31.7.07

For the Love of GOD




Da próxima vez que você for obrigado a ouvir um axé, um pagodinho ou um funke... lembre-se que ainda tem gente fazendo MÚSICA ao redor do mundo. Steve Vai.

Por Amor a DEUS. Acorde. Viva. Seja. Faça. Descanse. Ria e chore. Ame. Curta a paz, e faça a guerra quando for necessário. Faça a sua parte. Faça bem feito. Aceite. Recuse. Confesse. Negue. Tudo a seu tempo. Tudo e Nada... Por Amor a DEUS.


for the love of GOD versão orquestra



21.7.07

Versos de Santo Agostinho


"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!

Tarde demais eu te amei!

Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!

Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.

Estavas comigo, mas eu não estava contigo.

Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.

Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.

Fulguraste e brilhaste, e tua luz afugentou a minha cegueira.

Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.

Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz..."

17.7.07

Apelo Cultural!

Divulguem, por favor, e acessem, para não perdermos essa ferramenta!

Imaginem um lugar onde se pode ler gratuitamente, as obras de Machado de Assis, ou A Divina Comédia, ou ter acesso às melhores histórias infantis de todos os tempos.

Um lugar que lhe mostrasse as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci. Onde você pudesse escutar músicas em MP3 de alta qualidade.

Pois esse Lugar existe!

O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:

www.dominiopublico.gov.br

Só de literatura portuguesa são 732 obras!

Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por falta de uso, já que o número de acessos é muito baixo.

Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.

Divulguem para o máximo de pessoas, por favor, e eu prometo que não vou comentar do absurdo que é um site destes correndo o risco de desaparecer por causa da falta de uso.

Enquanto isso, sites como "Kibeloco" e "O Fuxico" continuam bombando...

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12.7.07

Imperialismo

Uma das palavras mais utilizadas pela esquerda é “imperialismo”. No âmbito socialista, ela adquire diferentes significados, desde a construção de um império territorial – movimento levado a cabo em toda a História por grandes potências que reduziam os conquistados a colônias mais ou menos integradas politicamente ao centro dominante – até o simples investimento de empresas fora do país na qual possuem sua sede. Assim, o termo corresponde a coisas tão distintas quanto a conquista dos celtas pelos exércitos de César na Antiguidade, da Península Ibérica pelos mouros na expansão do Islam, dos astecas por Cortés na conquista da América, do Egito pela Inglaterra durante o neocolonialismo do século XIX, e até mesmo a abertura de um "McDonald’s" na França no século XX. Uma palavra tão ampla assim serve muito bem ao propósito publicitário de possuir um slogan repleto de fortes emoções e passível de ser utilizado conforme os objetivos políticos do momento.

Esta ambigüidade pode ser aferida com alguns exemplos. Se o conceito diz respeito à exportação de capital expressa em investimentos empresariais em outros países, até os regimes socialistas seriam aliados do “imperialismo internacional”. Tanto URSS, quanto China e regimes associados buscaram, em algum momento, estimular a produção de seus países e atrair – pasmem! – fábricas, empréstimos, investimentos de outras nações. Além disto, uma vez definido o conceito desta maneira, é facilmente demonstrável que o “imperialismo” é, antes de tudo, bem vindo.

O comércio entre os países, bem como a transferência de capitais de países desenvolvidos para os mais empobrecidos, são o verdadeiro esteio e fundamento da industrialização destes últimos. Não fosse a Volkswagen abrir uma plant um dia no Brasil – nos longínquos anos 1950 -, não teríamos capital e mão de obra qualificada o suficiente para fabricarmos hoje aviões, não estaríamos entre os países de maior economia do mundo, nem seríamos um dos maiores parques industriais. O mesmo pode ser dito de todos os NIC(novos paises industrializados), tais como a Coréia do Sul, e aqueles que um dia esperam se tornar um (como, quem diria, o Vietnam, país doido por bastante “imperialismo”, isto é, capitais e investimentos estrangeiros).

