ouve-se. Sobre os grevistas? Nada.

De Brasília é oferecida uma reportagem sobre “a importância do superávit fiscal para reduzir a dívida pública”. Um dos visitantes, o professor Gilson Schwartz, observou como a argumentação da proponente obedecia aos cânones econômicos ortodoxos e ressaltou a falta de visões alternativas no noticiário global.

Encerrada a reunião, segue-se um tour pelas áreas técnica e jornalística, com a inevitável parada em torno da bancada onde o editor-chefe senta-se diariamente ao lado da esposa para falar ao Brasil. A visita inclui a passagem diante da tela do computador em que os índices de audiência chegam em tempo real. Líder eterna, a Globo pela manhã é assediada apenas pelo Chaves mexicano, transmitido pelo SBT!! Homer é burro. Homer ama TV Globo. Homer ama Chaves. Oh, tristeza... Como é difícil dizer que tenho orgulho de ser brasileiro...

No almoço, antes da sobremesa, chega o "espelho" do Jornal Nacional daquela noite (no jargão, 'espelho' é a previsão das reportagens a serem transmitidas, relacionadas pela ordem de entrada e com a respectiva duração). Nenhuma grande novidade. A matéria dos presos libertados pelo juiz de Contagem abriria o jornal. E o óleo barato do Chávez venezuelano foi para o limbo.

Diante de saborosas tortas e antes de seguirem para o Projac – o centro de produções de novelas, seriados e programas de auditório da Globo em Jacarepaguá – os professores continuam ouvindo inúmeras referências a Homer Simpson. A mesa é comprida e em torno dela notam-se alguns olhares constrangidos.

Mas não se preocupe que em 2014 a copa do mundo de futebol é no Brasil. E, afinal de contas, isso é o que mais importa, não é? Somos penta! Vamos ao hexa!! Brasil- il-il-il!!!


( COMENTÁRIOS (em uma nova página)

20.11.07

Graças a DEUS!

Por Adriana Fernandes, do "Estado de São Paulo:

- A mobilização bem-sucedida dos setores contrários à "interrupção da gravidez" (sic), com o apoio explícito da Igreja Católica e da Pastoral da Criança, levou os delegados da 13.ª Conferência Nacional de Saúde a rejeitar ontem a proposta de apoio à legalização total do aborto no País. Os delegados da região Nordeste, que atenderam ao apelo da Igreja, foram fundamentais para a vitória antiaborto.

A decisão impôs uma derrota ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que defende o debate sobre a descriminalizaçã o do aborto por meio de projeto de lei. Também deve reforçar as pressões no Congresso contra projetos favoráveis à "interrupção de gravidez" (termo bonitinho...). Realizada a cada quatro anos, a conferência tem as suas deliberações usadas na formulação de políticas públicas. Atualmente, o Código Penal brasileiro permite o aborto, realizado por médico, somente em caso de estupro ou quando a mãe corre risco de morte.

A proposta de apoio à projetos de legalização do aborto foi a primeira a ser votada ontem no plenário final do encontro, que reuniu em Brasília cerca de 5 mil participantes, sendo 3.068 deles com direito a voto. A redação original da moção sobre a livre interrupção da gravidez não tinha a palavra “aborto”, mas um grupo de delegados, orientados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, conseguiu tornar explícita a intenção com a inclusão da palavra no texto (bravo!).

A expectativa do governo era de que a proposta de apoio à descriminalizaçã o fosse aprovada no plenário final, já que 7 das 10 plenárias prévias tinham deliberado a favor da medida. Mas, entre anteontem e ontem, os setores contrários intensificaram o corpo-a-corpo e organizaram uma estratégia bem-sucedida para derrubar a proposta. “O governo fica enfraquecido na sua decisão, porque a conferência decidiu que em relação ao aborto nos próximos quatro anos a posição é essa”, comemorou Clóvis Boufleur, da Pastoral da Criança e do movimento contra a proposta. Segundo ele, a vitória só foi possível depois que a palavra “aborto” foi incluída no texto a ser votado. “Muitas pessoas não sabiam direito o que estavam votando”, disse ele, autor do recurso para incluir a palavra “aborto” na moção.

Representante do ministro Temporão no último dia do encontro, o diretor de Ações e Programas Estratégicos o Ministério da Saúde, Adson França, favorável à proposta rejeitada, criticou a decisão, classificando-a de “hipócrita”. Segundo ele, o aborto é um problema de saúde pública, que precisa ser enfrentado.

O presidente da 13.ª Conferência Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, disse que o resultado da votação refletiu o trabalho de articulação e mobilização dos movimentos contrários ao aborto. Pelos seus cálculos, cerca de 70% dos delegados votaram contra a proposta. Os votos são dados pelos delegados levantando os crachás.

A diretora da Rede Nacional Feminista de Saúde, Clair Castilhos, lamentou a decisão, mas destacou que o debate vai continuar. Para ela, a decisão reflete o "fundamentalismo de setores da sociedade brasileira" (para algumas pessoas não te chamarem de 'fundamentalista', tem que aceitar tudo, até assassinato de bebês...). Nos três dias da conferência, as feministas fizeram várias manifestações em defesa do direito da mulher ao aborto (e contra qualquer direito dos bebês em suas barrigas à própria vida).


A mim, o que mais choca é a falta de ética e a desonestidade explícita dos abortistas em tentar fazer passar essa lei usando da desinformação e do cínico disfarce, omitindo a palavra "aborto" do texto. Coisa do diabo... Como se vê, uma batalha foi ganha, mas não a guerra, ainda. Não podemos baixar a guarda, porque os abortistas continuarão lutando pelo "direito" de as mulheres poderem assassinar seus filhos não nascidos à vontade, do mesmo jeito que têm o direito de cortar o cabelo ou fazer as unhas. Comemorar, mas com moderação.

11.11.07

Perigo! Perigo! Perigo!..


A hora é agora de repudiar qualquer doutrinação no sentido de estabelecer uma "democracia ditatorial", como na Venezuela. Vocês, que são de uma geração criada a Leite com Pêra, perguntem a seus pais ou avós como era o tempo da Ditadura. E ASSISTAM OS NOTICIÁRIOS E LEIAM JORNAIS. Leiam tudo sobre o que está acontecendo na Venezuela, porque a Bolívia será a próxima e o Brasil virá logo depois... Aqui já estão botando as manguinhas de fora:


Proposta sobre terceiro mandato é desarquivada

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), mandou desarquivar em abril deste ano uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que permite a reeleição sem limites para cargos majoritários - o que abriria caminho para a aprovação de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pedido, feito em fevereiro, partiu do deputado petista Fernando Ferro (PE). Ele solicitou o desarquivamento de propostas sobre a reeleição. O movimento petista pode acelerar a discussão levantada pelos deputados Devanir Ribeiro (PT-SP) e Carlos Willian (PTC-MG), que defendem a possibilidade de um terceiro mandato para Lula.


Simpatizantes do PT votam a favor do fim do Senado

No que depender dos simpatizantes do PT, o Senado deveria ser extinto para que o Brasil pudesse aperfeiçoar sua democracia. Esse é o resultado de uma pesquisa que circula no site oficial do partido. Nela, 894 visitantes (56,5%) votariam a favor do fim do Senado em benefício da democracia.


Por que esses FDP não vão morar em Cuba, Venezuela ou Bolívia?

Sabem o que está acontecendo na Venezuela? Pegam um país com grande desigualdade social, e em vez de investir no aumento do desenvolvimento, que permita que essa desigualdade diminua através de empregos, diminuição de taxas e infra-estrutura, dão ESMOLAS e incentivam o ódio contra a "oligarquia", um inimigo invisível que pode assumir a forma de alguém que tem um pouco mais que você. Assim, grande parte da população, mantida BURRA e POBRE, vota como cordeirinho no populista Chávez, solapando primeiro as instituições e agora querendo alterar a Constituição para que ele assuma poderes ditatoriais de vida e morte, digno de um Stalin. Isso não começou hoje, meus amigos!! O terreno foi preparado com cuidado, e não é à toa que Lula, Chávez e Evo Moralez são amiguinhos! ABRAM OS OLHOS!


Pois saibam (ou nunca esqueçam) que Hitler ADORAVA fazer plebiscitos pra referendar seus desvarios, pra jogar na cara das instituições nacionais ou internacionais que o "povo" estava com ele, apoiando seus atos de violência, como a "anexação" (invasão) da Áustria. E que ele, Hitler, sempre adorava aparecer como o Salvador, na última hora, por isso toda a máquina do Partido Nacional dos Trabalhadores funcionava de forma "independente", pra criar todo o clima político/militar enquanto Hitler fazia um doce, para no fim fazer de conta que está aceitando este tremendo fardo por ser o único capaz de fazê-lo, sempre por aclamação "popular". Foi assim que ele conseguiu a eterna presidência do partido (que outrora estava dividido entre Hitler e Gregor Strasser).


#Algo que recebi por email:


Você sabe como capturar porcos selvagens?

Havia um professor de química em um grande colégio com alunos de intercâmbio em sua turma. Um dia, enquanto a turma estava no laboratório, o professor notou um jovem do intercâmbio que continuamente coçava as costas e se esticava como se elas doessem.

O professor perguntou ao jovem qual era o problema. O aluno respondeu que tinha uma bala alojada nas costas pois tinha sido alvejado enquanto lutava contra os comunistas de seu país nativo que estavam tentando derrubar seu governo e instalar um novo regime, um "outro mundo possível".

No meio da sua história ele olhou para o professor e fez uma estranha pergunta: "O senhor sabe como se capturam porcos selvagens?"

O professor achou que se tratava de uma piada e esperava uma resposta engraçada. O jovem disse que não era piada.

"Você captura porcos selvagens encontrando um lugar adequado na floresta e colocando algum milho no chão. Os porcos vêm todos os dias comer o milho de gratuito. Quando eles se acostumam a vir todos os dias, você coloca uma cerca mas só em um lado do lugar em que eles se acostumaram a vir. Quando eles se acostumam com a cerca, ele voltam a comer o milho e você coloca um outro lado da cerca. Mais uma vez eles se acostumam e voltam a comer. Você continua desse jeito até colocar os quatro lados da cerca em volta deles com uma porta no último lado. Os porcos que já se acostumaram ao milho fácil e às cercas, começam a vir sozinhos pela entrada. Você então fecha a porteira e captura o grupo todo."

