7.7.07

Várias

A história se repete

Um dos livros que estou lendo atualmente é “A Linguagem de Deus”, do Dr. Francis S. collins, o cientista norte-americano que foi o diretor do Projeto Genoma. Ele era um ateu convicto, daqueles que acham que a ciência "prova" que Deus não existe. Durante o desenvolvimento dos seus trabalhos e o seu aprofundamento neste que foi o maior e mais importante projeto científico da história da humanidade, ele foi se convencendo, gradativamente, da necessidade da existência de um Inteligência Superior e independente da natureza conhecida, para explicar a existência da própria natureza. Acabou tão convencido que escreveu este livro, com a intenção, exatamente, de comprovar por meio do raciocínio científico que, sim, há um Deus!

Adoro essas ironias, e o livro é ótimo. Só para constar: Há dois dias eu li a matéria de capa da "Superinteressante" deste mês, que pretende negar a existência de Deus, baseada nas idéias de Charles Darwin. O título da matéria, bem ao estilo sensacionalista da revista: “O homem que matou Deus”... então tá. Li a matéria e não tive como não me chocar com a abordagem linear e extremamente simplista dada a um assunto tão profundo e potencialmente rico para ser visto e revisto sob diversos ângulos. Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde, dando prosseguimento à leitura do livro do Dr. Collins, exatamente do ponto em que eu tinha parado no dia anterior, tive o prazer de ler uma magistral abordagem científica realmente aprofundada sobre o mesmíssimo tema! E as conclusões do homem que é considerado o maior expoente da genética mundial, nos dias atuais, são completamente opostas às do autor da matéria da revista! O único problema é que, para cada um um que leu o livro, há milhares que leram a revista... como diria o grande filósofo contemporâneo que atende pela alcunha de “Bambam” - “Faz parlte...”


Por quê que a gente é assim?

Recentemente a nossa mis Brasil perdeu o título de miss Universo para a candidata do Japão. Não demorou nem um minuto para que uma enxurrada de jornalistas, celebridades e formadores de opinião do nosso país, em geral, se levantassem para protestar, em uníssono, contra o que classificaram como uma terrível injustiça. Uma tempestade de manifestações indignadas de despeito explícito! Que coisa feia... não há esperanças de alguém convencer esse povo de que beleza é um fator relativo, que depende do olhar de cada um... conheço um artista talentoso que observou que a beleza da brasileira talvez fosse mais óbvia e até mais exuberante, mas que a da “japa girl” seria mais para os que sabem apreciar com profundidade, uma beleza sutil e que esconde um quê de mistério... Bom, mas o fato é que a sutileza nunca foi o nosso forte.


Sem querer entrar na polêmica, mas alguém tem coragem de falar que essa menina aí em cima não merece ser a nova miss?.. Tudo bem que eu sou suspeito (sempre fui fã da beleza oriental).

Óbvio que a candidata brasileira também era belíssima, e poderia muito bem ter ganho o concurso com toda a justiça. Mas a questão que estou levantando aqui não é a da apreciação da beleza em si, e sim, a de saber perder. Perder com elegância, ou, no mínimo, com educação. Seja como for, o fato é que sempre que o Brasil perde alguma coisa, como final de copa do mundo de futebol, é porque foi roubado, porque alguém comprou o resultado, comprou o juiz, o time, comprou todo mundo... Quando "Central do Brasil" perdeu o oscar para "A vida é bela", toda a nação, incluindo o elenco do filme e nossos astros e estrelas, gritaram juntos: "Injustiça! Armação!.."

Oh, como admiro quem sabe perder. Demonstra, antes de tudo, grandeza de caráter. Precisamos aprender essa arte urgentemente...


Por quê que a gente é assim? - II


Aliás, nada me chateia tanto, em termos de brasilidade, quanto a nossa mania em época de copa do mundo, de ficarmos todos cegos, surdos e loucos. Nessas ocasiões, vejo os povos do mundo inteiro se confraternizando, preocupados muito mais com amizade e congraçamento do que com vitória ou derrota. Menos o Brasil.