A utilização da palavra “Imperialismo” neste sentido economicista era bem típica da primeira metade do século XX, e foi ficando gradualmente defasada em relação à realidade global na medida em que aquelas décadas foram ficando para trás. Ela não pode ser utilizada para significar exatamente “comércio desigual”, já que mais de oitenta por cento das trocas entre os países desenvolvidos sempre se deram entre os mesmos. A briga dos países mais pobres era, e é, então, para participar mais deste comércio, e não menos. Se conceituar o slogan por este viés econômico não produz bons resultados para a esquerda, já que pode ser facilmente demonstrado que exportação de capitais e comércio entre países não é algo que seja maléfico – muito pelo contrário -, só resta aplicar a palavra em outro terreno.

Uma outra maneira é o viés político: Imperialismo seria antes de tudo a conquista territorial de um outro país, levado a frente por interesses mil, principalmente – como é típico em uma explicação socialista – econômicos. Foi neste sentido que Lênin o conceituou ao defini-lo como “a fase superior do capitalismo”, em meio à expansão colonialista levada a frente pelas principais potências européias na segunda metade do século XIX e que reduziu a quase totalidade de Ásia e África a colônias. Mas é óbvio que, se Imperialismo é isto, o culpado do mesmo não é o capitalismo, já que é facilmente demonstrável que:

1) Este tipo de invasão sempre ocorreu na História, em qualquer sistema de produção existente - inclusive o comunismo, como vou falar logo adiante - e não se pode afirmar a priori que ele seja sempre prejudicial;

2) O neocolonialismo do século XIX não tinha um caráter meramente econômico, já que muitas colônias não davam retorno nenhum – algumas eram pedaços de deserto ferozmente disputados -, pelo contrário, davam prejuízo;

3) Diferente do que Lênin dizia, o capitalismo sobreviveu muito bem sem este tipo de conquista, e a maior potência do século XX, os EUA, não se tornou um Império colonial como os europeus; pelo contrário, esteve no cerne da pressão pelo desmantelamento dos mesmos;

Ou seja, por mais que existissem também motivos econômicos para o neocolonialismo europeu do século XIX, ele não pode ser explicado apenas como conseqüência óbvia e exclusiva do capitalismo. A Inglaterra não se tornou menos industrial e seu mercado menos livre simplesmente porque abriu mão de suas colônias, e o capitalismo norte americano nunca precisou das mesmas. Pelo contrário, foi a partir da ascensão dos USA após a primeira guerra mundial que a era das colônias começou a acabar, pela defesa de Thomas Woodrow Wilson, presidente americano na segunda década do século passado, da autodeterminação dos povos, conceito que foi um dos pilares da fundação da Liga das Nações (protótipo da ONU) e serviu para remodelar o mapa europeu, tendo por objetivo colocar fim aos grandes impérios dinásticos ("as prisões dos povos", como eram chamados). A partir dali, o fim dos grandes impérios europeus soou, e eles se esvaneceram no mesmo passo da ascensão da hegemonia norte americana.

Mais interessante ainda é que, segundo esta definição, as maiores potências imperialistas do pós segunda guerra foram justamente as...socialistas! O último grande império colonial existente no mundo foi a União Soviética, que nada mais era do que um conjunto de quinze repúblicas dominadas pela Rússia, como nos velhos tempos do Czarismo. Ao mesmo tempo, os comunistas soviéticos mantinham o controle militar e político do Leste Europeu, enquanto acusavam os seus inimigos norte americanos de praticarem imperialismo por simplesmente abrirem fábricas em outros países, tirando empregos de seus cidadãos em prol dos de outras nações (não é preciso lembrar que uma vez terminada a segunda guerra, e a reconstrução dos países derrotados na mesma, as tropas norte americanas gradualmente voltaram para casa, muito diferente do que fez a União Soviética).