"Assim, em um segundo, os porcos perdem sua liberdade. Eles ficam correndo e dando voltas dentro da cerca, mas já foram pegos. Logo, voltam a comer o milho fácil e gratuito. Eles ficaram tão acostumados a ele que esqueceram como caçar na floresta por si próprios, e por isso aceitam a servidão."

O jovem então disse ao professor que era exatamente isso que ele via acontecer neste país. O governo ficava empurrando-os para o comunismo e o socialismo e espalhando o milho gratuito na forma de programas de auxílio de renda, bolsas isso e aquilo, impostos variados, estatutos de "proteção", cotas para estes e aqueles, subsídio para todo tipo de coisa, pagamentos para não plantar, programas de "bem-estar social", medicina e medicamentos "gratuitos", sempre e sempre novas leis, etc, tudo ao custo da perda contínua das liberdades, migalha a migalha.

Devemos sempre lembrar que "não existe esse negócio de almoço grátis" e também que "não é possível alguém prestar um serviço mais barato do que seria se você mesmo o fizesse".


Fonte: Saindo da Matrix

31.10.07

Muito além de Cidadão Kane...

...ou a proibida verdadeira história da TV Globo.


A nossa dura realidade de boiada estúpida e teleguiada, que outros povos conseguem compreender com maior clareza do que nós mesmos, pelo simples fato de olharem do lado de fora. Assista estes vídeos de 1993, proibidos no Brasil e que chegaram até nós graças à Internet e ao Youtube.

















Se você conseguiu assistir isto até o fim, com certeza vai se lembrar disso na próxima vez em que se sentar para assistir ao Jornal Nacional. Lembre-se: formar opinião pressupõe consultar várias fontes.

27.10.07

Crentes e crentes

Você viu?.. o Edir Macedo se posicionou a favor do aborto! Ué... resolveu assumir de vez a sua condição de falso profeta? Que bom, talvez assim pelo menos algumas pessoas acordem!..


Um show verdadeiramente evangélico #1



Um show verdadeiramente evangélico #2

12.10.07

"És bendita entre as mulheres" - Lucas 1:39-56


Evangelho

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam.

Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. - Palavra da Salvação

O evangelho da festa de hoje tem duas partes bem distintas, o encontro entre Maria (grávida de Jesus) e Isabel (grávida de João) , e o Canto do Magnificat.
Para entender o objetivo de Lucas em relatar os eventos ligados à concepção e nascimento de Jesus, é essencial conhecer algo da sua visão teológica. Para ele, o importante é acentuar o grande contraste, e ao mesmo tempo a continuidade, entre a Antiga e a Nova Aliança. A primeira está retratada nos eventos ligados ao nascimento de João, e tem os seus representantes em Isabel, Zacarias e João; a segunda está nos relatos do nascimento de Jesus, com as figuras de Maria, José e Jesus. Para Lucas, a Antiga Aliança está esgotada - os seus símbolos são Isabel, estéril e idosa, Zacarias, sacerdote que não acredita no anúncio do anjo, e o nené que será um profeta, figura típica do Antigo Testamento. Em contraste, a Nova Aliança tem como símbolos a virgem jovem de Nazaré que acredita e cujo filho será o próprio Filho de Deus. Mais adiante, Lucas enfatiza este contraste nas figuras de Ana e Simeão, no Templo, (Lc 2,25-38), especialmente quando Simeão reza: "Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. Porque meus olhos viram a tua salvação" (2,29).

Por isso, não devemos reduzir a história de hoje a um relato que pretende mostrar a caridade de Maria em cuidar da sua parente idosa e grávida. Se a finalidade de Lucas fosse somente mostrar Maria como modelo de caridade, não teria colocado versículo 56, que mostra ela deixando Isabel na hora de maior necessidade: "Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa". Também não é verossímil que uma moça judia de mais ou menos quatorze anos enfrentasse uma viagem tão perigosa como a de Galiléia à Judéia! A intenção de Lucas é literária e teológica. Ele coloca juntas as duas gestantes, para que ambas possam louvar a Deus pela sua ação nas suas vidas, e para que fique claro que o filho de Isabel é o precursor do filho de Maria. Por isso, Lucas tira Maria de cena antes do nascimento de João, para que cada relato tenha somente as suas personagens principais: dum lado, Isabel, Zacarias e João; doutro lado, Maria, José e Jesus.

O fato que a criança "se agitou" no ventre de Isabel faz recordar algo semelhante na história de Rebeca, quando Esaú e Jacó "pulavam" no seu ventre, na tradução da Septuaginta de Gn 25,22. O contexto, especialmente versículo 43, salienta que João reconhece que Jesus é o seu Senhor. Iluminada pelo o Espírito Santo, Isabel pode interpretar a "agitação" de João no seu ventre - é porque Maria está carregando o Senhor.

As palavras referentes a Maria: "Você é bendita entre as mulheres, e bendito é o fruto do seu ventre"(v.42) fazem lembrar mais duas mulheres que ajudaram na libertação do seu povo, no Antigo Testamento: Jael (Jz 5,24) e Judite (Jd 13,18). Aqui Isabel louva a Maria que traz no seu ventre o libertador definitivo do seu povo.
Vale destacar o motivo pelo qual Isabel chama Maria de "bem-aventurada" (v.45): "Bem-aventurada aquela que acreditou". Maria é bendita em primeira lugar, não por sua maternidade, mas pela fé - em contraste com Zacarias, que não acreditou. Assim, Lucas apresenta Maria principalmente como modelo de fé. Já no relato da Anunciação, Maria expressou essa fé quando disse: "Faça-se em mim segundo a tua palavra"(v.38). Assim, ela aceita, não somente ser a mãe do Senhor, mas a protagonista da construção duma sociedade de solidariedade e justiça, tão almejada por Deus. Por isso, Lucas faz uma releitura do Canto de Ana (I Sm 2,1-10) e coloca nos lábios de Maria o canto do Magnificat, em sintonia com a espiritualidade secular dos Pobres de Javé, que, desprovidos de qualquer poder, põem a sua esperança em Deus, que "dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias"(vv.51-53). Longe de ser uma figura passiva, a Maria deste capítulo é modelo para todos que assumem a luta em favor duma sociedade alternativa, de partilha, solidariedade e fraternidade.

Podemos também acrescentar que neste capítulo primeiro, nós encontramos - na Bíblia - as frases da primeira parte da oração da "Ave Maria": "Ave Maria"(Lc 1,28), "Cheia de graça"(Lc 1,28), "O Senhor é convosco"(Lc 1,28), "Bendita sois vós entre as mulheres"(Lc 1,42) "Bendito o fruto do vosso ventre" (Lc 1,42), que demonstra que, quando tratado com fundamento bíblico, a figura de Maria não é empecilho para uma caminhada ecumênica, pois a Escritura a aponta como modelo de fé para todos nós!

Pe. Tomaz Hughes - SVD

10.10.07

Download de filmes e livros para uso privado não é crime


Por Manoel Almeida

Apesar de fazer parte do cotidiano dos brasileiros de todas as classes sociais, a pirataria ainda é fonte de muitos erros, tabus e mistificações. Confundem-se atividades tão distintas quanto a clonagem em larga escala de produtos patenteados, para comércio não autorizado, com a simples cópia doméstica desses mesmos produtos para compartilhamento entre particulares.

Divulga-se ser crime toda utilização de obra intelectual sem expressa autorização do titular num país onde até o presidente da República confessa fazer uso de cópias piratas. Comparam-se cidadãos de bem a saqueadores sanguinários do século 18.

Os delatores fundamentam-se, invariavelmente, no Título III do Código Penal Brasileiro, Dos Crimes Contra a Propriedade Imaterial, artigo 184, que trata da violação dos direitos de autor e os que lhe são conexos.

São comuns assertivas do tipo "é proibida a reprodução parcial ou integral desta obra", "este material não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído", "pirataria é crime", "denuncie a falsificação". É proibido, ainda, "editar", "adicionar", "reduzir", "exibir ou difundir publicamente", "emitir ou transmitir por radiodifusão, Internet, televisão a cabo, ou qualquer outro meio de comunicação já existente, ou que venha a ser criado", bem como, "trocar", "emprestar" etc., sempre "conforme o artigo 184 do Código Penal Brasileiro".

Não é esta, todavia, a verdadeira redação do artigo. Omitem a expressão "com intuito de lucro", enfatizada pelo legislador em todos os parágrafos (grifou-se):

§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto.

Tanto o objeto da lei é "o intuito de lucro", e não simplesmente a cópia não autorizada, que CDs, VCDs, DVDs ou VHSs mesmo originais não poderão ser exibidos ao público sem autorização expressa do titular do direito.

Se o comércio clandestino (camelôs, estabelecimentos comerciais e sites que vendem cópias não autorizadas) é conduta ilegal, porém o mesmo não se pode afirmar sobre cópias para uso privado e o download gratuito colocado à disposição na Internet. Só é passível de punição:

Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente (art. 184, § 1º).

Contrario sensu, é permitida a cópia integral de obra intelectual, sem autorização do detentor do direito autoral, desde que não se vise lucro, seja direto, seja indireto, mas é proibida a cópia não autorizada, mesmo parcial, para fins lucrativos. Assim, não comete crime o indivíduo que compra discos e fitas "piratas", ou faz cópia para uso próprio; ao passo que se o locador o fizer poderão configurar-se violação de direito autoral e concorrência desleal.

Pelo Princípio da Reserva Legal, segundo o qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia fixação legal[1], a cópia integral não constitui sequer contravenção. No Brasil, quem baixa arquivos pela Internet ou adquire produtos piratas em lojas ou de vendedores ambulantes não comete qualquer ato ilícito, pois tais usuários e consumidores não têm intuito de lucro.

O parágrafo segundo do artigo supracitado reforça o caráter econômico do fato típico na cessão para terceiros:

§ 2º - Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente.

E assim seguem os parágrafos subseqüentes. Todos repetem a expressão "com intuito de lucro direto e indireto", expressão esta, como visto, que desaparece sempre que a lei é invocada na defesa dos interesses da Indústria.

Por conseguinte, mais coerente seria denominar-se pirata apenas as cópias feitas com intuito de lucro, direto ou indireto. Este último, diferentemente da interpretação apressada dos profanos no afã de imputar o consumidor, não é a economia obtida na compra de produtos ilegais. Ocorre lucro indireto, sim, quando gravações de shows são exibidas em lanchonetes e pizzarias, ou executa-se som ambiente em consultórios e clínicas, sem que tal reprodução, ainda que gratuita, fosse autorizada. A cópia não é vendida ou alugada ao consumidor, mas utilizada para promover um estabelecimento comercial ou agregar valor a uma marca ou produto[2].