Torcedores de praticamente todas as nações, nos dias de jogos da sua seleção, pintam as cores do seu país num lado da face, e as do país adversário no outro. Vestem-se com cores misturadas, para homenagear a equipe competidora, carregam bandeirinhas mistas... Brasileiro não. Ele se veste e se pinta de verde e amarelo dos pés à cabeça. verde e amarelo. E ai de alguém que porventura se atreva a ostentar as cores do outro país, no meio da torcida, em dia de jogo; no mínimo, será vaiado. As torcidas de quase todos os outros países estão a fim de festejar o esporte e a amizade, antes de qualquer coisa. A do Brasil não. Brasilero não gosta do esporte, em si; ele quer e gosta é de ganhar. As torcidas dos outros times, em especial as da Europa e da Ásia, aplaudem o time vitorioso, no final da partida, mesmo que não seja o seu. A do Brasil, quando a sua equipe perde, se cala e chora. Fica todo mundo amuado. E nunca, jamais, em tempo algum, reconhece a superioridade do adversário. Muitas vezes até vaiam a festa alheia...

Sabem por que isso me chateia? Porque eu fico aqui imaginando como seria o nosso país se fôssemos assim tão patriotas na hora de lidar com as coisas que realmente são importantes. Como participar ativamente da vida social e política do nosso país. Se fôssemos assim tão patriotas na hora de exigir a reforma do Legislativo, fazer a nossa parte para diminuir a violência absurda que toma conta das nossas ruas... na hora de votar, e, principalmente, na hora de cobrar os nossos governantes...

Que país seríamos, se direcionássemos essa energia toda, que tão bem demonstramos em época de copa do mundo de futebol, numa direção mais inteligente? Quem sabe um dia...


Dica

Quem puder, leia o livro de Maura de Oliveira, o "Menina de Ontem" (compre via Mercado Livre ou pedindo direto pelo email da autora: meninadeontem@gmail.com, ou ainda pelo tel.: 2565-5299). Ou faça um esforço para conhecer a ONG que ela fundou e preside, a "ONG LIFE" (site ainda em construção). Ela é uma ex-moradora de rua que venceu o ódio, o sofrimento, os maus tratos da pior espécie e um vida cheia de dificuldades terríveis, para se tornar, esta sim, um exemplo maravilhoso de cidadã brasileira e um belíssimo exemplo de ser humano, antes de tudo.


Como é que pode?

Este é um desabafo que eu preciso fazer, sobre uma coisa que está acontecendo na minha cidade que eu acho revoltante. Como já mencionado algumas vezes neste blog, eu amo a minha cidade. Como artista, sou um apreciador do belo, por natureza, e aqui vejo muita beleza. Além disso, gosto da agitação, gosto do jeito cosmopolita de ser, gosto dos prédios, da poesia concreta presente em cada esquina de cada bairro, dos chiques e elegantes aos pobres e criativos. Mas gosto especialmente da área conhecida como "Centro Velho" da cidade...

As catedrais, os edifícios clássicos, em contraste com os modernos e os novíssimos, reluzentes e espelhados. O colorido exagerado, misturado, desordenado... Pura arte urbana, em aço, concreto, vidro e plástico. Amo muito tudo isso (sic)! Desde a minha adolescência, gosto de passear pelas ruas apinhadas, Barão de Itapetininga, 24 de Maio, Galeria do Rock, Largo do Arouche, bairro da Liberdade (nossa Chinatown)... Cada edifício, cada letreiro de neon, - é como se fizesse parte do meu próprio corpo...

E é aí que começa o problema. O atual prefeito, o Gilberto Kassab (que não foi eleito pelo voto - ele era vice do Serra, que abandonou o cargo para se candidatar ao governo do Estado...) há alguns meses conseguiu uma façanha que eu nunca imaginei que fosse possível: Ele conseguiu descaracterizar completamente a minha cidade! Ele baixou uma lei que obriga o comércio a retirar todos os outdoors, placas comerciais, painéis e letreiros luminosos da cidade!!

