2.9.06

O Verdadeiro Som da Verdade

Uma antiga fábula oriental nos convida a refletir sobre um problema muito comum entre os que buscam caminhos de espiritualidade. O que importa mais? "Forma" ou "conteúdo"?

Um devotado praticante de meditação, depois de anos concentrado em um mantra em particular, havia conquistado insight suficiente para começar a ensinar. A humildade do estudante estava longe de ser perfeita, mas os mestres no mosteiro não se preocupavam com isso.
Com alguns anos ensinando com sucesso deixaram o praticante certo de que não precisava aprender com mais ninguem; mas ao ouvir falar de um famoso ermitão que vivia nas proximidades, viu que a oportunidade era muito atraente para ser deixada de lado.
O ermitão vivia sozinho em uma ilha no meio de um lago, desta forma o praticante contratou um homem com um barco para atravessá-lo até a ilha. O praticante foi muito respeitoso com o velho ermitão. Depois de tomarem chá com ervas o praticante perguntou ao ermitão sobre suas práticas espirituais. O velho lhe disse que não tinha nenhuma prática espiritual, exceto por um mantra que ele repetia o tempo todo para si mesmo.. O praticante estava extasiado: o ermitão estava usando o mesmo mantra; mas quando o ermitão pronunciou o mantra em voz alta, o praticante ficou estarrecido!
"O que está errado?" perguntou o ermitão
"Eu não sei o que dizer. Eu temo que você desperdiçou todas a sua vida! O senhor está pronunciando o mantra de forma incorreta!"
Oh! Isto é terrível. Como eu deveria dizê-lo?
Ö praticante deu a pronúncia correta, e o velho ermitão ficou muito agradecido, pedindo para ser deixado a sós para que pudesse começar imediatamente na prática. Na travessia de volta o praticante, agora obviamente um mestre completo, ficou refletindo sobre o triste destino do velho ermitão.
"Foi muita sorte eu ter vindo. Pelo menos ele terá um pouco de tempo para praticar corretamente antes de morrer."Neste instante, o praticante percebeu que o barqueiro estava olhando assustado, e se virou para ver o ermitão de pé, respeitosamente, sobre a água perto do barco.
"Com licença, por favor. Eu sinto incomodá-lo, mas eu esqueci de novo a pronúncia correta. Você por favor poderia repeti-la para mim?"
" Obviamente o senhor não precisa disto,"gaguejou o praticante, mas o velho insistiu em seu pedido educado até que o praticante repetiu para ele novamente.
O velho ermitão ficou dizendo o mantra muito cuidadosamente, devagar e repetidamente, enquanto caminhava sobre a superfície da água de volta para a ilha.

5 comentários:

Henrique disse...

Obrigado, querida, na verdade eu sou o H K Merton, que você já conhece. O porquê desse nick Jean Sun, eu estou pretendendo contar no Arte das artes. Obrigado pela visita!

Anônimo disse...

A forma não interessa muito, o importante é o coração. Abraços fraternos.

Anônimo disse...

ah.. ficou ótima a mudança.

)O(Lua Nua)O( disse...

Um conto lúdico.
E belíssimo.

Beijos

Henrique disse...

Exatamente Cris. É exatamente isso. O cara andava sobre as águas mas tinha humildade pra aprender mais. Por isso ele andava sobre as águas. O outro, preocupado com as "formas" e "métodos corretos" dos rituais, estava ainda longe de conhecer a Verdade intimamente.