A coisa se torna mais cômica quando se sabe que o maior país socialista do mundo, a China – cuja única virtude atual é a economia, que já não pode ser descrita exatamente como socialista -, é uma potência imperialista que tiraniza o Tibet, tentando destruir à força sua cultura secular; e ameaça continuamente de invasão Taiwan, que só não acordou ainda com os exércitos do Dragão Vermelho na sua porta por causa do compromisso moral assumido pelos “imperialistas” norte americanos em defendê-los, compromisso mantido mesmo quando já não há mais nenhum interesse dos EUA em proteger a ilha, dado o fim da guerra fria. Portanto, quando a esquerda fala de imperialismo neste sentido deve-se tentar entender o que querem realmente dizer. Não pode ser a conquista territorial de outro país, a redução de outro país à colônia, já que simplesmente não há potências capitalistas fazendo isto – tomando-se por pressuposto que capitalismo pode ser tido como uma ideologia oposta àquela da esquerda, não vou entrar neste debate neste post, mas em um futuro; basta indica que é nisto que a militância socialista acredita, ou finge acreditar -, ao mesmo tempo que há todo um histórico de países socialistas comprometidos com suas incursões imperiais.

Resta o conceito mais comum, mais arraigado na militância socialista. Imperialismo seria sinônimo de intervenção norte americana. Claro que os intelectuais e líderes da produção acadêmica de esquerda não levam isto muito a sério, já que esta definição é totalmente ingênua, descontextualizada e baseada no desconhecimento do nascimento do chamado “império norte americano”. Mas ela é muito útil como slogan e propaganda, daí sua ampla utilização.

Basta analisá-la mais de perto para notar a contradição da idéia. Toda intervenção norte americana seria imperialista? A intervenção na primeira guerra mundial, apoiada pela esquerda internacional, seria imperialista? E a intervenção na segunda guerra, igualmente apoiada pela esquerda, também o seria? Teria sido imperialismo a intervenção dos EUA na Bósnia, para acabar com o genocídio promovido por Milosevic? Dificilmente algum esquerdista diria que sim, resguardando a palavra para aquelas situações onde a intervenção não fosse motivada por alguma forma de “humanitarismo”, mas sim associada a qualquer outro tipo de interesse. Mas ainda aqui a posição é indefensável. Em todas estas intervenções, os EUA foram movidos tanto por compromissos morais, quanto por interesses bem específicos. A existência de outros interesses por detrás de intervenções não nega nem a presença de sentimentos humanitários no empreendimento, como também nada fala sobre a necessidade ou não da mesma.

Se a simples existência de uma forma de interesse não humanitário tornasse dispensável uma intervenção, a operação cirúrgica que parou o genocídio nos Bálcãs e salvou centenas de milhares de vida, levando os dirigentes genocidas a julgamento internacional, não deveria ter ocorrido. Os USA aproveitaram a ocasião para estender a hegemonia militar da OTAN no leste europeu, para desagrado da União Européia e da Rússia. Bom para os EUA, melhor ainda para os centenas de milhares que sobreviveram e para a Justiça Internacional que teve uma oportunidade ímpar de se fazer valer. Afirmar que a operação não deveria ter ocorrido só para se colocar contra a hegemonia norte americana é uma total inversão de valores, uma justificação do genocídio em nome de uma antipatia qualquer por um país que, mal ou bem, estava agindo, exercendo sua superioridade bélica, para deter um morticínio totalmente ilegítimo.

