1.10.08

Deitado eternamente em berço esplêndido


Brasil, o gigante adormecido, deitado eternamente em berço esplêndido.

Um país de palhaços idiotas, que ficam rindo à toa dos espertos que estão no poder, na direção e na situação.

Votaram, com 58 milhões de votos, num homem cheio de suspeitas, para ser novamente o presidente que ficou rico com seus amigos, e nos revelou a genialidade empresarial de seu primogênito legitimo que depois do pai presidente se tornou o multimilionário mais jovem do país.

Agora o melhor da palhaçada: os representantes do povo, os membros do congresso.

Como pode uma turminha, ou quadrilhinha, de apenas 694 pessoas, gastar para não fazer quase nada, um orçamento de 5.7 bilhões!?

Sabe quanto dá este gasto por pessoa? Não fizeram a conta?

Eu fiz esta conta. Cada representante de uma nação, onde o salário mínimo ainda é R$ 350,00 por mês, gasta a merreca de R$ 684.438,00 todos os meses, ou seja, 1956 salários de R$ 350,00!!

Esses são os representantes do povo.

Nós somos “o povo", e pagamos estes espertalhões este salário fabuloso.

Somos realmente uns idiotas e palhaços e é por isso que Hugo Chavez goza o Brasil o tempo todo e Moralez sempre leva vantagens contra o Brasil, e sai rindo daqui.

A China morre de rir.

O Chile que agora começa a montar carros chineses e vai entupir o mercado, morre de rir.

A União Européia, que com seus subsídios agrícolas toma o mercado brasileiro, vive rindo.

E os EEUU também com seus subsídios agrícolas e suas cotas industriais vivem rindo de nós.

A lógica deles é a seguinte:

Se estes bobos, vão às urnas e elegem estes espertos para serem seus representantes e pagam à eles para não fazerem nada, um salário de 1956 vezes o que ganham para trabalhar, temos mais é que aproveitar e ganhar a maior vantagem possível sobre eles.

O pior de tudo é que eles estão certos.

Uma das coisas mais fáceis nesse país, em especial no nordeste, é elogiar políticos. Como gostam! E fazem isso se pautando na democracia, quando deveria ser o contrário. Mas a questão que está em jogo não é a democracia. E muito menos se se deve ter ou não político. O que se discute ou se deve discutir, penso eu, é a quantidade de políticos e mais ainda, a qualidade da nossa classe política. E o que temos é uma quantidade enorme de políticos sem necessidade alguma, e pior, uma classe política de péssima qualidade.

Mas vou citar alguns exemplos para mostrar que a quantidade é algo monstruoso, alarmante nesse país. Fiquemos no chamado Congresso nacional. Esse ano, só esse ano, a Câmara federal irá gastar 3 bilhões de reais, e o senado 2 bilhões e 700 milhões de reais. Isso para muita gente não tem importância alguma. Dá mesma forma que a morte de uma criança barbaramente assassinada também não. Mas deveria ter. E pense bem: como 694 pessoas, que representam a quantidade de deputados federais mais a quantidade de senadores, gastam em um ano, um total de 5 bilhões e 700 milhões reais, mais do que um orçamento (o que se arrecada) de um Estado como o do Rio Grande do Norte que tem mais de 2 milhões de habitantes? Alguém me explica? Se isso não for um verdadeiro absurdo, o que seria então? Mas não nesse país, aqui, aqui tudo é normal. Rouba-se e ninguém vai preso. Mata-se e fica tudo por isso mesmo.

Vou oferecer outro dado. O sujeito que trabalha a sol e pino 35 anos de sua existência para ter direito a uma aposentadoria de 350 reais. E, no entanto, um senador da república se aposenta após um único mandato. Um deputado após três mandatos e um governador após um dia de trabalho, ou seja, após o dia da posse. Pode isso? É um escárnio para com o país. E são eles que fazem as leis. Como então defender isso? Como defender 694 pessoas e ficar contra uma sociedade inteira?

Logicamente que não há explicação. As explicações são as mais escusas. Mas tudo bem. E um país serio, é possível se dizer que existe corrupção sim, como querem dizer os defensores da insanidade, só que a lei se faz presente e põe na cadeia. Essa é a diferença. E aqui? Alguém poderia dizer talvez num gesto mais apressado: mais o povo não entende, não tem conhecimento nem cultura... Pois que tenha! No mínimo essas coisas têm que ser debatidas; afinal, numa sociedade em que as explicações vêm todas prontas, onde as normas são aceitas sem discussão, a tendência é, no mínimo, estagnar. Já onde existe o questionamento crítico, existe um principio interno de transformação. Pelo menos em tese.

Mas no fundo eu acho que não queremos entender, porque vivemos das migalhas dos políticos. Outros, nem tanto de migalhas e sim de muito dinheiro. Mas quem padece é a população. E lendo o romance do prêmio Nobel de literatura de 2006, o turco Orhan Panuk, “Neve", encontrei uma frase que cai como uma luva para a nossa condição, embora eu ache difícil com esse tipo de mentalidade que se mude nossa condição:

“Uma pessoa pode lastimar a sorte de um homem que passa por dificuldades, mas quando toda uma nação é pobre, o resto do mundo imagina que todo seu povo deve ser desmiolado, preguiçoso, sujo, e um bando de imbecis grosseiro. Em vez de inspirar piedade, esse povo provoca gargalhadas. Tudo passa a ser uma piada: sua cultura, seus costumes, seus usos...".

Nos bastaria pensar um pouco, de vez em quando.



Baseado em artigo do blog de Roberto Leite.