A cópia adquirida por meios erroneamente considerados ilícitos para uso privado e sem intuito de lucro não pode ser considerada pirataria; sendo pirataria, então esta não é crime.

As campanhas anti-pirataria são cada vez mais intensas e agressivas e os meios de comunicação (muitos dos quais pertencentes aos mesmos grupos que detêm o monopólio sobre o comércio e distribuição de músicas e filmes) cumprem seu papel diário de manter a opinião pública desinformada.

Nenhum trecho de livro poderá ser reproduzido, transmitido ou arquivado em qualquer sistema ou banco de dados, sejam quais forem os meios empregados (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros), salvo permissão por escrito, apregoam a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) e as editoras. De fato, na quase totalidade das obras impressas, o leitor depara-se com avisos desse tipo:

Todos os direitos reservados, incluindo os de reprodução no todo ou em parte sob qualquer forma. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios sem permissão escrita da Editora.

Novamente, não é o que a legislação estabelece. O artigo 46 da Lei dos Direitos Autorais impõe limites ao direito de autor e permite a reprodução, de pequenos trechos, sem consentimento prévio. E o parágrafo quarto, acrescentado pela Lei n° 10.695 ao artigo 184 do Código Penal Brasileiro, autoriza expressamente a cópia integral de obras intelectuais, ficando dispensada, pois, a "expressa autorização do titular":

Não constitui crime "quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos" nem "a cópia em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto".

Ao mesmo tempo em que fatos são distorcidos, são omitidas as inúmeras vantagens de livros e revistas digitalizados, como seu baixo custo de produção e armazenamento, a enorme facilidade de consulta que o formato proporciona e seus benefícios ecológicos.

Seguindo a cartilha da administração Bush, órgãos como a Federação dos Editores de Videograma (Fevip) e o Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP) foram ainda mais longe ao associar todos os piratas às quadrilhas de crime organizado e ao terrorismo internacional. Também essas entidades ignoram, olvidam ou omitem que o lucro seja fator determinante para tipificação da conduta ilícita.[3]

O ápice, até o momento, dessa verdadeira Cruzada antipirataria foi atingido com a campanha mundial da Associação de Defesa da Propriedade Intelectual (Adepi) divulgada maciçamente nas salas de cinema, fitas e DVDs (inclusive "piratas"). Embalado por uma trilha sonora agitada, o video clip intercala diversas cenas de furto com as seguintes legendas: "Você não roubaria um carro". "Você não roubaria uma bolsa". "Você não roubaria um celular". Sempre inquieta, a câmera flagra diversos furtos simulados, finalizando com atores furtando uma locadora e comprando filmes de um camelô, imagens que antecedem a acintosa pergunta: "Por que você roubaria um filme?". O silogismo é barato e a conclusão, estapafúrdia: "Comprar filme pirata é roubar. Roubar é crime. Pirataria é crime!".

Repita-se: comprar filme pirata é conduta atípica. E mesmo se fosse crime, não seria "roubo". As cenas da própria campanha, conforme dito, são simulações pífias de furtos, não de roubos. Na definição do Código Penal Brasileiro, em seu artigo 157, roubar é subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça, violência ou outro meio que reduza a possibilidade de resistência da vítima.[4]

A premissa "comprar filme pirata é roubar" é despida de qualquer sentido e de fundamentação legal, tratando-se de propaganda falsa, caluniosa e abusiva, sujeita a sanções do Conar[5] e persecução criminal. Veja-se os arts. 138 e 37 do Código Penal e do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, respectivamente:

Calúnia: Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

Art. 37 - É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa.

Portanto, se houver crime é o perpetrado pela abominável campanha, que por sua vez vem somar-se a outros embustes, como o criado pela União Brasileira de Vídeo (UBV), de que produtos piratas danificariam os aparelhos, quando na verdade quem os danifica é a própria indústria ao instalar códigos de segurança que tentam impedir cópias.

Além de travas como a video guard, instaladas pelos titulares do direito de reprodução dito "exclusivo", manifestamente danificarem a integridade física dos aparelhos, afrontam o art. 184 supracitado. Quem adquire um produto tem o direito de fazer uma cópia de segurança (backup), até porque ainda não se sabe qual a vida útil desses produtos.[6] Os fabricantes que, sob qualquer pretexto, obstam o exercício desse direito cometem ato ilícito.

Ademais, se quem compra produtos piratas estaria sendo "enganado", "lesado", é vítima, não "ladrão". E se gravações de discos e fitas caseiros de fato provocassem danos, os mesmos seriam causados pelas mídias virgens legalmente vendidas pelas gigantes Sony, Basf, Samsung, Philips etc. e utilizadas pela população, nela incluídos os "piratas".

Na guerra contra os piratas vale tudo: intimidação, propaganda agressiva e incitação a delações, táticas coercitivas típicas de regimes autoritários. Outro episódio audacioso, senão ilegal, foi recentemente protagonizado pela maior empresa de softwares do mundo, que em 2005 lançou o WGA, sigla para Windows Genuine Advantage, programa que monitora a autenticidade do sistema operacional Windows.

Por esse sistema de checagem de veracidade via internet, a Microsoft entra no computador do usuário, coleta informações como quem produziu a máquina, o número de série do disco rígido e a identificação do sistema Windows. Se a cópia do Windows for ilegal, o usuário passa a receber alertas diários, sempre que liga sua máquina. Assim, a empresa faz um check up diário de suas máquinas. Essa abertura de comunicações tem alarmado os usuários, que dizem ser uma quebra nos padrões de privacidade e confiança. O assessor de mídia da Microsoft, Jim Desler, insiste que checagem de pirataria não é espionagem.[7]

Se isso não é espionagem, o que é espionagem, então? O WGA não é outra coisa senão um spyware, programas que se instalam no computador a fim de coletar dados do usuário, como senhas e arquivos. Não à toa, o fabricante responde a ações federais nos EUA, acusado de violar leis de software.

O compartilhamento de arquivos entre internautas, sem fins lucrativos, ainda não é crime no Brasil, mas pode vir a se tornar, dados o poderoso lobby e as pressões políticas e econômicas internacionais, principalmente dos EUA e Reino Unido, onde usuários já são julgados por downloads não autorizados.

No Brasil, anualmente, a pirataria causaria prejuízo aos cofres públicos na ordem de R$ 160 bilhões[8], e a União dos Fiscais da Receita (Unafisco) calcula que o fim da pirataria representaria a criação de até 2 milhões de empregos no país. Não se sabe a metodologia adotada e que permitiu chegar-se a esses resultados. Afinal, a base de cálculo é o que o comércio ilegal arrecada ou o preço do produto original cuja venda teria sido prejudicada? Ora, o simples fato de um comprador optar por um produto inferior não significa que ele pagaria dez vezes mais pela marca original, caso não tivesse opção. Portanto, o que os piratas lucram não é necessariamente o que a indústria perde. Os respectivos públicos são de classes bem distintas.

Mas se depender de entidades como a Adepi, em breve o desavisado que exercer sua liberdade de escolher um produto acessível poderá ser preso em flagrante, acusado de receptação, simplesmente por usar a imitação de alguma grife famosa ou por vestir a réplica da camisa oficial de seu clube preferido.

Mas em que pesem as falsificações de ambas as partes, é inegável a necessidade de tutela dos direitos autorais. São evidentes, entre outros, tanto o dano causado pela usurpação de um nome em cópias de má qualidade quanto o que sofre o autor cuja obra é fielmente reproduzida, mas sem que lhe seja dado o devido crédito.

A verdadeira pirataria moderna, enfim, precisa mesmo ser combatida. Mas que o seja dentro dos limites éticos e legais. O download gratuito de livros virtuais nada mais é que uma nova versão do sagrado, universal -- e lícito -- empréstimo de livros e revistas, de forma mais rápida, econômica e segura, multiplicando exponencial e democraticamente o acesso à cultura e a difusão do conhecimento.

É princípio fundamental no direito que o interesse público ou social deva prevalecer sobre o interesse particular. E, de resto, a propriedade, intelectual inclusive, "deve cumprir sua função social" (art. 5°, XXIII, da Constituição da República).


[1] O princípio "nullum crimen nulla poena sine lege" é cláusula pétrea da nossa Constituição (art. 5°, inciso XXXIX; c/c o § 4º, inciso IV, do art. 60) e fundamento do Código Penal Brasileiro (art. 1°).

[2] O lucro indireto também é bastante comum no comércio de computadores. O empresário incrementa suas vendas instalando programas sem a devida licença do fabricante. Essa instalação não tem qualquer ônus para o cliente, mas sem dúvida ajuda a empresa na conclusão dos negócios.

[3] Na verdade, o comércio não é fator determinante. Basta o intuito (o dolo), independentemente de lucro.

[4] Simplificou-se a redação original do artigo porque, além de pouco fluente, apresenta uma ambigüidade no verbo haver: "Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência". O pronome oblíquo pode se referir tanto à pessoa quanto à coisa móvel.

[5] Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária. "Organização não-governamental que visa impedir que a publicidade enganosa ou abusiva cause constrangimento ao consumidor ou a empresas."

[6] "O prazo de validade do disco DVD é indeterminado desde que observados os seguintes cuidados: Armazenar em local seco, livre de poeira, não expor ao sol, não riscar, não dobrar, não engordurar, não manter a uma temperatura superior a 55ºC, ou umidade acima de 60gr/m3 e segurar o disco pela lateral e furo central."

[7] Revista Consultor Jurídico.

[8] Segundo o relatório final da CPI da Pirataria

Revista Consultor Jurídico, 20 de agosto de 2007

Rompantes filosóficos


A Terra é um insignificante ponto azul, e o nosso sol apenas um entre milhões de sóis de uma pequena galáxia, que é apenas uma entre centenas de milhões de galáxias, onde se verificam constantes explosões de materiais e gases que vão formar planetas e sóis.

As dimensões e natureza do universo ultrapassam o nosso entendimento.

"Quando bebemos uma gota de água, bebemos o universo, pois a molécula da água, o H2O, reúne, no seu seio, o hidrogénio - vestígio da explosão inicial, ou Big Bang - e o oxigénio, produzido na fornalha das estrelas e exalado por elas." - Michel Cassé, astrofísico francês, Desafio do Século XXI, edição portuguesa: Instituto Piaget.