A situação dos socialistas na questão se torna ainda mais complicada já que a era das intervenções globais norte americanas, a ascensão dos EUA à “polícia do mundo”, foi levada a cabo pela própria esquerda norte americana e apoiada pela maioria esmagadora da esquerda internacional. Embora fatos como este sejam pouco conhecidos de muitos (já que não constam nas cartilhas de propaganda a partir das quais a militância esquerdista acha que pode entender e, valha-nos Deus, transformar o mundo), não o são pelos próprios intelectuais líderes da esquerda. A sociedade norte americana, cujo conservadorismo é notório, sempre foi isolacionista em relação aos problemas europeus – o que significa ser alheia aos problemas mundiais. Um norte americano sabe muito pouco sobre o que ocorre fora de seu país – o que é fonte inesgotável de piadas sobre o provincianismo dos USA, sobre seu lado caipira. Os únicos temas internacionais com chances reais de repercutir na população norte americana são aqueles que se associam, de algum modo, a seus problemas internos. Por isto as poucas intervenções dos EUA fora de seu território antes da primeira guerra mundial, foram pontuais, e restritas ao pacífico e América Central, regiões com laços históricos com eles dada a contínua onda migratória que partia destas regiões rumo a América do Norte. Assim, o Commodoro Perry bombardeou o Japão em meados do século XIX, e os EUA entraram em guerra contra a Espanha em 1898 para ajudar a independência de Cuba, Filipinas e Porto Rico.

A própria onda de intervenções na América Central durante o final do século XIX, que gerou a famosa política do Big Stick, já ocorreu em um momento de crescimento da esquerda norte americana, através do progressive movement, que traz em seu próprio nome sua origem não conservadora, mas associada à ideologia do progresso. Este movimento misturava temas conservadores e social democratas em doses distintas, e começou a erodir o domínio que o Partido Republicano tinha na política americana desde sua vitória na Guerra de Secessão. Muitos de seus partidários eram políticos do próprio GOP (Great Old Party, como é conhecido o Partido Republicano) que, de uma forma de outra, iam se distanciando do mesmo a ponto de serem marcos na gestação de pelo menos dois novos sistema político partidários (o quarto sistema, marcado pela ascensão progressive, e o quinto, que se deu em torno do New Deal). Há vários temas que poderiam ser tratados aqui, mas basta dizer que é deste tempo o crescimento da população católica e o auge da imigração européia para os EUA, como também de sua ligação com demandas mais progressistas, a geração do nacionalismo norte americano, a busca pela criação de legislações trabalhistas e mecanismos welfare etc.

Mas o importante para este post é o crescimento de de princípios progressistas na população norte americana e entre os republicanos, e que levou a uma busca por inserir os EUA na política internacional. O primeiro sintoma disto foi a intervenção – olha a palavrinha aí – na primeira grande guerra, e a conseqüente atuação de Wilson para a construção de mecanismos internacionais capazes de gerir, por cima da soberania das nações (apesar de toda retórica dizendo que elas não estariam nem um pouco ameaçadas), os conflitos globais. Esta consequência imediata não foi bem vista pela mentalidade do povo, cujo cerne continou conservador, e o Congresso não permitiu a entrada do país na Liga das Nações, desmoralizando a mesma logo de cara. A década de 1920 nos EUA foi antiprogressive em toda linha, e se viveu o paradoxo de que a maior potência mundial simplesmente se recusava a exercer sua hegemonia, preferindo fechar tanto o seu mercado interno, quanto se eximir de questões globais. Eram os conservadores norte americanos que estavam por trás deste sonho da militância socialista.

Claro que algo assim não poderia dar certo, e este isolacionismo foi uma das causas determinantes tanto da crise econômico financeira inaugurada em 1929 quanto da ascensão se movimentos autoritários ao redor no mundo. Franklin Delano Roosevelt, eleito presidente em 1932 e saído das hostes dos progressives, foi o presidente que inaugurou a liberal era nos USA: a política norte americana seria dividida a partir dali entre aqueles que apoiavam e aqueles que eram contrários ao New Deal, e a esquerda dominaria a político em âmbito federal até o fim da década de 1960. Nos anos 1950, por exemplo, só os mais corajosos direitistas norte americanos tinham coragem de se dizer conservative, já que a propaganda democrata, que dominava os principais instrumentos de mídia então, tornou a palavra sinônimo de “insensibilidade social”.

