30.5.07

A Esposa de Jesus

Do incrível blog "Garganta de Fogo", diretamente da incrível cabeça pensante de Yuri Vieira.

Meu amigo Daniel Chistino, que colabora n'O Garganta de Fogo, tem toda a razão: eu também sou um herege. Mas já que, além de ser herege, também sou presunçoso posso dizer: sou herege apenas para quem ainda não aceitou o novo upgrade da Revelação Divina, o que evidentemente é muito diferente da heresia de perverter a Tradição por não tê-la compreendido. Porque, engulam ou não engulam os ateus e agnósticos, e menos ainda as diversas espécies de crentes de não importa quais doutrinas tradicionais, Deus não pode se revelar por inteiro, duma só vez, a nós paupérrimos terráqueos. "Não atire pérolas aos porcos", já dizia nosso Mestre e Senhor deste Universo. Por isso, a Revelação, isto é, o download de informações, ideais, valores e conceitos divinos, só vai sendo feita na Terra aos poucos, de acordo com a capacidade de processamento médio das mentes mortais. O Corão já criticava, desde o século VII, aqueles que, ao ouvirem novas revelações, ousam dizer: "fábulas dos tempos antigos" (Corão 6:25). E olha que o Corão não passa de um patch de segurança para mentalidades tribais que ainda se encontram muito abaixo da visão de mundo judáica...

Bem, tudo isso é para dizer que não há nada mais ridículo, estúpido, canhestro e insensato que toda essa preocupação e balbúrdia em torno de O Código Da Vinci, de Dan Brown. Protestar contra esse livro? Exigir sua proibição? Ou ainda pior: dar-lhe um crédito para além da categoria entretenimento? É incrível como as pessoas dão atenção às coisas erradas. Dá pena. Mas, por outro lado, preciso dar um desconto: não seria eu mesmo engambelado por essa história boba caso não tivesse feito meu próprio upgrade da Revelação? Afinal, nada parece mais imprescindível, para o homem de mente rasteira, que a necessidade de enfiar o pau numa vagina antes de cair morto. Ou ainda: antes de que seja crucificado até a morte. Logo, é impensável, para esse escravo da "cabeça de baixo", que alguém tão inteligente, fantástico e superior como Jesus Cristo também não o tenha feito. "Ah, ele comeu 'com certeza' a Maria Madalena, já que, em sua época, devia ser a mais inteligente, caliente e interessante mulher das redondezas..." Bem, diante de A Última Tentação de Cristo e, mais ainda, diante da antiga sociedade secreta que se criou em torno da idéia de que o Graal era o útero da Madalena (puts!), nada nesse livro é novidade. Menos novidade ainda é essa tendência, da mente rasteira, de não conseguir avaliar certos conceitos e categorias a não ser rebaixando-os ao nível material, ao mundo palpável e aparentemente sólido. Aliás, é incrível a quantidade de livros e filmes de ficção onde o sobrenatural é sempre um problema a ser resolvido, ou até mesmo difundido, por mecanismos puramente materiais. Como se este mundo estivesse acima de todos os demais. São tantos os exemplos que nem me darei ao trabalho de citá-los. No caso presente, que é o cúmulo dos exemplos possíveis, a idéia da imortalidade do Cristo é vinculada à perpetuação dos genes de Jesus através de seus descendentes. Seria cômico - não fosse patético.

Antes de mais nada, sim, Jesus foi tentado de todas as formas que conhecemos. Sim, chegou a se deparar com a questão dum possível matrimônio, mas não com Maria Madalena, e sim com Rebeca, a filha de Esdras, que, mesmo não tendo sido aceita como esposa, o seguiu até a crucificação. Enfim, Jesus não casou com ninguém, não comeu ninguém, ponto. E isso não porque fizesse parte do staff do Casseta & Planeta, ou porque fosse um monge assexuado, mas simplesmente porque tal escolha nada tinha que ver com sua missão na Terra. Além disso, vale lembrar, antes mesmo de que o globo terrestre se formasse, já era Ele um "homem" casado. Ria se quiser. A questão é que, quando se tornou o Filho Criador do Universo, o Cristo aceitou como consorte uma Filha direta da Terceira Pessoa da Trindade, o Espírito Infinito (ou Santo). Sua esposa, portanto, não é outra senão o Espírito Materno do Universo, que o auxilia na administração espiritual dos seus domínios, sendo também ela o ponto de conexão dos circuitos de influência espiritual do Universo Mestre com o Universo Local, e deste com os diversos mundos que o conformam. Se Cristo não traiu ao Pai Celestial, muito menos trairia sua amada consorte.

