5.6.08

10% dos brasileiros concentram 75% da riqueza


10% dos brasileiros concentram 75% da riqueza, diz Ipea - Segundo estudo, má distribuição de renda permanece no mesmo patamar do período de regime militar

De acordo com levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 75% da riqueza do país está concentrada em 10% da população.

O estudo também mostra como a riqueza está distribuída em três capitais brasileiras. Em São Paulo, a concentração na mão dos 10% mais ricos é de 73,4%, em Salvador, é de 67% e, no Rio, de 62,9%.

Segundo o Instituto, a deficiência do sistema tributário brasileiro contribui para desigualdade social. "O país precisa de um sistema tributário mais justo que seja progressivo e não regressivo como é hoje", diz o presidente do Ipea, Marcio Pochmann.

Atualmente, os 10% mais pobres do país comprometem 33% de seus rendimentos em impostos, enquanto que os 10% mais ricos pagam 23% em impostos, revela a pesquisa.

Isso significa que três quartos da riqueza existente no Brasil está concentrada nas mãos de apenas 10% da população.

E de acordo com o estudo, o índice de Gini, que mede a desigualdade social de uma população, foi de 0,56 no Brasil em 2006 - o índice varia de 0 a 1, sendo 0 a perfeita igualdade e 1 a completa desigualdade.

Segundo Pochmann, isso significa que a desigualdade social diminuiu no Brasil em 2006, mas ainda está no patamar do período militar e em nível pior do que antes do golpe de 1964.

Carga tributária aprofunda pobreza - Para Pochmann, “é evidente que o sistema tributário que temos aprofunda a desigualdade”. Ele destacou que no grupo dos 10% mais pobres, a tributação representa 32,8% da renda. Já nos 10% mais ricos, a tributação total é referente a 22,7% da renda. “Quem é pobre no Brasil está condenado a pagar mais impostos”, afirmou.

O presidente do Ipea mostrou que desde 1995 tem havido aumento na carga tributária, determinado basicamente pelo governo federal. Ressaltou, porém, que há uma grande desigualdade na arrecadação entre os Estados brasileiros. Ele mostrou que houve um aumento na participação da carga tributária brasileira nos impostos sobre renda, propriedade e patrimônio, no período de 1995 até 2007, que passaram de 21,1% para 29%.

Pochmann defendeu ainda que o Imposto de Renda para a pessoa física tenha mais alíquotas de tributação e assim avance na questão da redução da desigualdade social. Para Pochmann, o sistema atual com duas alíquotas reduz o potencial do imposto de renda como fator de redução da desigualdade.

Ele avalia que o imposto de renda deveria ter faixas iniciais com alíquotas menores que 15% e ao mesmo tempo faixas finais, com alíquotas maiores que 27,5%. Para ele isso independe da questão de aumento ou redução da carga tributária.

Via Agência Estado

Um comentário:

Anônimo disse...

Absurdo!