14.12.06

Mais de Thomas Merton

Túmulo de Thomas Merton

SENHOR, MEU DEUS, não sei para onde vou.

Não vejo o caminho diante de mim. Não posso saber com certeza onde terminará. Nem sequer, em realidade, me conheço, e o fato de pensar que estou seguindo a Tua vontade não significa que, em verdade, o esteja fazendo.

Mas creio que o desejo de Te agradar Te agrada realmente. E espero ter esse desejo em tudo que faço. Espero que jamais farei algo de contrário a esse desejo.

E sei que, se assim fizer, Tu me hás de conduzir pelo caminho certo, embora eu nada saiba a esse respeito.

Portanto, sempre hei de confiar em Ti, e ainda que me pareça estar perdido e nas sombras da morte, não hei de temer, pois estás sempre comigo e nunca me abandonarás, para que eu enfrente sozinho os perigos que me cercam.

"Na Liberdade da Solidão" - Thomas Merton

A Vida Não é Uma Corrida

Um especialista em treinamento empresarial, em seus cursos para motivar o pessoal à competição, costuma contar a seguinte historinha :

“Um avião caiu no meio da selva, no coração da savana africana. Todos os passageiros sobreviveram. Mas, agora precisariam enfrentar um desafio ainda mais difícil: O grupo já começava a ser cercado, de longe, por leões famintos, que sentiam o cheiro de sangue fresco. Cada pessoa do grupo reagiu ao seu próprio modo. Alguns praguejavam, outros choravam, outros ainda pediam ajuda aos céus... Mas um rapaz entre eles teve uma reação única: colocou-se à parte, abriu sua mala (que ele tinha achado no meio dos destroços), pegou e vestiu sua roupa de ginástica e começou a se alongar. Os outros olharam para ele, incrédulos, e perguntaram: ‘O que deu em você? Está achando que vai conseguir correr mais do que os leões? Isso é impossível!’ – O rapaz olhou bem pra cara de todos, sorriu e respondeu: ‘Não, eu não pretendo correr mais do que os leões, eu sei que isso é impossível. O que eu vou tentar fazer é correr mais do que vocês!’”

Achou bonitinho? Eu não. Isso resume bem o pensamento que domina o nosso inconsciente coletivo nos dias de hoje: “Corra por si, salve sua pele e que se danem os outros”.

Na mesma hora em que ouvi essa historinha, fiquei com uma dúvida: Qual a fera mais terrível? O leão, que caça para sobreviver, seguindo seu instinto natural, ou o homem, que destroça impiedosamente seus próprios semelhantes, que ele considera como concorrentes na busca pelo tal "sucesso"? E também imaginei um final diferente para essa historinha ridícula.

Os leões são animais muito poderosos e velozes, exímios predadores por natureza, mas eles não têm o hábito de atacar grupos unidos, compactos. Quando caçam zebras ou antílopes, por exemplo, eles procuram sempre um animal desgarrado ou mais afastado do grupo, que é uma presa mais fácil. Quase todo mundo já viu isso no Discovery Channel... Às vezes, eles são capazes de rondar uma manada de grandes antílopes por dias, até que algum deles se distraia, e aí, ‘PUMBA!!’ – com um ataque fulminante, derrubam e matam o pobre. Então, o que acontece, na minha versão da historinha? Aí vai:

“O 'espertão' tentou sair correndo, crente que todos fariam a mesma coisa e que ele seria o mais rápido do grupo, salvando sua pele egoísta. Mas ele correu sozinho, e os leões foram atrás dele! Foi caçado e devorado. Quanto ao resto do grupo, que permaneceu unido, apesar do medo e da angústia, não foi atacado, já que é costume dos leões não atacar grupos unidos. Depois de algumas horas, foram salvos pela equipe de resgate."

Agora sim... não ficou bem melhor?

Precisamos mudar nossos paradigmas com urgência. A violência no mundo aumenta proporcionalmente ao aumento das absurdas desigualdades sociais. E é esse tipo de mentalidade que está nos levando ao caos. Por que um precisa ter 10 casas de luxo, se ele só pode morar em uma, enquanto milhares moram nas ruas ou vivem em condições sub-humanas?

O ser humano precisa voltar a se solidarizar com o seu próximo. Essa é a mensagem do nosso Cristo. Se hoje eu consigo “correr” mais do que os meus concorrentes, do que isso vai me adiantar, se amanhã o coitado que eu "deixei para trás" me vier assaltar, a mim ou a alguém da minha família? Precisamos aprender a trabalhar juntos, “coexistir” não é só admitir visões de mundo diversas, ser tolerante ou respeitar as diferentes opções de vida. Coexistir com dignidade, de verdade, é fazer a minha parte pelo bem de todos.

Chega dessa cultura absurda que classifica seres humanos em dois grupos: o dos “vencedores" e o dos “perdedores”. Lembre-se que a pessoa que está em último lugar poderia ter sido você!.. Além disso, alcançar uma boa posição na corrida da vida pode não depender só da dedicação de cada um: Se a vida é uma corrida, o que você faria, se tivesse nascido fisicamente incapacitado para correr?

Vamos competir menos e nos ajudar mais.

12.12.06

Mirko Filipovic "Cro Cop"

"Cro Cop" em ação


Esse aí no vídeo é o croata Mirko Filipovic "Cro Cop", considerado por mim, pelos fãs e pela crítica especializada, como o maior lutador do mundo na atualidade, e um dos maiores em todos os tempos, ao lado do russo Fédor Emilianenko.

Eu, que já pratiquei Karatê Kyokushin (luta de contato), Muay Thai e Kung Fu estilos "Shaolin Norte" e "Louva-a-Deus", como fã de artes marciais, também sou fã desse cara! Me identifico com ele em vários pontos, desde a personalidade até o estilo de lutar.

A luta para mim é uma catarse, um modo de "expulsar os bichos", extravasar a energia acumulada pela inércia dos dias modernos. Embora assistindo, assim, pareça uma coisa muito violenta, posso garantir que é só impressão. Claro que a "porradaria" rola solta, mas precisamos entender que esses caras são atletas hiper bem treinados, que têm seus corpos condicionados para absorver golpes, que sabem como cair sem se machucar, etc. Além disso, nas competições de "Vale-Tudo", não vale realmente "tudo". Elas são controladas por regras muito rígidas, os golpes não são permitidos em qualquer lugar do corpo e nos eventos há equipes médicas sempre de prontidão e tudo mais. Pra se ter uma idéia, o automobilismo e o motociclismo, por exemplo, são comprovadamente esportes muito mais perigosos.