A vida é uma arte. A vida por ser perturbada pela antecipação de males futuros, pela corrida aos bens materiais, por pensamentos insensatos. A nossa felicidade pode ser prejudicada por escolhas erradas, e por ideias, concepções e opções de vida pouco sábias. Só sendo sábios podemos dar sentido à vida. E cabe à filosofia consegui-lo. A filosofia é uma forma de atingir a sabedoria, que é por seu turno a via de se chegar à felicidade.

Esta é, muito resumidamente, a posição de um importante grupo de filósofos antigos em que figura, como elemento destacado, Epicuro (341-270 a.C.).

Várias escolas de pensamento antigo defendem que a nossa felicidade depende muito daquilo que se passa na nossa mente. As nossas insatisfações e medos são causa de infelicidade, e isso está muito ligado aos nossos pensamentos e à nossa atitude positiva ou negativa face à vida. Séneca – e os filósofos estóicos em geral – é um dos grandes expoentes deste pensamento.

"Tudo passa pelos nossos pensamentos. (…) Um homem é tão infeliz quanto o seu convencimento de que o é." - Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio


Do belo site "Sentido da Vida".

19.9.07

O Evangelho Segundo São Dawkins

Dawkins está engajado até o último fio de cabelo na luta entre o Bem e o Mal.
Resta saber de qual lado ele está...


Do blog "O Franco Atirador" (recomendo veementemente uma leitura na postagem original e nos seus muitos comentários):

Crentes, tremei! Ateus e céticos do país, regozijai-vos! Acaba de chegar às livrarias brasileiras, pela Companhia das Letras, a principal arma de Richard Dawkins em sua santa cruzada contra as religiões: "Deus, um Delírio", livro cujo título já diz tudo sobre o tom panfletário, a postura de dono da verdade e o flagrante desrespeito por qualquer um que não compartilhe de suas crenças, qualidades que Dawkins já demonstrou sobejamente em suas muitas entrevistas e ensaios.

Não sendo nem crente nem ateu, a argumentação simplória dos céticos não me faz a menor mossa. Mas Dawkins é um espécime curioso, talhado sob medida para ilustrar como o fundamentalismo cientificista está mais próximo do fanatismo religioso do que seus valorosos defensores gostariam de pensar.


Areia do Saara – Como seus companheiros de trincheira costumam fazer, Dawkins reduz a religião ao fundamentalismo. A essência do comportamento religioso, de acordo com esse ponto-de-vista, não está em Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Ibn Arabi ou Shânkara, eruditos que amparavam suas crenças religiosas em sólida base científica e filosófica, mas apenas nos homens-bomba de Osama bin Laden e no pentecostalismo grosseiro de Bush. A partir daí, fica fácil argumentar que a religião só trouxe prejuízo à humanidade. Como diria Charles Fort, com esse tipo de argumento, eu posso provar facilmente que você é feito de areia do Saara – basta desconsiderar tudo o que há em você e que não é areia do Saara.

Além disso, ao igualar religião e fanatismo, Dawkins mostra uma ignorância crassa sobre a história e o dinamismo dos grupos religiosos, uma ignorância ainda mais imperdoável se considerarmos a quantidade de dados sobre o assunto reunidas ao longo de todo o século XX pela antropologia, psicologia e até neurologia, e que estão à disposição de quem quiser se informar em qualquer livraria ou biblioteca. Mas é claro que Dawkins não quer se informar.


Os Demônios da Dúvida – O fato é que o autêntico espírito religioso não é fanático e que o fanatismo só surge quando o espírito religioso desvanece na entropia e na desagregação. Coube a Jung demonstrar – tomando como caso de estudo o seu próprio pai, um pastor luterano cuja adesão inflexível aos dogmas escondia profundos questionamentos que o corroíam por dentro – que o fanatismo, na verdade, é um mecanismo neurótico de defesa contra dúvidas inconscientes. O fanático não é aquele que acredita – em Deus, na Ciência, seja no que for – mas aquele que deixou de acreditar. O fanático duvida com tanta intensidade que não pode se dar ao luxo de admitir as próprias dúvidas e, assim, reprime-as no inconsciente. É para se proteger contra elas que ele constrói uma postura rígida. Por esse motivo, ataca com violência (verbal ou física) qualquer um que ouse questionar suas crenças – porque basta o menor questionamento para o edifício inteiro desmoronar.

No entanto, isso também vale para os devotos de São Dawkins. A veemência com que os autoproclamados céticos atacam os religiosos em nome do conhecimento científico, a virulência de sua defesa das verdades científicas, o sarcasmo ofensivo com que brindam qualquer outra crença é uma demonstração eloqüente de que, quanto mais os cientificistas defendem conscientemente que todas as respostas devem vir da ciência, mais eles duvidam inconscientemente de que a ciência possa ter todas as respostas. Um exemplo basta para demonstrar: de acordo com a resenha da revista "Época" desta semana, ao lado dos extremistas religiosos, a outra bête noire contra a qual São Dawkins se bate são os pastores que querem que o criacionismo seja ensinado nas escolas, sob o nome de "teoria do design inteligente", ao lado do evolucionismo. Os proponentes do design inteligente não defendem que a teoria da evolução seja banida do ensino, mas que seja apresentada como isso mesmo, uma teoria, e que se diga às crianças que existem outras teorias alternativas.

Ok, os mais radicais defendem, sim, que o evolucionismo seja substituído pelo relato bíblico da criação, mas nivelar todos os criacionistas por baixo e jogar todos no mesmo balaio é uma injustiça, que não faz jus à inteligência – sofisticada ou sofística, não importa – de boa parte dos adeptos do design inteligente.

O mais curioso é que a postura de Dawkins é idêntica, não à dos criacionistas mais moderados, mas precisamente à dos radicais. Da mesma forma que os extremistas gostariam de proibir o evolucionismo em sala de aula, Dawkins é contra o ensino religioso nas escolas. Quer que as crianças aprendam somente a teoria da evolução, não como a teoria razoável e bem-fundamentada que é, mas como um fato absoluto e indiscutível. Dawkins justifica essa atitude com um argumento paradoxalmente oblíquo. Segundo ele, se todas as evidências científicas forem mostradas com honestidade às crianças, elas terão condições de decidir por si mesmas se a Bíblia é literalmente verdadeira ou não.

Agora, me corrijam se eu estiver errado. Se o objetivo é deixar as pessoas decidirem por si mesmas qual é a alternativa correta, então todas as alternativas não teriam que ser apresentadas com isenção e imparcialidade? Apresentar o evolucionismo como um fato científico estabelecido e, ao mesmo tempo, impedir que os defensores do design inteligente tenham uma chance igual de expor seu ponto-de-vista não é uma maneira de manipular os alunos, direcionando-os para uma conclusão pró-evolucionista?

Não me entendam mal, eu não estou defendendo o criacionismo. Como qualquer pessoa sensata, acredito piamente na evolução das espécies e que, com a seleção natural, Darwin topou com um dos mecanismos mais importantes dessa evolução. Já não estou tão certo de que seja o único mecanismo. A teoria junguiana dos arquétipos e os atratores estranhos da matemática do caos (que alguns consideram duas maneiras diferentes de descrever a mesma coisa) apontam para a possibilidade de que existam padrões de auto-organização atuando sobre a evolução das espécies, ao lado e em conjunto com a seleção natural, e Marie-Louise von Franz já havia sugerido, numa nota ao capítulo que escreveu para O Homem e seus Símbolos, que o desenvolvimento das espécies pode ocorrer de forma sincronística. Mas é claro que arquétipos, atratores estranhos e efeitos sincronísticos não têm nada a ver com o Grande Arquiteto do Universo com que sonham os criacionistas.


O Deus de Dawkins. – Há um outro aspecto no raciocínio de Dawkins que chama a atenção. Vamos olhá-lo de novo, desta vez citando textualmente a matéria da Época: “Expostas a todas as evidências científicas, as crianças vão crescer e ter condições de decidir se a Bíblia é literalmente verdadeira ou se o movimento dos planetas influencia sua vida, afirma Dawkins”, aproveitando para alfinetar os astrólogos, outro grupo que os céticos amam odiar.

A visão cética, portanto, fica presa a uma alternativa binária: ou bem as narrativas religiosas são literalmente verdadeiras, ou bem elas são falsas; ou bem os planetas influenciam fisicamente a vida das pessoas, ou bem a astrologia é uma furada.

“A hipótese de Deus”, escreve Dawkins, “é que existe uma inteligência sobrenatural que deliberadamente projetou e criou o universo e tudo dentro dele, inclusive nós.” Essa hipótese não se sustenta porque, de acordo com ele, se Deus existisse, estaria sujeito às leis da evolução: “Inteligências criativas, sendo fruto da evolução, necessariamente chegam mais tarde ao universo, e por isso não podem ser responsáveis por projetá-lo.”

Mesmo se admitíssemos a idéia de um Deus criador, tal qual acreditam os evangélicos, o argumento de Dawkins é uma falácia, e um Santo Agostinho ou Santo Tomás de Aquino não teria a menor dificuldade em mostrar sua inconsistência: ele só seria válido se Deus fizesse parte do universo e, portanto, estivesse sujeito a suas leis; mas o conceito de uma divindade que criou o universo pressupõe, justamente, que Deus é anterior ao universo e, dessa forma, precede essas leis que, na verdade, segundo essa hipótese, teriam sido determinadas por ele. Se foi Deus quem determinou as leis naturais, as leis naturais não poderiam determinar Deus.

É por isso que os místicos de todas as religiões insistem na chamada teologia negativa, isto é, na compreensão de que aquilo que chamamos de Deus está além dos limites da razão, da linguagem e da percepção. Isto porque o que nós denominamos “Deus” é o fundamento último não só da realidade, mas também dos processos cognitivos que usamos para perceber e interpretar essa realidade. Dessa forma, ele é anterior a esses processos e, conseqüentemente, não é abrangido por eles.