Enfim, que os neurônios dos que vêem algo mais que entretenimento no livro de Dan Brown queimem no inferno cerebral de sua própria manezice. Cansei de vocês. :-P

26.5.07

Beautiful Day - U2

Que todos os seus dias sejam lindos. E principalmente, que você possa ver todos os seus dias, entre bençãos e aprendizados, como eles realmente são: Lindos!

24.5.07

O Que Está Por Trás da Mania de Caluniar a Igreja Católica?

Do (excelente) blog "O Eu".

Eu estudo esoterismo, estudo misticismo etc. E pariticipo de listas de discussão a respeito do assunto. Para algumas pessoas destas listas, o esporte preferido é caluniar a Igreja Católica. Vejam, não é apenas falar mal, ressaltando os erros conhecidos do Clero Romano. Não... É caluniar de forma vil, deturpando informações, e transformando os erros em uma espécie de mal absoluto. Para isso são utilizados os mais diversos subterfúgios e os mais envelhecidos clichês. Quando vc diz pra essas pessoas que não é bem assim, elas te fazem de cúmplice de, nada mais nada menos, qualquer espécie de genocídio com o qual elas culpam a Igreja, e que obviamente só existiu na cabeça delas mesmas. Se você debate com elas, mostrando a mediocridade de suas idéias, elas tomam isto como uma ofensa pessoal, e de narizinho empinado escapam da discussão, alegando que estão ofendidas. Este ponto será tema de um post futuro meu, o quanto não se tem uma tradição de debate neste país, o quanto as pessoas encaram críticàs às suas idéias como críticas à sua pessoa. Mas o meu tema é outro no momento.

Não sou católico. Mas andei pensando no porque de tal ódio. Uma coisa que venho reparando é que a maioria dos caluniadores, os chamemos assim, pertencem a correntes que se definem como neopagãs. Nada contra o "neopaganismo", seja lá isto o que for. Acho a cultura céltica linda(geralmente é isto o que se entende por paganismo), embora morta. Mas nada impede que se faça uma releitura da mesma, é até bom que se faça, mesmo. Mas não é preciso encarnar o druida. Não é preciso agir como se dois mil anos não tivessem se passado. Mas, imerso neste mar de pensamentos, me dei conta que a questão não era só o Catolicismo. Pra certas pessoas destas correntes, e notem que eu não estou generalizando de propósito, a questão é mais ampla. Elas abominam é o Cristianismo, ou o que elas pensam que seja o Cristianismo. Ora, este é um problema bem mais complexo. Quando eu montei o quebra cabeças descobri que há uma regressão aqui. Certas pessoas estão se infantilizando espiritualmente, no sentido estrito do termo. O que eu quero dizer com "infantilizando"? Bem, para isto vou ter que falar um pouco sobre a origem e o desenvolvimento das religiões, para ver o que o Cristianimos trouxe de novo, que provavelmente atormenta o inconsciente destas pessoas.

Ainda na primeira metade do século XX, os estudiosos dedicados a História das Religiões e Religião comparada chegaram à conclusão de que existia um monoteísmo primitivo. O fundamento da imensa maioria das religiões tribais primitivas é a concepção de um deus celeste supremo, origem de toda lei, ordem, moral, para sempre onisciente e transcendente. Mas justamente por ser transcendente, este deus parecia, segundo estas sociedades primitivas, incapaz de atuar nos assuntos humanos. Como um deus tão perfeito e transcendente poderia, afinal, se preocupar com os assuntos cotidianos das pessoas? A partir daí, os homens passaram a venerar, a cultuar, cada vez mais, os poderes naturais, que bem controlados, poderiam ser utilizados de maneira utilitária para resolver os problemas dos homens sobre a terra. Assim , os poderes naturais, cósmicos, passam a ser divinizados, e estudados, numa busca do homem pelo controle de um mundo que lhe parecia caótico e perigoso. O deus celeste supremo foi sendo praticamente esquecido, o seu conhecimento e culto foi sendo deixado de lado, e suas funções sendo reduzidas.

Uma das maneiras de "salvá-lo" do completo esquecimento foi transformá-lo em um deus fecundante. Ou seja, ele deixava de ser um Céu transcendente, impassível, onisciente; e se transformava em uma céu mais físico, cuja função era fecundar a Terra, sendo esta a metáfora inicial do próprio cosmos, da própria vida, aquela que gera e nutre os seus filhos com seu próprio corpo. Ou seja, a Deusa, a Mãe e amante primordial, o porto seguro no qual o homem podia aliviar o seu medo, os braços que, supostamente sem nada exigir (a não ser o prolongamento de sua infância), o protegeria e acalentaria. Os homens deixaram de lado, assim, a transcendência, se apegando às sutis forças cósmicas, e de certo modo tornando-se servos delas. Porque, afinal, uma vez colocando-se sob o guarda chuva meramente cósmico, a humanidade não pode mais contrariar estes poderes. Para viver bem, passava a ser necessário se harmonizar com estes princípios, evitando desobedecê-los. O caminho natural deste pensamento foi a crença no determinismo absoluto das "Leis Naturais", a negação da liberdade humana. Liberdade era obediência à lei, seja esta cósmica, física ou social. O homem era mais um ser do mundo, e a este mundo ele devia se integrar, mantendo o seu cordão umbilical ligado para sempre á Grande Mãe.