A atuação de Roosevelt não foi apenas no sentido de construir uma economia mista e um welfare state, mas também de, finalmente, romper o isolacionismo de seu país. Ele foi mal-sucedido nisto durante toda a década de 1930, período no qual não só os republicanos eram avessos à idéia de envolvimento internacional, com também grande parte dos democratas. A segunda guerra mundial foi a grande oportunidade para mudar isto, e o fato de os EUA só entrarem na mesma após a um bombardeio no Pacífico é muito revelador – ainda mais quando se nota o fato de que o Congresso aprovou a declaração de guerra tão somente contra o Japão. De qualquer maneira, a era do internacionalismo americano é construída pela social democracia nos EUA, como também os instrumentos destinados a levá-la a frente, tais como a ONU, o Banco Mundial e o FMI. A própria retórica da Guerra Fria foi, dentre outras coisas, uma maneira encontrada de manter o país atuante na arena internacional, e o anticomunismo se associou perfeitamente a este empreendimento.

Não é à toa que o primeiro governo conservador dos EUA na era pós guerra fria, o de George Bush filho, recebeu, logo no seu início, a crítica maciça da esquerda internacional de ser “isolacionista”. Era o temor de que, sem o inimigo do comunismo, os norte americanos mais uma vez dessem as costas para o globo, levando a ONU e outras organizações nas quais se apóiam os movimentos de matiz socialista em todo o mundo, à completa irrelevância. As piadas que eram comuns no primeiro ano do mandato de Bush eram aquelas que o retratavam como um caipira que desconhecia completamente o que se passava ao redor do mundo. Logo após o 11 de setembro de 2001, uma das primeiras interpretações de um intelectual de esquerda a respeito do atentado, Francisco Carlos Teixeira, dizia que a culpa pelo mesmo era do novo isolacionismo norte americano, que os EUA não podiam deixar de atuar no mundo, que os conservadores ao redor de Bush estavam errados etc. Bem, os conservadores resolveram atuar no mundo após isto, só que não do jeito que os socialistas queriam, isto é, fortalecendo a ONU; mas utilizando a nova doutrina de “unilateralismo”, que afirmava, dentre outras coisas, que se a organização estivesse disposto a colaborar para combater o terrorismo internacional, ótimo; mas se não estivesse tudo bem: se agiria por cima dela, realizando acordos nação a nação, e não por meio dos organismos internacionais.

Toda esta disgressão serve para demonstrar que a palavra “imperialismo” na boca da esquerda se refere não a toda e qualquer intervenção norte americana, mas àquelas que não atendam aos seus interesses globalistas, de fortalecimento da ONU e dos movimentos sociais ligadas a esta instituição. E com isto contam com o apoio de movimentos políticos que, apesar de não serem ligados a esquerda, vêem uma oportunidade de, por meio da ONU, levarem adiante seus propósitos nacionais (como Chirac na França). Ser "anti imperialista", na verdade, é ser imperialista de um outro modo, é advogar uma intervenção associada ao ideário da esquerda, ou de modo mais amplo, progressista e, para realizá-la, instrumentalizar os USA, já que a ONU não tem tropas e não sustenta a si mesma. A demonstração cabal deste ponto é que o único movimento político que realmente defende a total retirada norte americana da arena internacional é a parte mais tradicionalista da direita norte americana, os paleoconservatives, que continuam advogando o retorno do país aos anos anteriores à década de 1930.

Uma vez que se retira a aura sentimentalóide com que a esquerda pretendeu envolver a palavra Imperialismo, para torná-la totalmente manipulável pela sua propaganda, o debate sobre as propostas reais por trás da mera estratégica ideológica pode seguir adiante de maneira objetiva. Até que ponto a concentração de poderes da ONU, por cima de toda e qualquer soberania nacional, é benéfica? Até onde este é o melhor caminho? A que interesses esta concentração de poderes serve? Qual o programa dos movimentos políticos que o apóiam? A resposta não pode ser, é claro, a la Heloísa Helena, a la adolescente universitário fantasiado de Che Guevara (“construir um mundo rosa, luminoso e justo”). É necessário ser mais preciso do que isto.

