5.5.08

Milhares de Isabellas


A opinião pública encontra-se estarrecida com o monstruoso fato ocorrido no dia 29 de março último: uma menininha de apenas cinco anos foi estrangulada e depois atirada do 6º andar de um prédio; seu corpo ficou espatifado no solo.

Nestes últimos dias, jornais, revistas, rádios, TVs e sites estiveram abarrotados de reportagens sobre esse sinistro acontecimento na capital paulista. Estamos sendo bombardeados até exaustão com notícias que nos trazem todos os detalhes sobre o horrendo crime. E realmente todos qualificam tal crime como monstruoso e se perguntam: Quem matou Isabella Nardoni? Quem praticou tamanha crueldade? Por quê? E se foram os pais (pai e madrasta), tanto mais terrível este crime!

Tremenda insensatez – inexplicável incoerência

Nesse caso, seria clamoroso não denunciar uma atitude de flagrante incoerência da mídia e de incontáveis pessoas em nosso país nos dias atuais. - Refiro-me àquelas que, com toda razão, estão chocadíssimas com o assassinato da menina, mas que não ficam chocadas com o não menos brutal assassinato de crianças ainda no ventre materno!! É incompreensível que muitas pessoas, horrorizadas com a morte de Isabella, sejam favoráveis ao aborto, portanto à eliminação de pequenas e inocentes “Isabellas”, que nem sequer tiveram a oportunidade de ver a luz do dia!

Quantas “Isabellas” são diariamente assassinadas do modo mais desumano que se possa imaginar! Extirpar uma vida humana será sempre gravíssimo crime, não importando a idade da vítima: 5, 25 ou 50 anos; ou 5 meses, 5 semanas ou 5 dias de vida!

Ah, se um dia os jornais, revistas, rádios, TVs e sites popularess estiverem repletos de comentários contra assassinatos de bebês indefesos no útero materno... Isto sim seria um acontecimento memorável! Seria sem dúvida um evento muito importante para a restauração da civilização, neste mundo neobárbaro e neopagão em que vivemos.

Oxalá, proximamente, o Brasil inteiro — que se encontra horrorizado com o caso Isabella — viesse a se comover profundamente também com as incontáveis vítimas do aborto... Assim como se deseja a condenação dos responsáveis pela morte dessa criança, que também se exigisse a condenação dos responsáveis pela matança de crianças ainda no ventre de suas mães.

Ambos são crimes hediondos. Ambos devem ser lamentados profundamente, e não podem ficar impunes.


“Estão se queixando do cheiro de carne humana queimada”

Recente artigo de Carlos Heitor Cony (Jornal 'Folha de S. Paulo', 11-4-08), muito apropriadamente intitulado "Uma história repugnante", relata a pesquisa realizada por dois jornalistas ingleses, Michel Litchfield e Susan Kentish, sobre a indústria do aborto em Londres. Eles investigaram o que se passava nas clínicas abortivas, após a legalização do aborto na Inglaterra (com o 'Abortion Act' de 1967), e gravavam as conversas com os médicos. Com base na pesquisa, escreveram a clássica obra “Babies for Burning” (Bebês para queimar), editado pela Serpentine Press, de Londres.

Aqueles que desejarem adquirir tal obra em português, a encontrarão publicada pelas Edições Paulinas (São Paulo, 1985), com o título: Bebês para Queimar: a Indústria do Aborto na Inglaterra.

O referido artigo pode ser lido na íntegra aqui.

Transcrevo apenas alguns trechos:

“Os autores souberam, por meio de informações esparsas, que a indústria do aborto, como qualquer indústria moderna, tinha toda uma linha de subprodutos: a venda de fetos humanos para as fábricas de cosméticos. [...]

Contam os jornalistas: Quando nos encontramos em seu consultório, o ginecologista pediu à sua secretária que saísse da sala. Sentou-se ao lado de Litchfield, o que melhorou a gravação, pois o microfone estava dentro da sua maleta. O médico mostrou uma carta:

— 'Este é um aviso do Ministério da Saúde' - disse, com cara de enfado. - 'As autoridades obrigam a incineração dos fetos... não devemos vendê-los para nada... nem mesmo para a pesquisa científica... Este é o problema...'.

— 'Mas eu sei que o senhor vende fetos para uma fábrica de cosméticos e... e estou interessado em fazer uma oferta... também quero comprá-los para a minha indústria...'.

— 'Eu quero colaborar com o senhor, mas há problemas... Temos de observar a lei... As pessoas que moram nas vizinhanças estão se queixando do cheiro de carne humana queimada que sai do nosso incinerador. Dizem que cheira como um campo de extermínio nazista durante a guerra'.

E continuou: 'Oficialmente, não sei o que se passa com os fetos. Eles são preparados para serem incinerados, e depois desaparecem. Não sei o que acontece com eles. Desaparecem. É tudo'.

— 'Por quanto o senhor está vendendo?'

— 'Bem, tenho bebês muito grandes. É uma pena jogá-los no incinerador. Há uso melhor para eles. Fazemos muitos abortos tardios, somos especialistas nisso. Faço abortos que outros médicos não fazem. Fetos de sete meses. A lei estipula que o aborto pode ser feito quando o feto tem até 28 semanas. É o limite legal. Se a mãe está pronta para correr o risco, eu estou pronto para fazer a curetagem (método utilizado para se desmembrar um nascituro). Muitos dos bebês que tiro já estão totalmente formados, e até vivem um pouco antes de serem mortos. Houve uma manhã em que havia quatro deles, um ao lado do outro, chorando como desesperados. Era uma pena jogá-los no incinerador, porque tinham muita gordura que poderia ser comercializada. Se tivessem sido colocados numa incubadeira, poderiam sobreviver, mas isso aqui não é berçário. Não sou uma pessoa cruel, mas realista. Sou pago para livrar uma mulher de um bebê indesejado, e não estaria desempenhando meu ofício se deixasse um bebê viver (é um médico falando). E eles vivem, apesar disso. Tenho tido problemas com as enfermeiras, algumas desmaiam nos primeiros dias”.

Repugnante? Repugnante é pouco. Mas é a realidade das inúmeras clínicas abortivas nos países onde o aborto é legal: nascituros são desmembrados, têm seus membros arrancados de seus corpinhos, outros são extirpados do ventre materno ainda intactos e então incinerados ou simplesmente jogados na lata de lixo. Ou “comercializados”.

Mesmo assim, milhares de pessoas que estão escandalizadas com o "caso Isabella", entre eles muitos políticos e profissionais de mídia extremamente influentes, são favoráveis ao aborto! Até mesmo o líder de uma grande seita dita cristã, a quem chamam "bispo" Edir Macedo, se manifesta favoravelmente ao aborto. Isabella foi morta, sim, mas não incinerada ou jogada numa lata de lixo. Ela ao menos teve a chance de viver, ser feliz, e ao menos teve um enterro digno, graça de que são privados os bebês assassinados por mãos abortistas.

Encerro com uma oração não só pelas vítimas dos assassinos de todas as “Isabellas” da vida como também por todos os nascituros cruelmente destroçados por cruéis carrascos de branco, por ordem de suas próprias mães, como se fossem baratas : “Perdoai-os, Pai da Vida, eles não sabem o que fazem".


Baseado em um artigo de Paulo Roberto Campos.