É claro que um racionalista de boa cepa como Dawkins teria problemas em aceitar que exista um nível de realidade que está além das limitações da razão, até porque o racionalismo se apóia sobre o axioma de que a razão não tem limitações. Mas, como todos os axiomas, o primado da razão é indemonstrável e, assim, torna-se uma questão de fé, tanto quanto a confiança do fundamentalista na existência literal de um Papai do Céu. Afinal de contas, a singularidade inicial que deu origem ao universo, de acordo com a teoria do Big Bang, não é, por definição, um ponto onde as leis da física, tais como a conhecemos, deixam de ser aplicáveis e que, por isso, não pode ser adequadamente descrita nem pela linguagem, nem pela matemática, que se contenta em indicá-la com uma notação abstrata? Não é, pois, uma entidade tão impessoal e incompreensível quanto o Deus da teologia negativa, que tanto os fundamentalistas da religião quanto os da ciência são incapazes de compreender?

30.8.07

Até quando, Brasil?


Se você entrar com o nome "Pit Bull" em qualquer serviço de busca de imagens da internet, vai dar de cara com uma infinidade de imagens de filhotes fofinhos e cães bonachões de cara bondosa, muitas vezes posando ao lado de crianças. "Cachorro é reflexo do dono"? A segunda foto aí em cima é de uma senhora que pensava assim, a infeliz ex-proprietária de um "dócil" exemplar da raça Pit Bull, após ser atacada no rosto pelo 'inocente animalzinho', enquanto o alimentava, sem nenhum motivo aparente. Bem, essa daí deve ter mudado de idéia, sem dúvida nenhuma...


Pit bull mata bebê de 3 meses; arrancou a criança do colo da avó - Época Estado

Menina de 4 anos morre após ataque de 2 cães pit bull - Worldpress

Pit bull arranca parte do couro cabeludo e orelha de um menino de 3 anos - Correio Brasiliense

Menina de seis anos atacada por pit bull está gravemente ferida no rosto e nos braços - Folha Online

Pit bull mata menina de um ano em Pelotas. O pai da criança disse à polícia que o cachorro sempre foi tranqüilo... - Agência Folha

Pit bull ataca e mata criança na vila Governaço - Álvaro Guimarães
"...Um cão da raça pitbull atacou e matou uma menina de um ano e quatro meses na manhã de ontem na periferia de Pelotas. A pequena Indiele Martins da Silva estava na sala da casa onde morava com os pais e três irmãos, na rua Um da vila Governaço, quando o cachorro invadiu a residência e a atacou. Um casal de tios da menina e vizinhos, alertados pelos gritos das outras crianças, correram para tentar salvar Indiele, mas quando conseguiram dominar o animal ela já estava morta..."

Pit bull ataca criança em Rio Preto - Portal de São José do Rio Preto:
"...Uma criança de apenas um ano de idade foi atacada nesta sexta-feira, em Rio Preto, por um cão da raça pit bull e teve parte da boca arrancada. O garoto J.E.S.V., brincava na rua Coutinho Cavalcanti, no Jardim Alto Alegre, zona leste de Rio Preto, quando foi atacado pelo cachorro. Segundo a polícia, a criança, que sofreu diversos ferimentos graves no rosto, foi socorrida para o pronto-socorro da Santa Casa de Rio Preto, onde passou por uma cirurgia reparadora nos lábios... Testemunhas contaram à polícia, que o cão teria pulado o muro da casa do auxiliar geral L.C.G.S., de 42 anos, que é seu proprietário e avançado na criança. O caso será investigado pelo 3º Distrito Policial de Rio Preto..."


Pit bull mata recém nascido em Campos
"...Um cão da raça pitbull MATOU UM RECÉM-NASCIDO no início da manhã desta sexta-feira na Rua C, casa 239, no Parque Aldeia, em Campos. O recém-nascido é filho da dona-de-casa Waldinéia, que tinha acabado de dar à luz. O CÃO DEVOROU A CRIANÇA. Policiais militares e bombeiros entraram na casa para tentar deter o cão..."

£££

Eu poderia citar milhares de casos, a lista é interminável. Todos os dias ocorrem casos como esses. Um deputado de São Paulo, o Gilberto Nacimento, propôs a proibição da raça em perímetro urbano, mas os amantes de cachorros ficaram revoltadíssimos e conseguiram derrubar a proposta junto ao nosso ex-governador molenga (ele mesmo, aquele que entregou a cidade nas mãos dos bandidos). Detalhe: Em todos os países do primeiro mundo, a criação das raças Pit Bull, Mastin Napolitano e Rottweiler é proibida em zona urbana. Inúmeras pesquisas, inclusive genéticas, já deixaram mais do que comprovado que essas raças, em especial o pit bull, não servem como animais de estimação, porque são naturalmente dotadas de força descomunal e um instinto assassino incontrolável .

Aqui no Brasil, sempre que se tenta tocar no assunto, o álibi dos criadores é o mesmo: "Mas a culpa é do dono e não do animal..." Claro e evidente que a culpa dessas tragédias todas não é dos animais, mas já que é impossível obrigar os donos a agirem responsavelmente (não há como fiscalizar cada marombado tatuado que anda desfilando sua masculinidade insegura pelas ruas, com um pit bull a tiracolo, por este país afora...), eu pergunto: Os cães importam mais do que nossas crianças e idosos, que estão sendo trucidados?

Mas para quem quer ter um cão de grande porte, existem 59 outras raças disponíveis, que servem como excelentes cães de guarda, e não apresentam esses graves problemas de comportamento. Porque a obsessão em criar justamente uma fera potencialmente assassina e imprevisível? Até já posso ouvir o que vão dizer - "Ah, mas o meu é bonzinho..." - Então me diz: e eu sou obrigado a correr o risco?

11.8.07

Karl Marx na fonte da juventude


Do site de Olavo de Carvalho

O recente “tsunami Marx que acaba de invadir as prateleiras das livrarias de todo o País”, como o qualifica entusiasticamente O Estado de S. Paulo do dia 22, comprova, da maneira mais clara possível, algo que venho dizendo há tempos: o bom e velho Partido Comunista ainda domina a indústria editorial e a mídia cultural no Brasil, aí exercendo um poder mais vasto e eficiente até do que nos anos 50 ou 60.

É natural que esse controle monopolístico do mercado jamais admita sua própria existência, procurando, ao contrário, explicar a onipresença retumbante da propaganda marxista nas livrarias como se fosse um fenômeno espontâneo gerado pela pura “vitalidade intelectual” do marxismo, imune ao fracasso econômico dos regimes socialistas.

Mas essa vitalidade intelectual simplesmente inexiste.

Nove décimos do “pensamento marxista” desde a morte de Marx consistem em produzir novos significados para a doutrina do mestre, de modo que ela acabe dizendo o que não dizia antes e, a cada vez que é refutada pelos fatos, pareça emergir do confronto revigorada e vitoriosa.

Uma das estratégias mais freqüentes usadas para esse fim é dissolver a estrutura da teoria tal como aparece nos escritos de Marx e reconstruí-la desde algum ângulo que pareça mais vantajoso – ou menos vexaminoso – desde o ponto de vista do estado presente dos conhecimentos.

O marxismo, como o darwinismo, não sobrevive ao teste do tempo mediante repetidas comprovações da sua veracidade originária, como acontece com a aritmética elementar ou com a tabela periódica dos elementos, mas mediante a descoberta – ou invenção -- de novas veracidades possíveis ocultas sob os escombros das suas pretensões refutadas.

Qualquer teoria, beneficiada ciclicamente por esse tratamento rejuvenescedor, pode adquirir uma espécie de eternidade. O que os responsáveis por semelhante milagre geriátrico jamais informam à deslumbrada platéia é que esse tipo de vida eterna não é próprio das teorias científicas e sim dos símbolos literários, que, justamente por não terem significados estáveis e definitivos, podem sempre se enriquecer de novos e novos significados, até mesmo contraditórios entre si, à medida que a experiência os sugira à fértil imaginação de cada interessado. Mergulhado de tempos em tempos nessa fonte da juventude, até mesmo o “eterno retorno” nietzscheano pode retornar eternamente sem que ninguém jamais consiga refutá-lo de uma vez por todas, embora todo mundo saiba que ele é falso.

Mas essa estratégia, no caso do marxismo, seria impotente para obter resultados tão animadores se não fosse secundada por uma técnica ainda mais sutil e maravilhosa, que é a de camuflar as ações e os efeitos da própria militância marxista sob a aparência de forças sociais impessoais que, hipostasiadas, posam então de agentes da história em lugar dos agentes de carne e osso a serviço dos movimentos revolucionários. Não deixa de haver uma certa virtude ascética na humildade com que os exércitos de formadores de opinião e agentes de influência esquerdistas renunciam ao mérito histórico das suas ações e desaparecem por trás do cenário, atribuindo os resultados de seus esforços à dialética anônima do “mercado”, a qual, abstração feita da guerra cultural incessante movida pela militância esquerdista para corromper o capitalismo desde dentro, parece até funcionar como Marx disse que funcionaria.

O acontecimento mental mais importante e notório da segunda metade do século XX é a disseminação do “marxismo cultural” entre as classes superiores no mundo ocidental. Ela tem como corolário inevitável a apostasia geral em relação aos valores morais e religiosos que fundaram o capitalismo. Na geração dos baby-boomers que hoje brilham nos altos postos das finanças, da indústria, da mídia e do show business , quem não aderiu francamente ao esquerdismo e ao anti-americanismo ao menos abjurou por completo das crenças religiosas dos seus pais e se imbuiu de um progressismo darwinista ou de um liberalismo amoral que não hesita em promover as causas esquerdistas – especialmente o abortismo e o gayzismo –, pensando só nas vantagens econômicas imediatas que isso pode lhe trazer e nem de longe se preocupando com as conseqüências sociais, culturais e políticas de longo prazo. O resultado é que a democracia vai sendo minada nas suas bases por meio dos mesmos instrumentos econômicos criados para fomentá-la. Se, nesse panorama, você fizer abstração do fator “guerra cultural”, que é o principal determinante do conjunto, restará apenas a contradição crescente entre democracia e enriquecimento capitalista, dando razão aparente à previsão de Marx. Assim os próprios agentes da guerra cultural matam dois coelhos com uma só cajadada: dão sumiço às suas próprias ações subversivas e no mesmo ato elevam ao nível de verdade profética a visão fantasiosa que Marx tinha das “contradições do capitalismo”. (Como já expliquei dias atrás -- http://www.olavodecarvalho.org/semana/070620dce.html --, a duplicidade de línguas é traço permanente e estrutural da mente esquerdista, toda ela modelada pelo exemplo “dialético” de Stalin, que fomentava o nazismo em segredo para e o condenava em público.)