Texto de André Luiz "VBT" dos Reis.

7.7.07

Várias

A história se repete

Um dos livros que estou lendo atualmente é “A Linguagem de Deus”, do Dr. Francis S. collins, o cientista norte-americano que foi o diretor do Projeto Genoma. Ele era um ateu convicto, daqueles que acham que a ciência "prova" que Deus não existe. Durante o desenvolvimento dos seus trabalhos e o seu aprofundamento neste que foi o maior e mais importante projeto científico da história da humanidade, ele foi se convencendo, gradativamente, da necessidade da existência de um Inteligência Superior e independente da natureza conhecida, para explicar a existência da própria natureza. Acabou tão convencido que escreveu este livro, com a intenção, exatamente, de comprovar por meio do raciocínio científico que, sim, há um Deus!

Adoro essas ironias, e o livro é ótimo. Só para constar: Há dois dias eu li a matéria de capa da "Superinteressante" deste mês, que pretende negar a existência de Deus, baseada nas idéias de Charles Darwin. O título da matéria, bem ao estilo sensacionalista da revista: “O homem que matou Deus”... então tá. Li a matéria e não tive como não me chocar com a abordagem linear e extremamente simplista dada a um assunto tão profundo e potencialmente rico para ser visto e revisto sob diversos ângulos. Nesse mesmo dia, um pouco mais tarde, dando prosseguimento à leitura do livro do Dr. Collins, exatamente do ponto em que eu tinha parado no dia anterior, tive o prazer de ler uma magistral abordagem científica realmente aprofundada sobre o mesmíssimo tema! E as conclusões do homem que é considerado o maior expoente da genética mundial, nos dias atuais, são completamente opostas às do autor da matéria da revista! O único problema é que, para cada um um que leu o livro, há milhares que leram a revista... como diria o grande filósofo contemporâneo que atende pela alcunha de “Bambam” - “Faz parlte...”


Por quê que a gente é assim?

Recentemente a nossa mis Brasil perdeu o título de miss Universo para a candidata do Japão. Não demorou nem um minuto para que uma enxurrada de jornalistas, celebridades e formadores de opinião do nosso país, em geral, se levantassem para protestar, em uníssono, contra o que classificaram como uma terrível injustiça. Uma tempestade de manifestações indignadas de despeito explícito! Que coisa feia... não há esperanças de alguém convencer esse povo de que beleza é um fator relativo, que depende do olhar de cada um... conheço um artista talentoso que observou que a beleza da brasileira talvez fosse mais óbvia e até mais exuberante, mas que a da “japa girl” seria mais para os que sabem apreciar com profundidade, uma beleza sutil e que esconde um quê de mistério... Bom, mas o fato é que a sutileza nunca foi o nosso forte.


Sem querer entrar na polêmica, mas alguém tem coragem de falar que essa menina aí em cima não merece ser a nova miss?.. Tudo bem que eu sou suspeito (sempre fui fã da beleza oriental).

Óbvio que a candidata brasileira também era belíssima, e poderia muito bem ter ganho o concurso com toda a justiça. Mas a questão que estou levantando aqui não é a da apreciação da beleza em si, e sim, a de saber perder. Perder com elegância, ou, no mínimo, com educação. Seja como for, o fato é que sempre que o Brasil perde alguma coisa, como final de copa do mundo de futebol, é porque foi roubado, porque alguém comprou o resultado, comprou o juiz, o time, comprou todo mundo... Quando "Central do Brasil" perdeu o oscar para "A vida é bela", toda a nação, incluindo o elenco do filme e nossos astros e estrelas, gritaram juntos: "Injustiça! Armação!.."