Quanto a retirar faixas irregulares de propaganda e outdoors em locais não autorizados, que obstruem a visão de monumentos e do imobiliário histórico, eu concordo plenamente. Mas ele realmente mandou arrancar tudo, desde as placas legalizadas do comércio, sem exceção, até os painés eletrônicos. As lojas e casas comerciais não tem mais o direito de colocar uma placa na fachada do seu estabelecimento que meça mais do que um metro e meio de largura!!! Agora, toda e qualquer espécie de placa comercial tem que obedecer a um padrão estabelecido pela prefeitura, que, diga-se de passagem, está completamente fora da realidade estética de uma metrópole como São Paulo. A cidade foi transformada numa espécie de... coisa indefinida!

Alguém aí já viu, por exemplo, algum daqueles cartões postais que mostram o bairro oriental da Liberdade, com todos aqueles letreiros em neon, com ideogramas orientais super estilosos? Nada daquilo existe mais!! A Avenida Paulista, à noite sempre tão linda, quase hipnótica com seus luminosos coloridos, todo aquele charme a la "Manhatan"... mesma coisa. Tudo teve que ser retirado, nada mais de cores e luzes. O famoso telão eletrônico gigante, que ficava ali próximo da Brigadeiro Luiz Antônio, verdadeiro patrimônio cultural dos paulistanos, em frente ao qual adorávamos ficar, nas noites de sexta, acompanhando as últimas notícias, o resultado dos jogos ou a previsão do tempo pro dia seguinte, enquanto apreciávamos um chopinho gelado no Puppy Bar ou algum outro... Arrancado! Na opinião do prefeito, ele era "feio".

O pior é que, com a economia em baixa, o pessoal retira as placas, porque é obrigado, mas não tem $ pra fazer um acabamento decente na fachada do imóvel, e aí ficam aquelas paredes horrorosas à mosta, todas esburadas pelos parafusos que prendiam os painéis, ou então fica aquele monte de ferro retorcido, suportes vazios suspensos no ar... Mas isso não é só! O prefeito mandou arrancar tudo mesmo, até os logos das fachadas dos shoppings e os "M"s gigantes do Mc Donalds! Os nossos shopings, aliás, antes tão charmosos, estão agora parecendo presídios gigantes, com as fachadas todas em cinza!

Sinto como se a minha casa tivesse sido assaltada, desrespeitada no seu direito mais básico; o de ser o que ela é e sempre foi. Ultimamente tenho andado por aí e não reconheço mais nada... Em muitos bairros da periferia foram tiradas as placas do comércio e ficaram as velhas fachadas expostas, sem pintura, sem nada, tipo "favelão", mesmo, um horror! Eu, como um artista visual, me sinto indignado! O mais triste é que no dia da votação do projeto de lei, haviam 46 deputados no plenário e só um votou contra! E se eu estou reclamando, por causa da questão estética (que eu acho sim, muito importante), coitados dos comerciantes que pagam verdadeiras fortunas em impostos todos os anos, e agora não tem mais nem o direito de anunciar seus estabelecimentos da maneira que acharem conveniente. Eu só pergunto: como é que pode?

3 comentários:

Anônimo disse...

Essa tal lei cidade limpa foi sujeira!!!!!!!!!!!!!!!

Unknown disse...

Olá Henrique, tudo bem?
Sou Maura de Oliveira e adoreeeei a divulgação da minha instituição e do meu livro Menina de Ontem.
Em primeira mão: estarei nesta terça feira dia 02/09 no programa Hoje em Dia na Record. Não deixe de prestigiar o programa.
Bjs
Maura de Oliveira
Site: mauradeoliveira.com.br

Henrique disse...

Muito feliz pala sua visita. Para mim é uma honra!