O “tsunami Marx”, além de ser um acúmulo de simultaneidades demasiado ostensivo para poder ser explicado ele próprio pelas tendências espontâneas do mercado, é todo ele constituído de mutações retroativas como aquela que acabo de descrever. O novo Karl Marx que ali se apresenta para receber os aplausos da galera tem tanto a ver com o antigo quanto o evolucionismo do sr. Richard Dawkins, onde tudo acontece por acaso, tem a ver com o darwinismo originário no qual nada acontece por acaso (de modo que em qualquer dos dois casos o evolucionista está sempre com a razão).

Qualquer filosofia ou teoria científica que se arrogue o direito de mudar de significado quando bem lhe interesse adquire o delicioso privilégio de não poder ser jamais contraditada pelos fatos. Que uma parcela significativa da classe intelectual e de seus acólitos na mídia se dedique à produção dessas transmutações, é a prova incontestável de que a “cultura superior” está se transformando cada vez mais numa modalidade socialmente aceita de crime organizado.

31.7.07

For the Love of GOD




Da próxima vez que você for obrigado a ouvir um axé, um pagodinho ou um funke... lembre-se que ainda tem gente fazendo MÚSICA ao redor do mundo. Steve Vai.

Por Amor a DEUS. Acorde. Viva. Seja. Faça. Descanse. Ria e chore. Ame. Curta a paz, e faça a guerra quando for necessário. Faça a sua parte. Faça bem feito. Aceite. Recuse. Confesse. Negue. Tudo a seu tempo. Tudo e Nada... Por Amor a DEUS.


for the love of GOD versão orquestra



21.7.07

Versos de Santo Agostinho


"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!

Tarde demais eu te amei!

Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!

Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.

Estavas comigo, mas eu não estava contigo.

Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.

Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.

Fulguraste e brilhaste, e tua luz afugentou a minha cegueira.

Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.

Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz..."

17.7.07

Apelo Cultural!

Divulguem, por favor, e acessem, para não perdermos essa ferramenta!

Imaginem um lugar onde se pode ler gratuitamente, as obras de Machado de Assis, ou A Divina Comédia, ou ter acesso às melhores histórias infantis de todos os tempos.

Um lugar que lhe mostrasse as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci. Onde você pudesse escutar músicas em MP3 de alta qualidade.

Pois esse Lugar existe!

O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:

www.dominiopublico.gov.br

Só de literatura portuguesa são 732 obras!

Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por falta de uso, já que o número de acessos é muito baixo.

Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.

Divulguem para o máximo de pessoas, por favor, e eu prometo que não vou comentar do absurdo que é um site destes correndo o risco de desaparecer por causa da falta de uso.

Enquanto isso, sites como "Kibeloco" e "O Fuxico" continuam bombando...

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12.7.07

Imperialismo

Uma das palavras mais utilizadas pela esquerda é “imperialismo”. No âmbito socialista, ela adquire diferentes significados, desde a construção de um império territorial – movimento levado a cabo em toda a História por grandes potências que reduziam os conquistados a colônias mais ou menos integradas politicamente ao centro dominante – até o simples investimento de empresas fora do país na qual possuem sua sede. Assim, o termo corresponde a coisas tão distintas quanto a conquista dos celtas pelos exércitos de César na Antiguidade, da Península Ibérica pelos mouros na expansão do Islam, dos astecas por Cortés na conquista da América, do Egito pela Inglaterra durante o neocolonialismo do século XIX, e até mesmo a abertura de um "McDonald’s" na França no século XX. Uma palavra tão ampla assim serve muito bem ao propósito publicitário de possuir um slogan repleto de fortes emoções e passível de ser utilizado conforme os objetivos políticos do momento.

Esta ambigüidade pode ser aferida com alguns exemplos. Se o conceito diz respeito à exportação de capital expressa em investimentos empresariais em outros países, até os regimes socialistas seriam aliados do “imperialismo internacional”. Tanto URSS, quanto China e regimes associados buscaram, em algum momento, estimular a produção de seus países e atrair – pasmem! – fábricas, empréstimos, investimentos de outras nações. Além disto, uma vez definido o conceito desta maneira, é facilmente demonstrável que o “imperialismo” é, antes de tudo, bem vindo.

O comércio entre os países, bem como a transferência de capitais de países desenvolvidos para os mais empobrecidos, são o verdadeiro esteio e fundamento da industrialização destes últimos. Não fosse a Volkswagen abrir uma plant um dia no Brasil – nos longínquos anos 1950 -, não teríamos capital e mão de obra qualificada o suficiente para fabricarmos hoje aviões, não estaríamos entre os países de maior economia do mundo, nem seríamos um dos maiores parques industriais. O mesmo pode ser dito de todos os NIC(novos paises industrializados), tais como a Coréia do Sul, e aqueles que um dia esperam se tornar um (como, quem diria, o Vietnam, país doido por bastante “imperialismo”, isto é, capitais e investimentos estrangeiros).

A utilização da palavra “Imperialismo” neste sentido economicista era bem típica da primeira metade do século XX, e foi ficando gradualmente defasada em relação à realidade global na medida em que aquelas décadas foram ficando para trás. Ela não pode ser utilizada para significar exatamente “comércio desigual”, já que mais de oitenta por cento das trocas entre os países desenvolvidos sempre se deram entre os mesmos. A briga dos países mais pobres era, e é, então, para participar mais deste comércio, e não menos. Se conceituar o slogan por este viés econômico não produz bons resultados para a esquerda, já que pode ser facilmente demonstrado que exportação de capitais e comércio entre países não é algo que seja maléfico – muito pelo contrário -, só resta aplicar a palavra em outro terreno.

Uma outra maneira é o viés político: Imperialismo seria antes de tudo a conquista territorial de um outro país, levado a frente por interesses mil, principalmente – como é típico em uma explicação socialista – econômicos. Foi neste sentido que Lênin o conceituou ao defini-lo como “a fase superior do capitalismo”, em meio à expansão colonialista levada a frente pelas principais potências européias na segunda metade do século XIX e que reduziu a quase totalidade de Ásia e África a colônias. Mas é óbvio que, se Imperialismo é isto, o culpado do mesmo não é o capitalismo, já que é facilmente demonstrável que:

1) Este tipo de invasão sempre ocorreu na História, em qualquer sistema de produção existente - inclusive o comunismo, como vou falar logo adiante - e não se pode afirmar a priori que ele seja sempre prejudicial;

2) O neocolonialismo do século XIX não tinha um caráter meramente econômico, já que muitas colônias não davam retorno nenhum – algumas eram pedaços de deserto ferozmente disputados -, pelo contrário, davam prejuízo;

3) Diferente do que Lênin dizia, o capitalismo sobreviveu muito bem sem este tipo de conquista, e a maior potência do século XX, os EUA, não se tornou um Império colonial como os europeus; pelo contrário, esteve no cerne da pressão pelo desmantelamento dos mesmos;

Ou seja, por mais que existissem também motivos econômicos para o neocolonialismo europeu do século XIX, ele não pode ser explicado apenas como conseqüência óbvia e exclusiva do capitalismo. A Inglaterra não se tornou menos industrial e seu mercado menos livre simplesmente porque abriu mão de suas colônias, e o capitalismo norte americano nunca precisou das mesmas. Pelo contrário, foi a partir da ascensão dos USA após a primeira guerra mundial que a era das colônias começou a acabar, pela defesa de Thomas Woodrow Wilson, presidente americano na segunda década do século passado, da autodeterminação dos povos, conceito que foi um dos pilares da fundação da Liga das Nações (protótipo da ONU) e serviu para remodelar o mapa europeu, tendo por objetivo colocar fim aos grandes impérios dinásticos ("as prisões dos povos", como eram chamados). A partir dali, o fim dos grandes impérios europeus soou, e eles se esvaneceram no mesmo passo da ascensão da hegemonia norte americana.

Mais interessante ainda é que, segundo esta definição, as maiores potências imperialistas do pós segunda guerra foram justamente as...socialistas! O último grande império colonial existente no mundo foi a União Soviética, que nada mais era do que um conjunto de quinze repúblicas dominadas pela Rússia, como nos velhos tempos do Czarismo. Ao mesmo tempo, os comunistas soviéticos mantinham o controle militar e político do Leste Europeu, enquanto acusavam os seus inimigos norte americanos de praticarem imperialismo por simplesmente abrirem fábricas em outros países, tirando empregos de seus cidadãos em prol dos de outras nações (não é preciso lembrar que uma vez terminada a segunda guerra, e a reconstrução dos países derrotados na mesma, as tropas norte americanas gradualmente voltaram para casa, muito diferente do que fez a União Soviética).

A coisa se torna mais cômica quando se sabe que o maior país socialista do mundo, a China – cuja única virtude atual é a economia, que já não pode ser descrita exatamente como socialista -, é uma potência imperialista que tiraniza o Tibet, tentando destruir à força sua cultura secular; e ameaça continuamente de invasão Taiwan, que só não acordou ainda com os exércitos do Dragão Vermelho na sua porta por causa do compromisso moral assumido pelos “imperialistas” norte americanos em defendê-los, compromisso mantido mesmo quando já não há mais nenhum interesse dos EUA em proteger a ilha, dado o fim da guerra fria. Portanto, quando a esquerda fala de imperialismo neste sentido deve-se tentar entender o que querem realmente dizer. Não pode ser a conquista territorial de outro país, a redução de outro país à colônia, já que simplesmente não há potências capitalistas fazendo isto – tomando-se por pressuposto que capitalismo pode ser tido como uma ideologia oposta àquela da esquerda, não vou entrar neste debate neste post, mas em um futuro; basta indica que é nisto que a militância socialista acredita, ou finge acreditar -, ao mesmo tempo que há todo um histórico de países socialistas comprometidos com suas incursões imperiais.

Resta o conceito mais comum, mais arraigado na militância socialista. Imperialismo seria sinônimo de intervenção norte americana. Claro que os intelectuais e líderes da produção acadêmica de esquerda não levam isto muito a sério, já que esta definição é totalmente ingênua, descontextualizada e baseada no desconhecimento do nascimento do chamado “império norte americano”. Mas ela é muito útil como slogan e propaganda, daí sua ampla utilização.