Oh, como admiro quem sabe perder. Demonstra, antes de tudo, grandeza de caráter. Precisamos aprender essa arte urgentemente...


Por quê que a gente é assim? - II


Aliás, nada me chateia tanto, em termos de brasilidade, quanto a nossa mania em época de copa do mundo, de ficarmos todos cegos, surdos e loucos. Nessas ocasiões, vejo os povos do mundo inteiro se confraternizando, preocupados muito mais com amizade e congraçamento do que com vitória ou derrota. Menos o Brasil.

Torcedores de praticamente todas as nações, nos dias de jogos da sua seleção, pintam as cores do seu país num lado da face, e as do país adversário no outro. Vestem-se com cores misturadas, para homenagear a equipe competidora, carregam bandeirinhas mistas... Brasileiro não. Ele se veste e se pinta de verde e amarelo dos pés à cabeça. verde e amarelo. E ai de alguém que porventura se atreva a ostentar as cores do outro país, no meio da torcida, em dia de jogo; no mínimo, será vaiado. As torcidas de quase todos os outros países estão a fim de festejar o esporte e a amizade, antes de qualquer coisa. A do Brasil não. Brasilero não gosta do esporte, em si; ele quer e gosta é de ganhar. As torcidas dos outros times, em especial as da Europa e da Ásia, aplaudem o time vitorioso, no final da partida, mesmo que não seja o seu. A do Brasil, quando a sua equipe perde, se cala e chora. Fica todo mundo amuado. E nunca, jamais, em tempo algum, reconhece a superioridade do adversário. Muitas vezes até vaiam a festa alheia...

Sabem por que isso me chateia? Porque eu fico aqui imaginando como seria o nosso país se fôssemos assim tão patriotas na hora de lidar com as coisas que realmente são importantes. Como participar ativamente da vida social e política do nosso país. Se fôssemos assim tão patriotas na hora de exigir a reforma do Legislativo, fazer a nossa parte para diminuir a violência absurda que toma conta das nossas ruas... na hora de votar, e, principalmente, na hora de cobrar os nossos governantes...

Que país seríamos, se direcionássemos essa energia toda, que tão bem demonstramos em época de copa do mundo de futebol, numa direção mais inteligente? Quem sabe um dia...


Dica

Quem puder, leia o livro de Maura de Oliveira, o "Menina de Ontem" (compre via Mercado Livre ou pedindo direto pelo email da autora: meninadeontem@gmail.com, ou ainda pelo tel.: 2565-5299). Ou faça um esforço para conhecer a ONG que ela fundou e preside, a "ONG LIFE" (site ainda em construção). Ela é uma ex-moradora de rua que venceu o ódio, o sofrimento, os maus tratos da pior espécie e um vida cheia de dificuldades terríveis, para se tornar, esta sim, um exemplo maravilhoso de cidadã brasileira e um belíssimo exemplo de ser humano, antes de tudo.


Como é que pode?

Este é um desabafo que eu preciso fazer, sobre uma coisa que está acontecendo na minha cidade que eu acho revoltante. Como já mencionado algumas vezes neste blog, eu amo a minha cidade. Como artista, sou um apreciador do belo, por natureza, e aqui vejo muita beleza. Além disso, gosto da agitação, gosto do jeito cosmopolita de ser, gosto dos prédios, da poesia concreta presente em cada esquina de cada bairro, dos chiques e elegantes aos pobres e criativos. Mas gosto especialmente da área conhecida como "Centro Velho" da cidade...

As catedrais, os edifícios clássicos, em contraste com os modernos e os novíssimos, reluzentes e espelhados. O colorido exagerado, misturado, desordenado... Pura arte urbana, em aço, concreto, vidro e plástico. Amo muito tudo isso (sic)! Desde a minha adolescência, gosto de passear pelas ruas apinhadas, Barão de Itapetininga, 24 de Maio, Galeria do Rock, Largo do Arouche, bairro da Liberdade (nossa Chinatown)... Cada edifício, cada letreiro de neon, - é como se fizesse parte do meu próprio corpo...