Eis que um movimento de retorno, de ruptura com a mentalidade acima descrita se fez ouvir. De Akhenaton, passando por Moisés, Zoroastro e os filósofos gregos, até Jesus e Maomé, a voz da Revelação clamou dos telhados. O eternamente silencioso Verbo divino falou por meio dos seus profetas e proclamou estrondosamente: Deus é UM. O monoteísmo era recordado às consciências, o sentido de transcendência recolocado como corolário da experiência humana. O céu não era mais apenas um fecundador, um céu imanente e mundano, mas voltava a ser a própria transcendência, o próprio Absoluto, Luz de toda sombra que, em nossa ignorância, chamamos de luz. Deus é Um, "Jahvé reina para além dos três véus da existência negativa, seus caminhos não são os nossos caminhos, seus pensamentos não são os nossos pensamentos", transcendência final e original, do qual nada pode ser dito de maneira clara, porque esse Alfa e Ômega é a própria claridade absoluta.

Mas a pergunta voltava a se impor: Sendo assim , como tal divindade pode se preocupar com os destinos humanos? A especificidade da resposta foi dada pela tradição que vem de Akhenaton até Jesus, e afirma: A alma do homem é a alma de Deus. O homem não é mais um ser no cosmos, mas o Homem Primordial (o Adão) é o próprio molde deste cosmos, e portanto transcendente a ele. É este Homem primordial, fôrma do cosmos, que é o cerne de toda individualidade humana concreta. Em outras palavras, o Homem, cada homem, é imagem e semelhança de Deus, e o cosmos imagem e semelhança do Homem. Por meio da conexão com sua própria alma, o homem pode se elevar até Deus, para além do próprio mundo, redescobrindo que é filho do Absoluto e não meramente da Terra. "Deus é amor", afirmou o Apóstolo, demonstrando que Deus vem até os nossos assuntos cotidianos, porque ele é o próprio fundamento do homem enquanto ser, ele está presente no próprio coração de cada homem, como alma pessoal. O Deus absoluto e transcendente, se transforma, no homem, em Deus Pessoal. Integrando-se ao Celeste, o homem poderia então conduzir a própria Terra, justamente porque vê para além dela mesma.

Uma vez lembrando sua filiação divina, integrando-se não no Mundo e sim na Ordem transcendente (Logos) que dá sentido a este mesmo mundo, o homem, como filho de Deus, pode elevar-se de novo ao posto de Senhor do Cosmos, Senhor do Mundo.Não o domina, mas direciona suas forças em nome do Sentido que consegue contemplar na Ordem transcendente.Não se submete ao mundo porque está para além dele. A liberdade humana não só existe, como só é limitada pelo próprio Absoluto. Religando-se com sua própria alma, o homem tem contato Direto, sem intermediários sociais, físicos e cósmicos com a própria transcendência, recuperando seu estado adâmico, e podendo dizer "Eu e o Pai somos UM".

E Então encontramos a resposta para a nossa questão inicial: eis que os milênios passam, e mais uma vez a humanidade esquece de sua transcendência, sofrendo uma regressão uterina, deixando de contemplar o Céu transcendente, para se afogar nas correntes caudalosas e polares do mundo meramente imanente. Mais uma vez o homem se esquece da relação direta entre sua alma e o Absoluto, tornando-se órfão, deixando o Paraiso, e caindo na maldição da morte. Sem o Absoluto, que a harmoniza, a imanência se torna caótica. Sem o Deus uno, a Terra torna-se maldita e estéril. O homem retorna simplesmente ao pó, já que renega o sopro divino em suas narinas que o coloca acima do barro do cosmos.

Diante de tão preocupante constatação eu elevo minha voz em oração, e humildemente peço: Deus que minha compreensão alcança, Deus transcendente para sempre presente em cada coração humano, que teus filhos consigam, por trás das trevas momentâneas que nublam as suas visões, manter para sempre acesa em si mesmos, a chama do Sagrado Fogo que proclama em letras flamejantes Tua Verdade e Unidade.

André Luiz VBT dos Reis