Basta analisá-la mais de perto para notar a contradição da idéia. Toda intervenção norte americana seria imperialista? A intervenção na primeira guerra mundial, apoiada pela esquerda internacional, seria imperialista? E a intervenção na segunda guerra, igualmente apoiada pela esquerda, também o seria? Teria sido imperialismo a intervenção dos EUA na Bósnia, para acabar com o genocídio promovido por Milosevic? Dificilmente algum esquerdista diria que sim, resguardando a palavra para aquelas situações onde a intervenção não fosse motivada por alguma forma de “humanitarismo”, mas sim associada a qualquer outro tipo de interesse. Mas ainda aqui a posição é indefensável. Em todas estas intervenções, os EUA foram movidos tanto por compromissos morais, quanto por interesses bem específicos. A existência de outros interesses por detrás de intervenções não nega nem a presença de sentimentos humanitários no empreendimento, como também nada fala sobre a necessidade ou não da mesma.

Se a simples existência de uma forma de interesse não humanitário tornasse dispensável uma intervenção, a operação cirúrgica que parou o genocídio nos Bálcãs e salvou centenas de milhares de vida, levando os dirigentes genocidas a julgamento internacional, não deveria ter ocorrido. Os USA aproveitaram a ocasião para estender a hegemonia militar da OTAN no leste europeu, para desagrado da União Européia e da Rússia. Bom para os EUA, melhor ainda para os centenas de milhares que sobreviveram e para a Justiça Internacional que teve uma oportunidade ímpar de se fazer valer. Afirmar que a operação não deveria ter ocorrido só para se colocar contra a hegemonia norte americana é uma total inversão de valores, uma justificação do genocídio em nome de uma antipatia qualquer por um país que, mal ou bem, estava agindo, exercendo sua superioridade bélica, para deter um morticínio totalmente ilegítimo.

A situação dos socialistas na questão se torna ainda mais complicada já que a era das intervenções globais norte americanas, a ascensão dos EUA à “polícia do mundo”, foi levada a cabo pela própria esquerda norte americana e apoiada pela maioria esmagadora da esquerda internacional. Embora fatos como este sejam pouco conhecidos de muitos (já que não constam nas cartilhas de propaganda a partir das quais a militância esquerdista acha que pode entender e, valha-nos Deus, transformar o mundo), não o são pelos próprios intelectuais líderes da esquerda. A sociedade norte americana, cujo conservadorismo é notório, sempre foi isolacionista em relação aos problemas europeus – o que significa ser alheia aos problemas mundiais. Um norte americano sabe muito pouco sobre o que ocorre fora de seu país – o que é fonte inesgotável de piadas sobre o provincianismo dos USA, sobre seu lado caipira. Os únicos temas internacionais com chances reais de repercutir na população norte americana são aqueles que se associam, de algum modo, a seus problemas internos. Por isto as poucas intervenções dos EUA fora de seu território antes da primeira guerra mundial, foram pontuais, e restritas ao pacífico e América Central, regiões com laços históricos com eles dada a contínua onda migratória que partia destas regiões rumo a América do Norte. Assim, o Commodoro Perry bombardeou o Japão em meados do século XIX, e os EUA entraram em guerra contra a Espanha em 1898 para ajudar a independência de Cuba, Filipinas e Porto Rico.

A própria onda de intervenções na América Central durante o final do século XIX, que gerou a famosa política do Big Stick, já ocorreu em um momento de crescimento da esquerda norte americana, através do progressive movement, que traz em seu próprio nome sua origem não conservadora, mas associada à ideologia do progresso. Este movimento misturava temas conservadores e social democratas em doses distintas, e começou a erodir o domínio que o Partido Republicano tinha na política americana desde sua vitória na Guerra de Secessão. Muitos de seus partidários eram políticos do próprio GOP (Great Old Party, como é conhecido o Partido Republicano) que, de uma forma de outra, iam se distanciando do mesmo a ponto de serem marcos na gestação de pelo menos dois novos sistema político partidários (o quarto sistema, marcado pela ascensão progressive, e o quinto, que se deu em torno do New Deal). Há vários temas que poderiam ser tratados aqui, mas basta dizer que é deste tempo o crescimento da população católica e o auge da imigração européia para os EUA, como também de sua ligação com demandas mais progressistas, a geração do nacionalismo norte americano, a busca pela criação de legislações trabalhistas e mecanismos welfare etc.

Mas o importante para este post é o crescimento de de princípios progressistas na população norte americana e entre os republicanos, e que levou a uma busca por inserir os EUA na política internacional. O primeiro sintoma disto foi a intervenção – olha a palavrinha aí – na primeira grande guerra, e a conseqüente atuação de Wilson para a construção de mecanismos internacionais capazes de gerir, por cima da soberania das nações (apesar de toda retórica dizendo que elas não estariam nem um pouco ameaçadas), os conflitos globais. Esta consequência imediata não foi bem vista pela mentalidade do povo, cujo cerne continou conservador, e o Congresso não permitiu a entrada do país na Liga das Nações, desmoralizando a mesma logo de cara. A década de 1920 nos EUA foi antiprogressive em toda linha, e se viveu o paradoxo de que a maior potência mundial simplesmente se recusava a exercer sua hegemonia, preferindo fechar tanto o seu mercado interno, quanto se eximir de questões globais. Eram os conservadores norte americanos que estavam por trás deste sonho da militância socialista.

Claro que algo assim não poderia dar certo, e este isolacionismo foi uma das causas determinantes tanto da crise econômico financeira inaugurada em 1929 quanto da ascensão se movimentos autoritários ao redor no mundo. Franklin Delano Roosevelt, eleito presidente em 1932 e saído das hostes dos progressives, foi o presidente que inaugurou a liberal era nos USA: a política norte americana seria dividida a partir dali entre aqueles que apoiavam e aqueles que eram contrários ao New Deal, e a esquerda dominaria a político em âmbito federal até o fim da década de 1960. Nos anos 1950, por exemplo, só os mais corajosos direitistas norte americanos tinham coragem de se dizer conservative, já que a propaganda democrata, que dominava os principais instrumentos de mídia então, tornou a palavra sinônimo de “insensibilidade social”.

A atuação de Roosevelt não foi apenas no sentido de construir uma economia mista e um welfare state, mas também de, finalmente, romper o isolacionismo de seu país. Ele foi mal-sucedido nisto durante toda a década de 1930, período no qual não só os republicanos eram avessos à idéia de envolvimento internacional, com também grande parte dos democratas. A segunda guerra mundial foi a grande oportunidade para mudar isto, e o fato de os EUA só entrarem na mesma após a um bombardeio no Pacífico é muito revelador – ainda mais quando se nota o fato de que o Congresso aprovou a declaração de guerra tão somente contra o Japão. De qualquer maneira, a era do internacionalismo americano é construída pela social democracia nos EUA, como também os instrumentos destinados a levá-la a frente, tais como a ONU, o Banco Mundial e o FMI. A própria retórica da Guerra Fria foi, dentre outras coisas, uma maneira encontrada de manter o país atuante na arena internacional, e o anticomunismo se associou perfeitamente a este empreendimento.

Não é à toa que o primeiro governo conservador dos EUA na era pós guerra fria, o de George Bush filho, recebeu, logo no seu início, a crítica maciça da esquerda internacional de ser “isolacionista”. Era o temor de que, sem o inimigo do comunismo, os norte americanos mais uma vez dessem as costas para o globo, levando a ONU e outras organizações nas quais se apóiam os movimentos de matiz socialista em todo o mundo, à completa irrelevância. As piadas que eram comuns no primeiro ano do mandato de Bush eram aquelas que o retratavam como um caipira que desconhecia completamente o que se passava ao redor do mundo. Logo após o 11 de setembro de 2001, uma das primeiras interpretações de um intelectual de esquerda a respeito do atentado, Francisco Carlos Teixeira, dizia que a culpa pelo mesmo era do novo isolacionismo norte americano, que os EUA não podiam deixar de atuar no mundo, que os conservadores ao redor de Bush estavam errados etc. Bem, os conservadores resolveram atuar no mundo após isto, só que não do jeito que os socialistas queriam, isto é, fortalecendo a ONU; mas utilizando a nova doutrina de “unilateralismo”, que afirmava, dentre outras coisas, que se a organização estivesse disposto a colaborar para combater o terrorismo internacional, ótimo; mas se não estivesse tudo bem: se agiria por cima dela, realizando acordos nação a nação, e não por meio dos organismos internacionais.

Toda esta disgressão serve para demonstrar que a palavra “imperialismo” na boca da esquerda se refere não a toda e qualquer intervenção norte americana, mas àquelas que não atendam aos seus interesses globalistas, de fortalecimento da ONU e dos movimentos sociais ligadas a esta instituição. E com isto contam com o apoio de movimentos políticos que, apesar de não serem ligados a esquerda, vêem uma oportunidade de, por meio da ONU, levarem adiante seus propósitos nacionais (como Chirac na França). Ser "anti imperialista", na verdade, é ser imperialista de um outro modo, é advogar uma intervenção associada ao ideário da esquerda, ou de modo mais amplo, progressista e, para realizá-la, instrumentalizar os USA, já que a ONU não tem tropas e não sustenta a si mesma. A demonstração cabal deste ponto é que o único movimento político que realmente defende a total retirada norte americana da arena internacional é a parte mais tradicionalista da direita norte americana, os paleoconservatives, que continuam advogando o retorno do país aos anos anteriores à década de 1930.

Uma vez que se retira a aura sentimentalóide com que a esquerda pretendeu envolver a palavra Imperialismo, para torná-la totalmente manipulável pela sua propaganda, o debate sobre as propostas reais por trás da mera estratégica ideológica pode seguir adiante de maneira objetiva. Até que ponto a concentração de poderes da ONU, por cima de toda e qualquer soberania nacional, é benéfica? Até onde este é o melhor caminho? A que interesses esta concentração de poderes serve? Qual o programa dos movimentos políticos que o apóiam? A resposta não pode ser, é claro, a la Heloísa Helena, a la adolescente universitário fantasiado de Che Guevara (“construir um mundo rosa, luminoso e justo”). É necessário ser mais preciso do que isto.

Texto de André Luiz "VBT" dos Reis.

7.7.07

Várias

A história se repete

Um dos livros que estou lendo atualmente é “A Linguagem de Deus”, do Dr. Francis S. collins, o cientista norte-americano que foi o diretor do Projeto Genoma. Ele era um ateu convicto, daqueles que acham que a ciência "prova" que Deus não existe. Durante o desenvolvimento dos seus trabalhos e o seu aprofundamento neste que foi o maior e mais importante projeto científico da história da humanidade, ele foi se convencendo, gradativamente, da necessidade da existência de um Inteligência Superior e independente da natureza conhecida, para explicar a existência da própria natureza. Acabou tão convencido que escreveu este livro, com a intenção, exatamente, de comprovar por meio do raciocínio científico que, sim, há um Deus!