E é aí que começa o problema. O atual prefeito, o Gilberto Kassab (que não foi eleito pelo voto - ele era vice do Serra, que abandonou o cargo para se candidatar ao governo do Estado...) há alguns meses conseguiu uma façanha que eu nunca imaginei que fosse possível: Ele conseguiu descaracterizar completamente a minha cidade! Ele baixou uma lei que obriga o comércio a retirar todos os outdoors, placas comerciais, painéis e letreiros luminosos da cidade!!

Quanto a retirar faixas irregulares de propaganda e outdoors em locais não autorizados, que obstruem a visão de monumentos e do imobiliário histórico, eu concordo plenamente. Mas ele realmente mandou arrancar tudo, desde as placas legalizadas do comércio, sem exceção, até os painés eletrônicos. As lojas e casas comerciais não tem mais o direito de colocar uma placa na fachada do seu estabelecimento que meça mais do que um metro e meio de largura!!! Agora, toda e qualquer espécie de placa comercial tem que obedecer a um padrão estabelecido pela prefeitura, que, diga-se de passagem, está completamente fora da realidade estética de uma metrópole como São Paulo. A cidade foi transformada numa espécie de... coisa indefinida!

Alguém aí já viu, por exemplo, algum daqueles cartões postais que mostram o bairro oriental da Liberdade, com todos aqueles letreiros em neon, com ideogramas orientais super estilosos? Nada daquilo existe mais!! A Avenida Paulista, à noite sempre tão linda, quase hipnótica com seus luminosos coloridos, todo aquele charme a la "Manhatan"... mesma coisa. Tudo teve que ser retirado, nada mais de cores e luzes. O famoso telão eletrônico gigante, que ficava ali próximo da Brigadeiro Luiz Antônio, verdadeiro patrimônio cultural dos paulistanos, em frente ao qual adorávamos ficar, nas noites de sexta, acompanhando as últimas notícias, o resultado dos jogos ou a previsão do tempo pro dia seguinte, enquanto apreciávamos um chopinho gelado no Puppy Bar ou algum outro... Arrancado! Na opinião do prefeito, ele era "feio".

O pior é que, com a economia em baixa, o pessoal retira as placas, porque é obrigado, mas não tem $ pra fazer um acabamento decente na fachada do imóvel, e aí ficam aquelas paredes horrorosas à mosta, todas esburadas pelos parafusos que prendiam os painéis, ou então fica aquele monte de ferro retorcido, suportes vazios suspensos no ar... Mas isso não é só! O prefeito mandou arrancar tudo mesmo, até os logos das fachadas dos shoppings e os "M"s gigantes do Mc Donalds! Os nossos shopings, aliás, antes tão charmosos, estão agora parecendo presídios gigantes, com as fachadas todas em cinza!

Sinto como se a minha casa tivesse sido assaltada, desrespeitada no seu direito mais básico; o de ser o que ela é e sempre foi. Ultimamente tenho andado por aí e não reconheço mais nada... Em muitos bairros da periferia foram tiradas as placas do comércio e ficaram as velhas fachadas expostas, sem pintura, sem nada, tipo "favelão", mesmo, um horror! Eu, como um artista visual, me sinto indignado! O mais triste é que no dia da votação do projeto de lei, haviam 46 deputados no plenário e só um votou contra! E se eu estou reclamando, por causa da questão estética (que eu acho sim, muito importante), coitados dos comerciantes que pagam verdadeiras fortunas em impostos todos os anos, e agora não tem mais nem o direito de anunciar seus estabelecimentos da maneira que acharem conveniente. Eu só pergunto: como é que pode?