Adoro essas ironias, e o livro é ótimo. Só para constar: Há dois dias eu li a matéria de capa da "Superinteressante" deste mês, que pretende negar a existência de Deus, baseada nas idéias de Charles Darwin. O título da matéria, bem ao estilo sensacionalista da revista: “O homem que matou Deus”... então tá. Li a matéria e não tive como não me chocar com a abordagem linear e extremamente simplista dada a um assunto tão profundo e potencialmente rico para ser visto e revisto sob diversos ângulos. Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde, dando prosseguimento à leitura do livro do Dr. Collins, exatamente do ponto em que eu tinha parado no dia anterior, tive o prazer de ler uma magistral abordagem científica realmente aprofundada sobre o mesmíssimo tema! E as conclusões do homem que é considerado o maior expoente da genética mundial, nos dias atuais, são completamente opostas às do autor da matéria da revista! O único problema é que, para cada um um que leu o livro, há milhares que leram a revista... como diria o grande filósofo contemporâneo que atende pela alcunha de “Bambam” - “Faz parlte...”


Por quê que a gente é assim?

Recentemente a nossa mis Brasil perdeu o título de miss Universo para a candidata do Japão. Não demorou nem um minuto para que uma enxurrada de jornalistas, celebridades e formadores de opinião do nosso país, em geral, se levantassem para protestar, em uníssono, contra o que classificaram como uma terrível injustiça. Uma tempestade de manifestações indignadas de despeito explícito! Que coisa feia... não há esperanças de alguém convencer esse povo de que beleza é um fator relativo, que depende do olhar de cada um... conheço um artista talentoso que observou que a beleza da brasileira talvez fosse mais óbvia e até mais exuberante, mas que a da “japa girl” seria mais para os que sabem apreciar com profundidade, uma beleza sutil e que esconde um quê de mistério... Bom, mas o fato é que a sutileza nunca foi o nosso forte.


Sem querer entrar na polêmica, mas alguém tem coragem de falar que essa menina aí em cima não merece ser a nova miss?.. Tudo bem que eu sou suspeito (sempre fui fã da beleza oriental).

Óbvio que a candidata brasileira também era belíssima, e poderia muito bem ter ganho o concurso com toda a justiça. Mas a questão que estou levantando aqui não é a da apreciação da beleza em si, e sim, a de saber perder. Perder com elegância, ou, no mínimo, com educação. Seja como for, o fato é que sempre que o Brasil perde alguma coisa, como final de copa do mundo de futebol, é porque foi roubado, porque alguém comprou o resultado, comprou o juiz, o time, comprou todo mundo... Quando "Central do Brasil" perdeu o oscar para "A vida é bela", toda a nação, incluindo o elenco do filme e nossos astros e estrelas, gritaram juntos: "Injustiça! Armação!.."

Oh, como admiro quem sabe perder. Demonstra, antes de tudo, grandeza de caráter. Precisamos aprender essa arte urgentemente...


Por quê que a gente é assim? - II


Aliás, nada me chateia tanto, em termos de brasilidade, quanto a nossa mania em época de copa do mundo, de ficarmos todos cegos, surdos e loucos. Nessas ocasiões, vejo os povos do mundo inteiro se confraternizando, preocupados muito mais com amizade e congraçamento do que com vitória ou derrota. Menos o Brasil.

Torcedores de praticamente todas as nações, nos dias de jogos da sua seleção, pintam as cores do seu país num lado da face, e as do país adversário no outro. Vestem-se com cores misturadas, para homenagear a equipe competidora, carregam bandeirinhas mistas... Brasileiro não. Ele se veste e se pinta de verde e amarelo dos pés à cabeça. verde e amarelo. E ai de alguém que porventura se atreva a ostentar as cores do outro país, no meio da torcida, em dia de jogo; no mínimo, será vaiado. As torcidas de quase todos os outros países estão a fim de festejar o esporte e a amizade, antes de qualquer coisa. A do Brasil não. Brasilero não gosta do esporte, em si; ele quer e gosta é de ganhar. As torcidas dos outros times, em especial as da Europa e da Ásia, aplaudem o time vitorioso, no final da partida, mesmo que não seja o seu. A do Brasil, quando a sua equipe perde, se cala e chora. Fica todo mundo amuado. E nunca, jamais, em tempo algum, reconhece a superioridade do adversário. Muitas vezes até vaiam a festa alheia...

Sabem por que isso me chateia? Porque eu fico aqui imaginando como seria o nosso país se fôssemos assim tão patriotas na hora de lidar com as coisas que realmente são importantes. Como participar ativamente da vida social e política do nosso país. Se fôssemos assim tão patriotas na hora de exigir a reforma do Legislativo, fazer a nossa parte para diminuir a violência absurda que toma conta das nossas ruas... na hora de votar, e, principalmente, na hora de cobrar os nossos governantes...

Que país seríamos, se direcionássemos essa energia toda, que tão bem demonstramos em época de copa do mundo de futebol, numa direção mais inteligente? Quem sabe um dia...


Dica

Quem puder, leia o livro de Maura de Oliveira, o "Menina de Ontem" (compre via Mercado Livre ou pedindo direto pelo email da autora: meninadeontem@gmail.com, ou ainda pelo tel.: 2565-5299). Ou faça um esforço para conhecer a ONG que ela fundou e preside, a "ONG LIFE" (site ainda em construção). Ela é uma ex-moradora de rua que venceu o ódio, o sofrimento, os maus tratos da pior espécie e um vida cheia de dificuldades terríveis, para se tornar, esta sim, um exemplo maravilhoso de cidadã brasileira e um belíssimo exemplo de ser humano, antes de tudo.


Como é que pode?

Este é um desabafo que eu preciso fazer, sobre uma coisa que está acontecendo na minha cidade que eu acho revoltante. Como já mencionado algumas vezes neste blog, eu amo a minha cidade. Como artista, sou um apreciador do belo, por natureza, e aqui vejo muita beleza. Além disso, gosto da agitação, gosto do jeito cosmopolita de ser, gosto dos prédios, da poesia concreta presente em cada esquina de cada bairro, dos chiques e elegantes aos pobres e criativos. Mas gosto especialmente da área conhecida como "Centro Velho" da cidade...

As catedrais, os edifícios clássicos, em contraste com os modernos e os novíssimos, reluzentes e espelhados. O colorido exagerado, misturado, desordenado... Pura arte urbana, em aço, concreto, vidro e plástico. Amo muito tudo isso (sic)! Desde a minha adolescência, gosto de passear pelas ruas apinhadas, Barão de Itapetininga, 24 de Maio, Galeria do Rock, Largo do Arouche, bairro da Liberdade (nossa Chinatown)... Cada edifício, cada letreiro de neon, - é como se fizesse parte do meu próprio corpo...

E é aí que começa o problema. O atual prefeito, o Gilberto Kassab (que não foi eleito pelo voto - ele era vice do Serra, que abandonou o cargo para se candidatar ao governo do Estado...) há alguns meses conseguiu uma façanha que eu nunca imaginei que fosse possível: Ele conseguiu descaracterizar completamente a minha cidade! Ele baixou uma lei que obriga o comércio a retirar todos os outdoors, placas comerciais, painéis e letreiros luminosos da cidade!!

Quanto a retirar faixas irregulares de propaganda e outdoors em locais não autorizados, que obstruem a visão de monumentos e do imobiliário histórico, eu concordo plenamente. Mas ele realmente mandou arrancar tudo, desde as placas legalizadas do comércio, sem exceção, até os painés eletrônicos. As lojas e casas comerciais não tem mais o direito de colocar uma placa na fachada do seu estabelecimento que meça mais do que um metro e meio de largura!!! Agora, toda e qualquer espécie de placa comercial tem que obedecer a um padrão estabelecido pela prefeitura, que, diga-se de passagem, está completamente fora da realidade estética de uma metrópole como São Paulo. A cidade foi transformada numa espécie de... coisa indefinida!

Alguém aí já viu, por exemplo, algum daqueles cartões postais que mostram o bairro oriental da Liberdade, com todos aqueles letreiros em neon, com ideogramas orientais super estilosos? Nada daquilo existe mais!! A Avenida Paulista, à noite sempre tão linda, quase hipnótica com seus luminosos coloridos, todo aquele charme a la "Manhatan"... mesma coisa. Tudo teve que ser retirado, nada mais de cores e luzes. O famoso telão eletrônico gigante, que ficava ali próximo da Brigadeiro Luiz Antônio, verdadeiro patrimônio cultural dos paulistanos, em frente ao qual adorávamos ficar, nas noites de sexta, acompanhando as últimas notícias, o resultado dos jogos ou a previsão do tempo pro dia seguinte, enquanto apreciávamos um chopinho gelado no Puppy Bar ou algum outro... Arrancado! Na opinião do prefeito, ele era "feio".

O pior é que, com a economia em baixa, o pessoal retira as placas, porque é obrigado, mas não tem $ pra fazer um acabamento decente na fachada do imóvel, e aí ficam aquelas paredes horrorosas à mosta, todas esburadas pelos parafusos que prendiam os painéis, ou então fica aquele monte de ferro retorcido, suportes vazios suspensos no ar... Mas isso não é só! O prefeito mandou arrancar tudo mesmo, até os logos das fachadas dos shoppings e os "M"s gigantes do Mc Donalds! Os nossos shopings, aliás, antes tão charmosos, estão agora parecendo presídios gigantes, com as fachadas todas em cinza!

Sinto como se a minha casa tivesse sido assaltada, desrespeitada no seu direito mais básico; o de ser o que ela é e sempre foi. Ultimamente tenho andado por aí e não reconheço mais nada... Em muitos bairros da periferia foram tiradas as placas do comércio e ficaram as velhas fachadas expostas, sem pintura, sem nada, tipo "favelão", mesmo, um horror! Eu, como um artista visual, me sinto indignado! O mais triste é que no dia da votação do projeto de lei, haviam 46 deputados no plenário e só um votou contra! E se eu estou reclamando, por causa da questão estética (que eu acho sim, muito importante), coitados dos comerciantes que pagam verdadeiras fortunas em impostos todos os anos, e agora não tem mais nem o direito de anunciar seus estabelecimentos da maneira que acharem conveniente. Eu só pergunto: como é que pode?